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Educação e Saúde

Tecnologia social da FAS voltada à saúde e educação de crianças ribeirinhas concorre a prêmio nacional

DiaDasCrianças | Programa Primeira Infância Ribeirinha, da FAS, auxilia atendimento à população de 0 a 6 anos, período essencial ao desenvolvimento humano

A fase da vida de 0 a 6 anos, chamada de primeira infância, é de extrema importância para a formação das estruturas física e psíquica de um ser humano. Mais de 70% do cérebro de um adulto comum é desenvolvido nessa época e aspectos como cognição e sociabilidade são todos estruturados nesse estágio. Da gestação até o crescimento, a alimentação, as primeiras palavras, os primeiros passos, novos aprendizados… são vivências essenciais e de consequências à vida toda.

Também é nessa fase que as crianças estão mais suscetíveis a vulnerabilidade como limitações, violências e estresses. A falta de um cuidado adequado à saúde e à educação dos pequenos nesse tempo de vida são irreversíveis.

Se esse zelo é essencial a crianças que vivem num contexto urbano, para aquelas moradoras do interior do Amazonas, como em comunidades ribeirinhas, é ainda mais urgente. Desafios como distância geográfica e escassez de serviços básicos demandam uma abordagem diferenciada com as crianças ribeirinhas.

Pensando nisso, a Fundação Amazonas Sustentável (FAS) vêm promovendo desde 2012 o Programa Primeira Infância Ribeirinha (PIR), com objetivo de levar assistência integral a crianças amazonenses na faixa etária de 0 a 6 anos de idade residentes de comunidades situadas em Unidades de Conservação. Hoje, a iniciativa atinge mais de 10,7 mil crianças, sendo esse um dado parcial de 2019, nos perímetros dos municípios de Maraã, Novo Aripuanã, Itapiranga, Tefé e Uarini.

Dentro do programa, agentes comunitários que prestam atendimento em saúde e educação a esse público são capacitados para fazer um acompanhamento integral às crianças de 0 a 6 anos, tendo como apoio uma metodologia própria inspirada em políticas do Ministério da Saúde relacionadas à primeira infância.

Além disso, no programa também é usado um aplicativo mobile, desenvolvido pela Samsung e pelo Instituto de Tecnologia do Norte (ITN), que reúne, num só lugar, todo o conteúdo necessário ao atendimento à primeira infância, desde um guia de visitação domiciliar até informativos e metodologias corretas sobre educação e saúde.

A gestação do bebê, o apoio às mães, o nascimento da criança, a amamentação, cuidados com água e higiene pessoal, dicas para evitar acidentes domésticos, prevenção a doenças, relacionamento familiar, desenvolvimento da fala e da cognição estão contemplados no aplicativo.

“Os agentes comunitários são os olhos da saúde nessas comunidades, atuam em campanhas de vacinação, estão dentro da casa das pessoas lidando com a saúde delas. Porém, infelizmente, a saúde na primeira infância não recebe a devida importância”, explicou a analista técnica do programa, a nutricionista Franci Lima. “Nosso objetivo é formar os agentes comunitários de saúde para dar um melhor atendimento desde a suspeita da gravidez até os 6 anos, fortalecendo o vínculo entre os pais e a criança, que muitas vezes é deixado de lado”.

Reconhecimento nacional

Tal metodologia usada no Programa Primeira Infância Ribeirinha foi reconhecida recentemente pela Fundação Banco do Brasil (FBB) como uma tecnologia social transformadora. O programa ganhou um selo e também foi selecionado como um dos três finalistas do Prêmio FBB de Tecnologia Social 2019 na categoria Primeira Infância, concorrendo com outras duas iniciativas desenvolvidas no país com foco na população de 0 a 6 anos, o Programa Municipal de Aleitamento Materno PRÓ-MAMÁ, da Prefeitura Municipal de Osório, no Rio Grande do Sul, e o Visitação Domiciliar na Primeira Infância, da Secretaria da Saúde de Porto Alegre, também no Rio Grande do Sul.

O anúncio do vencedor do prêmio acontece na próxima quarta-feira (16), na sede da FBB em Brasília. O primeiro lugar leva R$ 50 mil, o segundo R$ 30 mil e o terceiro R$ 20 mil. “Essa certificação e a indicação ao prêmio prova o quanto a metodologia da FAS impacta positivamente nos locais onde nós atuamos, levando melhoria na organização do sistema de saúde local e na sistematização das visitas domiciliares em saúde, com os agentes atuando de forma preventiva”, disse Franci Lima. “Fazemos tudo com muito esforço e dedicação, com apoio dos agentes, das prefeituras municipais e, claro, das famílias”.

