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Opinião: “Falem dos indígenas e povos tradicionais da Amazônia, para não lembrar após uma tragédia a ser evitada”

Foto: Bruno Kelly

Não devemos esperar que a tragédia vire manchete de jornal para agir. Será tarde demais para proteger as populações que cuidam do mais importante patrimônio para o futuro do Brasil

VIRGILIO VIANA

A Amazônia corre o risco de ser, uma vez mais, esquecida para depois ser lembrada apenas quando a tragédia atingir proporções alarmantes. Falo isso sobre a crise da Covid-19, com especial ênfase para a Amazônia profunda, habitada por populações tradicionais e povos indígenas.

A Amazônia possui mais de 10.000 comunidades de populações tradicionais (ribeirinhos, extrativistas, quilombolas, pescadores etc.) ―a maior parte delas sequer catalogada pelos órgãos governamentais. Na Amazônia continental, que envolve nove países, existem 511 povos indígenas, sendo 66 em isolamento voluntário. Esses segmentos das nossas sociedades são os mais vulneráveis à crise do coronavírus e ainda não tem recebido a devida atenção dos governos, empresas e instituições privadas de investimento social. O primeiro caso de coronavírus numa pessoa indígena (etnia Kokama) ocorreu no final de março, em Santo Antônio do Içá, situada a nove dias de viagem de barco até Manaus.

A maior vulnerabilidade e risco dessas populações pode ser resumida em seis fatores. Primeiro, existe uma maior dificuldade de acesso às informações sobre como prevenir e lidar com os casos de contágio. A maior parte dessas populações não possui energia elétrica regular, tendo acesso muito limitado ―e às vezes inexistente― aos meios de comunicação (televisão, telefone, internet, etc.). Segundo, possuem pouco acesso à água limpa (livre de contaminantes), assim como material de limpeza para higienização pessoal (sabão, álcool, etc.). Terceiro, possuem acesso muito limitado aos serviços do SUS que, na maior parte das vezes se resume a um agente indígena ou comunitário de saúde com pouco ou nenhuma capacitação técnica e com pouquíssimos recursos para atendimento. Quarto, possuem custos de deslocamento de pacientes em estado grave muito maiores do que os moradores da zona urbana. Quinto, possuem um maior risco de contágio com a migração desordenada das comunidades para as sedes municipais. Isso sobrecarrega ainda mais os SUS municipais, que já são precários na maior parte dos municípios do interior. Sexto, possuem um risco crescente de contágio em função da migração de pessoas das áreas urbanas para as comunidades em busca de se isolar do coronavírus. Essa migração local aumenta a velocidade da disseminação do vírus para essas populações.

Essas especificidades da Amazônia profunda criam um contexto totalmente singular e requerem uma estratégia de ação diferenciada. Diante disso, o que fazer?

Primeiro, é necessário sensibilizar as autoridades e instituições responsáveis pela saúde pública para as especificidades da Amazônia profunda. Segundo, é necessário criar uma coalizão de atores locais para desenhar uma estratégia de ação que incorpore o estado da arte das ciências da saúde e, ao mesmo tempo, o conhecimento da realidade de logística, infraestrutura, economia, ambiente e cultura dessas populações. Terceiro, é essencial mobilizar recursos públicos e privados para implementar ações práticas eficazes e eficientes.

Dentre as ações práticas, podemos identificar cinco eixos. Primeiro, um programa de comunicação, voltado para reduzir o contágio e, ao mesmo tempo, como lidar com os doentes. Essa campanha deve usar rádios e TVs locais, cartazes educativos e, quando disponível, redes de WhatsApp e internet. Segundo, um programa de educação à distância, voltado para a formação de agentes indígenas ou comunitários de saúde. Terceiro, um programa de telesaúde, usando as estruturas de internet já disponíveis em algumas comunidades e que podem ser multiplicadas. Quarto, o fortalecimento e ampliação da rede de ambulanchas e rádios de comunicação já disponíveis para a remoção de casos mais graves para os centros urbanos. Quinto, um programa de auxílio financeiro emergencial, nos moldes do que vem sendo ofertado para as populações pobres urbanas. Esse programa deve ser complementado pelo envio de gêneros de primeira necessidade (sal, açúcar, combustível etc.) para diminuir o fluxo de pessoas entre as populações da floresta e as áreas urbanas.