Ao todo, crianças de mais de 8oo famílias são beneficiadas pelo Primeira Infância Ribeirinha, e cerca de 308 agentes comunitários foram capacitados desde então. “Investir em crianças é investir no futuro da Amazônia. O PIR é fundamental para levar educação e saúde na fase mais crítica da vida das pessoas, que é o período de 0 a 6 anos, onde toda a capacidade de raciocínio e inteligência cognitiva é formada. Serão essas crianças que no futuro estarão tomando decisões fundamentais para o futuro da Amazônia”, ressaltou o superintendente-geral da FAS, Virgílio Viana. “O reconhecimento pela FBB só reforça a importância de desenvolver soluções inovadoras como essa para o desenvolvimento sustentável da região”.

Sobre o prêmio

Realizado a cada dois anos desde 2001, o Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social tem o objetivo de identificar, certificar, premiar e difundir tecnologias sociais já aplicadas e que proponham soluções de problemas relativos à educação, saúde, meio ambiente, energia, habitação, recursos hídricos e renda em todo o país. Podem participar instituições de direito público ou privado sem fins lucrativos.

Em nove edições, mais de 7 mil iniciativas se inscreveram e mais de R$ 4,1 milhões foram concedidos em prêmios aos vencedores para aprimoramento das tecnologias sociais. As iniciativas inscritas, além de já serem reconhecidas como tecnologias sociais pela FBB, passam a fazer parte de um banco de dados composta por 1110 instituições. Neste ano 24 tecnologias sociais concorrem ao prêmio em oito categorias: inovação digital, educação, geração de renda, meio ambiente, gestão comunitária, mulheres na agroecologia, primeira infância e categoria internacional.

Sobre a FAS

A Fundação Amazonas Sustentável (FAS) é uma organização brasileira sem fins lucrativos e sem vínculos político-partidários que tem por missão fazer a floresta valer mais em pé do que derrubada, promovendo ações de desenvolvimento sustentável e de melhoria de qualidade de vida dos povos que vivem na floresta. Por meio de programas e projetos, a FAS impacta a vida de cerca de 40 mil pessoas em 16 Unidades de Conservação do Estado, em cooperação com a Sema e apoio do Fundo Amazônia/BNDES, Samsung, Bradesco e Coca-Cola Brasil.

Jovem ribeirinha apoiada pela FAS terá documentário exibido em evento da ONU em NY

 Nascida na RDS Rio Negro e beneficiada com diversas ações promovidas pela FAS, Odenilze Ramos, de apenas 22 anos, assina o filme “Cipó de Jabuti”, com histórias de comunidades da Amazônia

Nascida na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Rio Negro, em Iranduba, no Amazonas, a jovem liderança ribeirinha Odenilze Ramos, de apenas 22 anos, terá um documentário produzido por ela sendo exibido para chefes de Estado na Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), em Nova York. O filme, chamado “Cipó de Jabuti”, narra histórias das comunidades da Amazônia e é fruto do trabalho da jovem em parceria com mais dois coautores. Ela recebe apoio da Fundação Amazonas Sustentável (FAS).

Estudante de Gestão Pública, ativista socioambiental e integrante do Projeto Jovens Protagonistas, implementado pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema) na RDS do Rio Negro, Odenilze esteve envolvida no processo de apoio à elaboração do roteiro do curta-metragem. Por ela ser amazônida, usou a própria história de criação em sua comunidade para apresentar a Amazônia por meio do olhar da sua gente, trazendo as pessoas e histórias de ribeirinhos como parte fundamental da floresta.

O documentário assinado por ela é um dos nove projetos selecionados para serem exibidos na ONU. “Eu falo da Amazônia como não sendo somente uma causa, e sim como minha casa. O documentário surgiu a partir de um incômodo da minha parte de ver que existe muita gente falando de uma Amazônia que nem sempre é real, e da visão restrita da floresta como sendo só a maior floresta tropical do mundo e esquecendo a principal parte: as pessoas. Queremos contar a história da gente daqui, pessoas da Amazônia falando sobre a Amazônia”, contou a ativista ambiental.

Documentário

Lançado no dia 12 de agosto, o minidocumentário em realidade virtual “Cipó de Jabuti” foi gravado no coração da Floresta Amazônica, dentro da RDS do Rio Negro, uma das 42 Unidades de Conservação (UC) gerenciadas pela Sema e uma das 16 UCs onde a FAS promove ações de conservação ambiental, desenvolvimento sustentável e melhoria de qualidade de vida de populações. A história do curta-metragem narra o cotidiano das comunidades ribeirinhas do Rio Negro, enfatizando como a população local garante um bem-viver entre as pessoas e o ecossistema ao redor delas.

O minidocumentário aborda os temas de sustentabilidade, redução de desigualdades e conservação de tradições regionais. É um trabalho cuja coautoria é compartilhada entre Odenilze Ramos, Rafael Bittencourt e Guilherme Novak, em parceria com membros da Comunidade Global Shapers de todo o Brasil.

Liderança jovem ribeirinha

Com apenas 22 anos, a jovem Odenilze Ramos nasceu e cresceu na comunidade Carão, na RDS do Rio Negro, e, desde a adolescência, participa de projetos de empoderamento comunitário e formação de lideranças jovens na floresta, como os desenvolvidos pela FAS, entre eles Repórteres da Floresta, Intercâmbio de Saberes, Incenturita, Escolas D’Água, Jornada Amazônia, Jovens Indígenas, Agroflorestal, Encontro de Empreendedoras Indígenas, Encontro do Instituto Liberta, Amazon Summer School, Workcamp e Pagamento por Serviços Ambientais (PSA).

Atualmente, Odenilze é uma das mobilizadoras do Projeto Jovens Protagonistas, implementado na RDS do Rio Negro pela Sema, com recursos do Programa Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa).

Em um dos seus mais recentes projetos, ela e outros jovens moradores da Unidade de Conservação criaram um manifesto que deu origem ao movimento “Somos Filhos da Floresta”, com objetivo de falar da relação entre a exploração e a desigualdade social na Amazônia a partir da ótica de quem mora e conhece a realidade local. O movimento “Somos Filhos da Floresta” se originou durante a participação de Odenilze e de outros jovens ribeirinhos no evento Intercâmbio de Saberes.

Vaquinha online

Para representar a Amazônia pessoalmente na Assembleia Geral da ONU, em Nova York, uma vaquinha online foi criada para arrecadar fundos para custear a viagem internacional. A meta é angariar R$ 7 mil. O link para doação é https://www.vakinha.com.br/vaquinha/odenaonu.

*Com informações da assessoria de imprensa da Sema

FAS seleciona prestador de serviço em Pedagogia para formação de professores

A Fundação Amazonas Sustentável (FAS) está selecionando um profissional prestador de serviço na área de Pedagogia para atuar num projeto […]

A Fundação Amazonas Sustentável (FAS) está selecionando um profissional prestador de serviço na área de Pedagogia para atuar num projeto de formação de professores de Ensino Fundamental da rede pública municipal rural dos municípios de Tefé, Coari, Uarini e Maraã, dentro do Projeto Amazonas Sustentável (PAS).

Para participar, o profissional deve ter experiência prévia com educação do campo e disponibilidade para viagens para o interior do Amazonas. Confira o edital completo com mais informações sobre esta oportunidade aqui.

O prestador de serviços deverá comprovar que possui certificados de cursos relacionados à Pedagogia e educação do campo. As propostas de valor com currículo deverão ser encaminhadas para o correio eletrônico rh@fas-amazonas.org no período 11 a 14 de setembro. No título da mensagem de e-mail deve constar “Prestação de serviços Pedagógicos”.

FAS divulga balanço de projetos apoiados pelo Fundo Amazônia

Eficiência no gasto com pessoal e 100% de prestações de contas aprovadas sem ressalvas são destaques. Os projetos beneficiam 39.546 pessoas e 9.540 famílias moradoras de 16 Unidades de Conservação (UC) no Amazonas

Considerando o atual debate sobre o Fundo Amazônia, a Fundação Amazonas Sustentável (FAS) divulga os resultados de seus projetos desenvolvidos com apoio do fundo. Dentre os destaques estão o baixo gasto com pessoal e a aprovação, sem ressalvas, de todas as prestações de contas pela Pricewaterhouse & Coopers (PwC), uma das auditorias mais respeitadas do mundo.

No Programa de Desenvolvimento de Comunidades apenas 22% dos recursos foram destinados para folha de pagamento. Tal programa, implementado entre 2010 e 2019, levou ações de geração de renda sustentável e empoderamento comunitário para 39.546 pessoas e 9.540 famílias moradoras de 16 Unidades de Conservação (UC) no Amazonas.

Em setembro de 2019 a execução do projeto alcançou 97%, aplicados em atividades que ajudam a proteger uma área de floresta de 10,9 milhões de hectares. Ao todo, 581 comunidades são atendidas.

Como resultado, houve ainda a redução de 63% no desmatamento nessas áreas e o aumento de 244% da renda média das famílias participantes. A fonte dos dados são o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e avaliação independente da Bain & Company.