A boa notícia é que algumas das ações elencadas acima já começam a ser colocadas em prática no Amazonas. Entretanto, é essencial ampliar o engajamento de outros atores e mobilizar recursos adicionais para enfrentar um desafio dessa magnitude.

Vale lembrar que devemos a essas populações um reconhecimento pelos serviços ambientais (regime de chuvas, mitigação da mudança climática, conservação da biodiversidade, entre outros), que são essenciais para a produção agropecuária, geração de energia elétrica e abastecimento urbano de água em quase todo o Brasil. É hora de retribuir a esses guardiões da floresta amazônica um pouco dos benefícios que eles têm gerado para todo o Brasil e o planeta.

Nesse caso, assim como na agenda de desmatamento e queimadas, é mais inteligente prevenir do que remediar. Não devemos esperar que a tragédia vire manchete de jornal para agir. Aí será tarde demais para proteger as populações que cuidam do mais importante patrimônio para o futuro do Brasil: a Amazônia.

Virgilio Viana é engenheiro florestal pela ESALQ, Ph.D. pela Universidade de Harvard, ex-secretário de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Estado do Amazonas e Superintendente Geral da Fundação Amazonas Sustentável.

Foto: Bruno Kelly

Crianças yanomami em Roraima, em abril de 2016.BRUNO KELLY / REUTERS

Originalmente publicado em El País Brasil, em 10/04/2020
https://brasil.elpais.com/opiniao/2020-04-10/falem-dos-indigenas-da-amazonia-para-nao-serem-lembrados-apos-uma-tragedia-que-pode-ser-evitada.html

Coronavírus: aliança solidária em prol de ações pelas populações tradicionais e povos indígenas do Amazonas

A Aliança dos povos indígenas e populações tradicionais e organizações parceiras do Amazonas para o enfrentamento do coronavírus, articulada pela Fundação Amazonas Sustentável (FAS), em parceria com universidades, instituições públicas, empresas e organizações da sociedade civil, irá disseminar informações, arrecadar recursos e equipamentos de saúde e apoiar a distribuição de produtos de assistência básica.

Em grandes centros urbanos há excesso de informação e também, desinformação. Mesmo assim, as dificuldades de atendimento e prevenção ao novo coronavírus já são imensas. Agora, imagine as populações tradicionais e comunidades ribeirinhas da Amazônia onde a disponibilidade de internet e o acesso a serviços públicos é quase inexistente. Imagine também locais onde não há médicos, nem enfermeiros, e o deslocamento até a cidade mais próxima pode demorar vários dias. Essa é a realidade que muitas vezes é esquecida e a prioridade da rede interinstitucional.

O objetivo da Aliança é disseminar e estimular a adoção de boas práticas para reduzir os riscos de contágio, oferecer produtos básicos para 19 mil famílias (rurais e urbanas) e estabelecer condições mínimas de atendimento remoto e transporte de pacientes graves. Segundo o Superintendente Geral da FAS, Virgílio Viana, a prioridade é atender essas especificidades de populações tradicionais e povos indígenas que se situam em locais distantes dos centros urbanos e que possuem alta vulnerabilidade do coronavírus.

“Essas populações são as mais vulneráveis por conta da logística desafiadora existente no interior do estado. Se na cidade o sistema de saúde não supre a necessidade, no interior o alcance é irrisório. Se nas cidades o atendimento é difícil, no interior as distâncias e a falta de acesso à informação faz com que estas populações estejam ainda mais em risco”, explicou Viana.

A ação é coordenada pela FAS, em parceria com a Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Fundação de Medicina Tropical (FMT), Secretaria de Estado de Saúde (Susam), Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema), Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), Prefeituras municipais e Associações locais.

A vulnerabilidade das populações tradicionais da Amazônia ocorre em decorrência da dificuldade de acesso a informação segura (muitas áreas não possuem escolas, acesso à internet ou ainda, energia elétrica), e o aumento dos casos pode se dar também pelo baixo acesso a água potável para higienização e maior dificuldade logística.

Há risco de migração desordenada das comunidades para as sedes municipais, sobrecarregando os sistemas municipais de saúde, além do risco de pessoas das áreas urbanas migrarem para comunidades isoladas em busca de fugir da contaminação em suas cidades.

Sobre a governança

A governança da Aliança dos povos indígenas e populações tradicionais e organizações parceiras do Amazonas para o enfrentamento do coronavírus tem como coordenação executiva, a Fundação Amazonas Sustentável (FAS) e conta com instituições, secretarias de Estado e universidades na gestão de três comitês:

  • Comitê de levantamento de demandas relacionadas aos públicos

Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS)

Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn)

Associações locais.