Prestações de contas aprovadas

Além de ter 100% das prestações de contas aprovadas sem ressalvas pela Pricewaterhouse & Coopers (PWC), a FAS também encaminhou suas demonstrações financeiras para o Ministério Público do Estado do Amazonas (MPE-AM).

Os projetos do Fundo Amazônia também passaram por auditorias independentes, dentre elas a do Tribunal de Contas da União (TCU), que fez menções elogiosas ao trabalho desenvolvido, bem como do próprio Governo da Alemanha.

Confira principais destaques

– 22% de gasto com remuneração de pessoal
– 63% de redução desmatamento
– 244% de aumento da renda das famílias participantes
– 39.546 beneficiários
– 581 comunidades atendidas
– 97% de execução do orçamento em setembro de 2019
– 100% das prestações de contas auditadas pela PwC, sem nenhuma ressalva

Relatório de Atividades

Para saber mais sobre os resultados das atividades promovidas pela FAS, acesse a versão virtual do Relatório de Atividades 2018 através deste link.

Sobre a FAS

A FAS é uma organização não-governamental sem fins lucrativos que promove ações de conservação ambiental, desenvolvimento sustentável e melhoria de qualidade de vida de populações indígenas e ribeirinhas no Amazonas que vivem em Unidades de Conservação.

Livro com termos e expressões faladas por ribeirinhos é indicado a prêmio nacional de patrimônio cultural

O livro “Fala Beiradão” tem a assinatura de 150 crianças, adolescentes e adultos atendidos pela FAS | Foto: Keila Serruya

Fala Beiradão”, publicação desenvolvida dentro de programa de educação da Fundação Amazonas Sustentável (FAS), reúne mais de 60 palavras oriundas do vocabulário de comunidades no interior do Estado

– Menino, já deu comida para as galinhas?

– In já mãe!

– Mas é bacabeiro heim!

Você conseguiu entender o diálogo acima? E o significado das expressões “in já”* ou “bacabeiro”*? Não? Talvez só quem vive, convive ou frequenta os beiradões dos rios da Amazônia o dominem! São exemplos do vocabulário da população ribeirinha do Amazonas e que agora estão reunidos num livro, o “Fala Beiradão”, desenvolvido pela ONG Fundação Amazonas Sustentável (FAS) e pelo Instituto Altair Martins (Iamar) e que foi indicado a um prêmio nacional de patrimônio cultural, o Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade, organizado pelo Iphan, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

Puro exemplo do rico léxico dos “caboclos” do Amazonas, o conjunto de palavras organizado no livro foi coletado durante cerca de um ano, por meio de visitas feitas às comunidades ribeirinhas dentro das ações do Programa de Educação e Saúde (PES) da FAS. Ainda não publicado, o livro não é apenas um dicionário, mas sim um atlas. São 180 páginas onde é possível encontrar 60 termos e expressões faladas pelos ribeirinhos, significados e exemplos de uso, e também fotografias, mapas e informações socioambientais sobre as regiões e as comunidades onde vivem essas populações, a fauna e flora do lugar, além de ilustrações produzidas por crianças e adolescentes atendidos pela ONG.

Foto: Keila Serruya

Foto: Keila Serruya

O livro “Fala Beiradão” tem a assinatura de 150 pessoas, 150 crianças, adolescentes e adultos atendidos pelo Projeto de Incentivo à Leitura e Escrita, o “Incenturita”. A organização é do biólogo e arte-educador Emerson Pontes, técnico do Programa de Educação e Saúde. “Começamos a circular nas comunidades já com esse olhar, com direcionamento de fazer registro desses termos e expressões faladas por eles, muitas inéditas. Reunimos todas as pessoas numa roda e perguntamos ‘o que você diz e fala que causa estranheza?’ E eles falavam. Alguns riam das expressões ditas pelos outros quando não conheciam e era um momento interessante de partilha de saberes”, explicou Pontes.

Os 150 autores do livro vivem espalhados em 40 comunidades ribeirinhas situadas em quatro Unidades de Conservação (UC) onde a FAS atua: a Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) de Anamã, que abrange os municípios de Codajás, Coari, Maraã e Barcelos; a RDS do Juma, que abrange o município de Novo Aripuanã; a RDS Rio Negro, que abarca Iranduba, Manacapuru e Novo Airão; e a Área de Preservação Ambiental (APA) Rio Negro, situada entre os territórios de Manaus, Presidente Figueiredo e Novo Airão.

Em todas essas localidades a FAS promove conservação ambiental, desenvolvimento sustentável e melhoria de qualidade de vida de povos tradicionais, incluindo ações de educação. “O saber tradicional detém uma série de vocabulários riquíssimos frutos de uma extensa diversidade linguística do povo. Por meio desse projeto a gente quer valorizar esse saber tradicional e fazer com que as comunidades não só se reconheçam como detentoras desse patrimônio como também se tornem promotoras do desenvolvimento sustentável e da conservação da floresta. Ficaremos muito felizes se tudo isso for reconhecido pelo Iphan”, ressaltou Virgílio Viana, superintendente-geral da FAS.