  • Comitê de operação técnica e institucional de diagnóstico e atendimento

Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS), Fundação Nacional do Índio (Funai)

Secretaria de Estado de Saúde (SUSAM)

  • Comitê de treinamento e capacitação de profissionais de saúde no interior

Universidade do Estado do Amazonas (UEA)

Universidade Aberta da Terceira Idade (Unati)

Na estratégia de comunicação, a FAS e a Secretaria de Estado do Meio Ambiente do Amazonas (Sema) produzem spots, cartazes e material para ser divulgado por whatsApp, visando levar informações e instruções para a prevenção ao contágio. A FAS também está colocando à disposição sua infraestrutura: são 92 ambulanchas espalhadas pelo estado e 161 rádios VHF para facilitar a comunicação com áreas isoladas. Sachês purificadores para tratamento de água serão distribuídos às comunidades remotas, resultado de uma parceria entre a FAS e a P&G (Procter & Gamble).

Quem está conosco

Secretaria de Estado de Saúde (Susam)

Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema)

Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab)

Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS)

Universidade do Estado do Amazonas (UEA)

Fundação de Medicina Tropical (FMT)

Prefeitura do Novo Aripuanã

Prefeitura de Carauari

Prefeitura de Itapiranga

Prefeitura de Nova Olinda do Norte

Associações das RDS Rio Negro, Puranga Conquista, Piagaçu Purus, Rio Madeira, Juma, Mamirauá e Resex do Rio Gregório

Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn)

Como ajudar?

Há várias formas de ajudar a Aliança pelos povos da floresta para enfrentamento ao coronavírus”. Pessoas físicas podem fazer doações pelo link https://www.welight.io/combate-covid-no-am, e pessoas jurídicas podem entrar em contato pelo e-mail corona@fas-amazonas.org. Esses apoios podem ser de qualquer espécie, financeiro ou material.

Virada Sustentável Manaus realiza lives com conteúdo zen, kids e cultural no Instagram

Para levar cultura, bem-estar e positividade para a população durante o período de isolamento social, a Virada Sustentável Manaus começa, nesta quinta-feira (2), uma maratona de lives em seu perfil no Instagram (@viradasustentavelmanaus). A iniciativa faz parte do projeto  #EuViroManausdeCasa, que visa incentivar o público a utilizar os dias de quarentena para refletir sobre como reforçar as redes de transformação e impacto social existentes na cidade.

Maior festival de sustentabilidade da América Latina, a Virada Sustentável Manaus é correalizada pela Fundação Amazonas Sustentável (FAS), com apoio de um Conselho Criativo formado por mais de 50 organizações da sociedade civil que trabalham com ações educativas e socioculturais em prol da promoção de práticas saudáveis e sustentáveis na cidade. 

Segundo a coordenadora do festival, Paula Gabriel, a proposta das lives é mostrar um pouco do que ocorrerá na sexta edição da mobilização, marcada para o segundo semestre do ano. “Estamos vivendo um momento de transformação e é muito importante que movimentos como a Virada se fortaleçam e sejam porta-vozes de iniciativas positivas, que inspirem a sociedade a pensar na coletividade. O #EuViroManausdeCasa é uma maneira de ajudar as pessoas a se conectarem e se ajudarem enquanto mantêm a distância necessária neste período de prevenção”, explica.

As transmissões ao vivo ocorrerão toda quinta-feira, em três horários, reunindo alguns dos artistas e projetos que estão envolvidos no festival para compartilhar suas ações e também realizar apresentações culturais. 

A primeira live do dia será realizada às 8h, horário de Manaus, sempre com uma atividade zen, estimulando o relaxamento, autoconhecimento e harmonia para começar a rotina. A partir das 11h será a vez do público infantil, que poderá se divertir e aprender sobre temas diversos através de atividades lúdicas. Para encerrar, às 19h, uma atração cultural assumirá o perfil da Virada Sustentável Manaus promovendo a experiência de um show em casa. 

*Programação*

A programação desta quinta-feira (2) começará com uma meditação para quem quer iniciar o dia mais leve e conectado com o seu ser. A atividade será conduzida pela coordenadora do festival, Paula Gabriel, que também fará uma partilha sobre a importância do autocuidado na quarentena. 

A live kids terá a participação da cantora e compositora Lorena Pisque, que interpretará no ukulele músicas autorais com temática infantil. E, à noite, o público poderá se divertir com a apresentação musical do vocalista e guitarrista da banda Vultos Viscerais, Thiago Smoker. 

Na próxima semana, a primeira transmissão ao vivo será com a instrutora de yoga Cristine Rescarolli, que promoverá uma aula de yoga postural. A prática tem a finalidade de fortalecer e alongar os músculos, especialmente neste período com pessoas passando muito tempo no computador e no celular em casa. 

Já o público infantil poderá conferir a live “Espaço Curupira Online”, na qual a analista de educação ambiental da FAS, Kelly Souza, promoverá atividades lúdicas sobre a preservação da fauna amazônica, entre elas, criação de desenhos de animais da região, contação de histórias e conscientização sobre a destinação correta de resíduos. 

*Confira o cronograma:*

*Quinta-feira (2)*

8h – Zen – Meditação e partilha sobre a importância do autocuidado na quarentena (Paula Gabriel)

11h – Kids – Show com músicas autorais infantis (Lorena Pisque)

19h – Cultural – Show de Thiago Smoker

*Quinta-feira (9)*

8h – Zen – Prática de yoga postural (Cristine Rescarolli)

11h – Kids – Espaço Curupira Online (Kelly Souza)

19h – Cultural – Atração musical a definir

Congresso da Juventude da Floresta reuniu 300 jovens ribeirinhos

O evento promovido pela Fundação Amazonas Sustentável (FAS) aconteceu na RDS Uacari, na zona rural do município de Carauari, à 788 kms de Manaus para discutir políticas públicas na Amazônia.

A primeira edição do Congresso da Juventude da Floresta realizada nos dias 13, 14 e 15 de março, marcou o início de uma história inédita para os povos tradicionais da Floresta. Foram três dias de imersão no Núcleo de Conservação e Apoio ao Empreendedorismo Sustentável (NCAES) Pe.João Derickx, na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Uacari, médio Juruá.

O objetivo do evento, idealizado pelo Programa de Desenvolvimento Integral de Crianças e Adolescentes Ribeirinhas na Amazônia (Dicara), foi reunir os jovens para debater problemáticas atuais envolvendo mudanças do clima,  envolvimento sustentável, economia da floresta e políticas públicas para a juventude ribeirinha. A programação contou com mesas de discussões com especialistas, com a apresentação dos jovens de cada município participante sobre sua realidade local, roda de conversa com lideranças veteranas, debate sobre políticas sociais e dinâmicas estilo carrossel com temáticas fixas. 

Os assuntos trabalhados em grupos foram: educação diferenciada; economia da floresta e empreendedorismo; infraestrutura comunitária; empoderamento social; cidadania; esporte cultura e lazer; segurança pública e saúde. Nos grupos os jovens sugeriram soluções e alternativas que contribuem com a melhoria da qualidade de vida das comunidades ribeirinhas. As trocas de experiências entre as comunidades foi um fator chave para a criação da proposta final, já que a maioria vive em lugares remotos com realidades diferentes.

Jaíze, por exemplo, viajou cerca de 121 horas de barco para chegar ao congresso. Foi uma longa viagem em uma pequena embarcação que saiu da comunidade do Gregório subindo o rio Juruá. 

“Pra mim é um privilégio estar aqui representando a minha comunidade, a minha vontade é voltar e montar um grupo de jovens para repassar tudo o que aprendi aqui, pois quero uma reserva melhor pra mim, meus colegas e minha família.” explicou Jaíze, moradora da comunidade do extremo, resex do rio Gregório.

Ao final do evento os jovens apresentaram em plenária as propostas sugeridas pelos grupos. Um manifesto foi criado para ser enviado em anexo ao documento oficial que será entregue para todas as prefeituras dos municípios envolvidos e o governo do Estado.

No total foram 451 participantes, entre jovens ribeirinhos, lideranças comunitárias e 26 instituições parceiras da FAS envolvendo organizações públicas, municipais, governamentais, associações e centro de pesquisas. Estiveram presentes ainda representantes dos municípios de Eirunepé, Carauari, Uarini, Tefé, Novo Aripuanã, Itapiranga, Maraã Jutaí. E pessoas de outros  estados como do Rio de Janeiro, São Paulo, Alagoas e Pará. 