Foto: Dirce Quintino

Diferentes expressões

A imensidão do Amazonas e a distância geográfica entre as comunidades foram, inclusive, percebidas durante a coleta dos diferentes termos e expressões para o livro. Segundo Emerson Pontes, algumas palavras eram de uso exclusivo do léxico de determinadas populações, ou seja, desconhecidas por outras comunidades situadas há algumas horas de distância. “Há uma grande riqueza sociolinguística entre e dentro dessas comunidades, oriunda de toda a matriz linguística da Amazônia, de origem indígena, portuguesa, quilombola e até nordestina. Tem comunidade com uma hora de barco que não conhece os termos falados ‘lá de cima’. E essas diferenças ficaram acentuadas no livro”.

Uma das principais referências para a elaboração do livro “Fala Beiradão”, inclusive, foi a obra do escritor amazonense Sérgio Freire, o “Amazonês”, de 2012, que também reúne termos e expressões usadas pelos amazonenses, mas principalmente aqueles falados na capital, Manaus, e nas sedes dos municípios. “A referência foi sim o ‘Amazonês’ de Sérgio Freire, mas o ‘Fala Beiradão’ é diferente por alcançar uma escala mais profunda, as comunidades ribeirinhas. Tem muitos termos já citados no ‘Amazonês’, mas tem outros inéditos e ainda não cobertos pela escala geográfica. Imergimos no vocabulário dessa Amazônia profunda”, disse Emerson.

Outra característica de destaque é que o livro “Fala Beiradão” é a primeira obra com termos e expressões inteiramente escrita por jovens ribeirinhos. “Isso é inédito. Isso tudo já existe ali e o trabalho se propôs a olhar para essa riqueza e esse patrimônio cultural tão autêntico e espontâneo que é a linguagem, que revela a identidade desses lugares, que tem relação com a autoestima deles e que é do jeito que elas e eles falam, sem precisar a se adequar a qualquer espaço”, disse. “Para Manaus, as cidades ou qualquer outro espaço que não seja aquele, é importante aprender sobre como se fala lá, é um processo de conhecer o próprio povo e descolonizar certas práticas. Quando eu aprendo mais sobre o meu espaço, eu passo a também valorizar”.

‘Fala Beiradão’

Com 180 páginas, o livro “Fala Beiradão” é editorado pela FAS e tem assinatura de 150 pessoas. É organizado por Emerson Pontes, tem coordenação geral de Virgílio Viana e prefácio do escritor amazonense Jan Santos, autor de diversas obras focadas em fantasia e lendas amazônicas. As fotografias são de Dirce Quintino, Bruno Kelly, Keila Serruya, Marina Amazonas e Emerson Pontes. A capa e o projeto gráfico são do designer Bosco Leite e as ilustrações de crianças e adolescentes ribeirinhos. Instituto Iamar, Bradesco, Samsung, Fundo Amazônia e Coca-Cola são mantenedores da publicação.

Prêmio Rodrigo 2019

O Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade 2019 é a maior premiação do patrimônio cultural brasileiro e é organizado do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em Brasília. Ao todo, 323 projetos foram inscritos em todo país e 99 passaram para última fase. O resultado final do concurso deverá ser divulgado até 5 de setembro. Cada premiado receberá um valor de R$ 30 mil. O nome do prêmio faz referência ao advogado, jornalista e escritor brasileiro que comandou o Iphan e foi responsável por importantes medidas para preservar o patrimônio histórico e cultural do Brasil enquanto esteve à frente do órgão.

Educação e Saúde

O Programa de Educação e Saúde da FAS tem objetivo de promover o direito à educação, saúde e cidadania em comunidades ribeirinhas situadas em Unidades de Conservação do Amazonas e implementa um conjunto de projetos e iniciativas para promover o acesso a uma educação de qualidade, à formação profissionalizante e à atenção básica de saúde nas UCs. O programa tem apoio da Samsung Brasil e do Bradesco.

*“In já” é uma expressão usada para dizer que algo já foi feito.

*“Bacabeiro” significa pessoa mentirosa.

FAS e projetos apoiados pela Petrobras plantam 4,6 mil mudas de espécies ameaçadas em todo o Brasil

No Amazonas, 300 mudas de castanheira, cacau, açaí, cupuaçu e acerola foram plantadas na comunidade Punã, na RDS Mamirauá, zona rural de Uarini.

A Fundação Amazonas Sustentável (FAS), em conjunto com 17 projetos patrocinados pela Petrobras, plantaram nesta quarta-feira (17) cerca de 4,6 mil mudas de espécies ameaçadas em várias regiões do país. O Projeto Amazonas Sustentável, desenvolvido pela FAS, foi responsável pelo plantio de 300 mudas de espécies nativas da Amazônia, na comunidade Punã, na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Mamirauá, zona rural de Uarini. Dentre as mudas plantadas estão espécies ornamentais, medicinais, de importância florestal e frutífera como castanheira, cacau, açaí, cupuaçu e acerola.

A iniciativa faz parte uma ação em rede que é resultado da integração de projetos patrocinados pela Petrobras, a maioria da linha Florestas e Clima, por meio do Programa Petrobras Socioambiental.

Dia da Proteção das Florestas

Na cultura popular brasileira, a proteção das florestas é personificada na figura mística do Curupira, um espírito mágico que habita as florestas e ajuda a protegê-la da invasão e ataque de pessoas má intencionadas. Por este motivo, o dia 17 de julho também é considerado o Dia do Curupira, o “protetor das florestas”.

Nesta data muitas ações práticas são realizadas para mostrar à população os perigos que aguardam a humanidade caso não seja feito algo para proteger as florestas. Reforça-se a importância da proteção das florestas não só para a regulação do clima, mas também para a manutenção da vida no planeta. O evento envolve crianças, adolescentes, jovens, universitários, pessoas com deficiência, comunidades tradicionais e povos indígenas e visa a sensibilizar as pessoas sobre a importância das florestas.

Os projetos envolvidos nesse esforço coletivo acreditam que envolver as pessoas em ações como esta é fundamental para sensibilizá-las e conscientizá-las sobre a sua relação com a natureza e a importância da preservação e recuperação das florestas. Esta ação conta com uma campanha digital nas redes sociais dos projetos participantes com a hashtag #florestaseclima e #juntospelomeioambiente.

Espaço Pequenos Curupiras

Alinhado à esta comemoração, também foi realizada na comunidade Punã uma edição do “Espaço Pequenos Curupiras”, um projeto de educação ambiental da FAS voltado para crianças de 4 a 12 anos com atividades lúdicas envolvendo materiais da floresta como sementes, folhas e flores.

Projeto Amazonas Sustentável

Desenvolvido por meio de uma parceria com a Petrobras, o Projeto Amazonas Sustentável é desenvolvido pela FAS, e busca levar ações de empreendedorismo sustentável, educação e cidadania para cerca de 2,4 mil moradores de cinco unidades de conservação do Amazonas. Participam do projeto as Reservas de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Mamirauá, Uacari, Rio Negro, Reserva Extrativista (Resex) Catuá-Ipxuna e Área de Proteção Ambiental (APA) Rio Negro.

Jovens ribeirinhos da RDS Uacari aprendem a monitorar o desmatamento da floresta usando GPS

São cerca de 60 jovens lideranças que receberam treinamento por meio de mapas, imagens de satélites e GPS. Eles também farão visitas às regiões com maiores índices de derrubada da floresta e focos de calor.

Cerca de 60 jovens lideranças da Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Uacari, a 1.540 quilômetros de Manaus, participaram de uma oficina de monitoramento participativo de desmatamento e focos de calor na floresta. A atividade faz parte do Projeto Amazonas Sustentável, uma parceria entre a Petrobras e a Fundação Amazonas Sustentável (FAS), que tem como objetivo levar ações de desenvolvimento sustentável de comunidades ribeirinhas nas bacias dos rios Solimões e Amazonas.

O treinamento aconteceu na Casa Familiar Rural do Campina, no Núcleo de Conservação e Sustentabilidade Bertha Becker, e abordou temas relacionados à conservação da mata, uso do solo, bem como a mobilização das jovens lideranças locais para conter o desmatamento. Os participantes tiveram acesso a mapas da RDS Uacari onde puderam identificar as possíveis causas dos focos de calor apresentados em imagens de satélites.

Oficina foi realizada na Casa Familiar Rural, na RDS Carauari.  Foto: Dirce Quintino/FAS

Além disso, foi realizada uma capacitação para sete jovens que atuarão como agentes voluntários geoparticipativos. Eles vão poder contribuir no dia a dia para o monitoramento ambiental da RDS nos próximos meses.

“O monitoramento participativo é uma das estratégias fundamentais de conservação. A ideia é fortalecer ainda mais o elo direto entre conservação e as comunidades, empoderando não apenas sobre a relevância da proteção das áreas, mas também de como cada um pode fazer parte dessa batalha”, explicou Andressa Lopes, analista de monitoramento da FAS.

Jovens identificaram as possíveis causas de calor da Reserva. Foto: Dirce Quintino/FAS

Impacto com tecnologia

Durante a capacitação, os voluntários receberam noções sobre o uso do aparelho GPS e o preenchimento de formulários eletrônicos com dados coletados por meio de smartphones e tablets. A tecnologia foi bem recebida pelos jovens da Reserva. Entre eles Eliane de Oliveira, 18, da comunidade Bauana. Para ela, aprender a manusear o aparelho GPS foi um dos pontos altos da capacitação. “Achei muito interessante a parte onde nós aprendemos a mexer no GPS, essas coisas técnicas, porque é uma coisa muito importante que vai nos ajudar no trabalho e também em outras áreas”, disse a jovem.

Dentro do processo, os jovens líderes também farão visitas às regiões com maiores índices de desmatamento e focos de calor para averiguar as causas do problema. Segundo os participantes, uma das principais expectativas é o maior engajamento comunitário. “Eu acho que esse projeto vai gerar um impacto nas comunidades porque nós vamos levar o que aprendemos aqui para ser aplicado lá”, pontuou Alessandro Araújo, 18, da comunidade Xibauazinho.

Jovens lideranças tiveram capacitação sobre o uso do GPS. Foto: Dirce Quintino/FAS

Nos próximos meses o acompanhamento do trabalho desenvolvido pelos agentes voluntários será feito pelo gestor da Casa Familiar Rural do Campina, Enoque Ventura, que fará um cronograma de viagens onde cada voluntário será responsável por uma área, observando a proximidade de onde eles moram e, a partir disso, coletar as informações necessárias para qualificar os dados monitorados.

As ações do Projeto Amazonas Sustentável também ocorrerão nas RDS Mamirauá, RDS Rio Negro, Área de Proteção (APA) do Rio Negro e Reserva Extrativista (Resex) Catuá-Ipixuna e, além disso, as oficinas de monitoramento ambiental levarão também capacitações na área de empreendedorismo, educação e geração de renda.

Sobre a FAS

A FAS é uma organização não-governamental brasileira sem fins lucrativos que tem a missão de promover o desenvolvimento sustentável, a conservação ambiental e a melhoria da qualidade de vida das comunidades ribeirinhas e indígenas que vivem dentro de Unidades de Conservação do Amazonas. A atuação da FAS nas UCs recebe cooperação estratégica da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) e recursos do Fundo Amazônia/BNDES, além do apoio e parceria de empresas e instituições.

Veja como foi a atividade:

Jovens ribeirinhos do Amazonas debatem juventude e futuro da região em encontro em Manaus

Direitos e proteção da criança e do adolescente, conservação ambiental e empoderamento jovem foram temas durante semana de atividades do 2º do Encontro de Jovens Líderes, promovido pela FAS.

Jovens ribeirinhos do Amazonas com idades de 13 a 17 anos, oriundos de diversos municípios e que são lideranças jovens em suas regiões, estiveram em Manaus na última semana durante o 2º Encontro de Jovens Líderes, um evento promovido pela Fundação Amazonas Sustentável (FAS) com objetivo de reunir a juventude amazônica para debater o futuro e as problemáticas da região. Direitos e proteção da criança e do adolescente, conservação ambiental, afetividade e sexualidade, autoestima e vocação jovem foram temas debatidos.

Com longa programação de oficinas a rodas de conversa, debates, filmes e passeios culturais, o 2º Encontro de Jovens Líderes reuniu 39 adolescentes, meninos e meninas, de diversos municípios: Manaus, Iranduba, Itapiranga, Novo Aripuanã, Tefé, Maraã, Uarini, Eirunepé e Carauari, oriundos das Unidades de Conservação RDS Rio Negro, RDS Puranga Conquista, RDS Uatumã, RDS Juma, RDS do Rio Madeira, RDS Anamã, RDS Mamirauá, RDS do Uacari, Resex Rio Gregório e Resex Catuá-Ipixuna.

O evento é promovido pelo Programa de Desenvolvimento Integral de Crianças e Adolescentes Ribeirinhas na Amazônia (Dicara), que já atua nas UCs do Estado com cooperação estratégica da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema). “O encontro de jovens está baseado no trabalho que a gente vem fazendo nas comunidades, em três vertentes: educação, saúde e assistência social. É o nosso principal eixo, apresentar para os meninos e meninas caminhos que possam enxergar na vida que não seja o das drogas, do alcoolismo e do abuso sexual”, explicou Ademar Cruz, coordenador do Dicara.

Segundo Ademar, os jovens ribeirinhos já participam das atividades do Dicara nos municípios, mas em Manaus puderam adquirir novos conhecimentos e aprendizados e passaram a entender o mundo da cidade levando em conta a realidade de suas comunidades. “Eles fizeram visitas e puderam enxergar a vida urbana na grande cidade, comparando com a vida que têm nas comunidades”, ressaltou. “O mais legal é que mais da metade deles nunca tinha vindo a Manaus. Então o encontro por si só trouxe essa oportunidade, eles puderam se conhecer e aumentar suas regiões de contato”.

Debora Pinheiro Nunes, de 16 anos, da comunidade Lago Grande, na Reserva Extrativista (Resex) Rio Gregório, em Eirunepé, foi uma das participantes do Encontro de Jovens Líderes. “Eu cheguei bem tímida, mas aí comecei a fazer amizades, conversar, e perdi a timidez. Fiz amizade com todo mundo e foi bem legal porque trocamos experiências. Deu para ver que apesar de vivermos outras realidades, o que gente quer é a mesma coisa, o mesmo objetivo, um futuro melhor para todos da região amazônica e para a natureza”, disse.

Enfrentamento à Violência Sexual

Um dos momentos mais importantes do encontro foi a participação dos jovens no Seminário de Enfrentamento à Violência Sexual contra a Criança e o Adolescente, promovido pelo Governo do Amazonas através da Secretaria de Estado de Assistência Social (Seas). “Nós conseguimos encaixar a participação deles nesse seminário e eles puderam ter acesso a dados como, por exemplo, o registro de 4 mil denúncias de abusos sexuais contra crianças no Amazonas só em 2018. Esperamos que eles levam para os municípios deles, para os jovens que ficaram nas comunidades, o conhecimento adquirido aqui”, lembrou Ademar Cruz.

Ruanderson Martins Cabral, de 17 anos, da comunidade Santa Maria do Uruá, na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Rio Madeira, em Novo Aripuanã, participou do seminário e disse que pretende fazer palestras para pais e outros jovens sobre o conteúdo de violência sexual. “Cerca de 70% dos casos de violência sexual infantil acontecem dentro das próprias famílias das vítimas. São avós, tios, pais. Então eu e outros colegas estamos organizando palestras para levar esse conhecimento e alertar os pais e outras crianças”, disse.

Segundo Ademar Cruz, a participação dos jovens no encontro demonstra o resultado positivo das ações promovidas pelo Dicara nos municípios. “A gente olha para o final do encontro e enxerga que o que a gente tem feito tem surtido efeito. As crianças falaram em projetos, falaram que querem voltar para suas comunidades e aplicar as ideias desenvolvidas aqui, transformar em projetos como melhoria do aterro sanitário da comunidade, formas de enfrentamento a violência sexual infantil, recuperação de áreas degradadas. Dá para perceber que tem uma sementinha plantada”.

Empoderamento

Também no encontro os jovens ribeirinhos puderam aprender fundamentos de liderança e gestão e como elaborar e construir projetos. “Estamos preparando esses jovens para assumir, futuramente, as associações de moradores de suas comunidades, para ter mais qualidade na gestão dessas associações. Eles estão começando cedo a entender o que é uma organização, o papel de uma liderança e o papel deles enquanto jovens. Inclusive muitos já demonstraram que na próxima eleição já vão se candidatar às associações”, ressaltou Ademar Cruz.

Ao final, os jovens produziram uma carta com demandas de prioridades e desejos para a juventude e a região amazônica. Tal documento deverá ser entregue aos líderes adultos das comunidades e diretores de associações. “Eles colocaram os sonhos deles num papel, deixaram uma carta para ser discutida no encontro de lideranças, dos adultos, que vão ter a tarefa de pegar os desejos deles e apresentarem numa pauta de ações”, finalizou Ademar Cruz.

Programa Dicara

O segundo Encontro de Jovens Líderes foi promovido por meio do Programa de Desenvolvimento Integral de Crianças e Adolescentes Ribeirinhas na Amazônia (Dicara), que tem por objetivo desenvolver ações voltadas à garantia dos direitos de crianças e adolescentes de Unidades de Conservação (UC) no Amazonas, com foco no enfrentamento à vulnerabilidade social, evasão escolar, menor acesso à educação de qualidade, exclusão digital e cultural, violência doméstica, exploração sexual e do trabalho infantil.

O Dicara recebe apoio do Banco Bradesco, Unilever, EMS, Lojas Americanas, Ball, Ticket Log, BIC e Repom, que investem parte do Imposto de Renda devido nos Fundos Municipais da Criança e do Adolescente (FUMCAD) de cada município. A ação conta também com apoio da Samsung.