O Congresso da Juventude da Floresta foi realizado através de parcerias com instituições que assim como nós acreditam que o caminho seja cuidar das pessoas que cuidam da floresta. Alguns deles são: Lojas Americanas, Unilever, Vivara, EMS, Raízen, Ball, BIC, Yamaha e EMS.

 

 

Estudantes visitam comunidade ribeirinha para propôr soluções em tecnologias socioambientais

Desenvolver soluções na área da Educação para escolas dos Núcleos de Conservação e Sustentabilidade (NCS) da Fundação Amazonas Sustentável (FAS), utilizando como aliada tecnologias socioambientais, levou estudantes do projeto ‘Latin America Practices and Soft Skills for an Innovation Oriented Network (Lapassion)’, nos dias 06 e 07 de março, a conhecer o núcleo Agnello Bittencourt, localizado na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Rio Negro, comunidade Tumbira.

No total, 28 alunos de institutos e universidades da América do Sul e Europa integram o projeto, entre elas: o Instituto Politécnico do Porto – IPP (Portugal); a Universidade de Ciências Aplicadas de Tampere (Finlândia); a Pontifícia Universidade Católica do Chile (PUC); além dos institutos federais brasileiros: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas (IFAM); Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão (IFMA); Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás (IFG); Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro (IFTM) e Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-rio-grandense (IFsul). 

O projeto iniciado em 2018 por instituições nacionais, latino-americanas e europeias em parceria com o IFAM, proporciona o intercâmbio de alunos de ensino superior, orientados por professores e parceiros externos para atuarem em projetos com a metodologia Design Thinking.  Formado por cinco grupos de trabalho com alunos de cursos e países diferentes, os estudantes trabalham durante dez semanas para apresentar uma solução a um desafio proposto por um parceiro externo como a Transire Eletrônicos, Samsung, Caloi, Secretaria de Estado Do Meio Ambiente – (SEMA) e Fundação Amazonas Sustentável (FAS).

A FAS, parceira da iniciativa, propôs o seguinte desafio: desenvolver soluções na área da Educação para as escolas dos NCS’s utilizando como aliada tecnologias socioambientais. 

Segundo a supervisora da agenda de pesquisa científica da FAS, Liane Lima, os indicadores nacionais de rendimento em educação nas comunidades remotas do Amazonas estão atrelados a falta de métodos e ferramentas que dialoguem com essa realidade, o que é possível ser mudado por meio de tecnologias e parcerias fortes.

“Os núcleos da FAS executam uma importante tarefa na promoção de educação nessas áreas, pois eles servem de apoio ao poder público, levando soluções em educação adaptada às realidades desses locais. Com o desenvolvimento de app e/ou ferramentas, estes irão auxiliar os professores e educadores na inserção de temas regionais em sala de aula, destacando elementos e valores da cultura local, assim como soluções para o desenvolvimento sustentável”, explicou Liane Lima.

Os próximos passos do desafio proposto aos alunos, será o desenvolvimento da ferramenta com a validação da FAS de cada processo durante o período de construção de soluções até o evento de encerramento, onde os alunos irão apresentar as soluções finais.

Sobre o projeto Lapassion 

O Projeto ‘Latin America Practices and Soft Skills for an Innovation Oriented Network – Lapassion’, proporciona o intercâmbio de alunos de ensino superior, orientados por professores e parceiros externos, para atuarem em projetos com a metodologia Design Thinking. O projeto já teve versões no Chile, Uruguai e Brasil (Maranhão e Minas Gerais) e em 2020 terá o LAPASSION Manaus, no período de 02 de março a 08 de maio de 2020, com o tema “Tecnologias socioambientais para a sustentabilidade da Amazônia”.

Amazonas avança na implementação da Política Estadual de Serviços Ambientais

A Fundação Amazonas Sustentável (FAS) e a Secretaria de Estado do Meio Ambiente do Amazonas (Sema) realizaram nesta quarta-feira (11), o seminário “REDD+: Oportunidades para o clima e conservação de florestas no Amazonas”. O objetivo do seminário foi compartilhar as lições aprendidas com a execução do projeto “Regulamentação e Implementação da Lei Estadual de Serviços Ambientais do Amazonas”.

Segundo a gerente do Programa de Soluções Inovadoras (PSI) da FAS, Gabriela Sampaio, o seminário é uma devolutiva para diferentes atores de como foi todo processo de implementação e execução do projeto e como tudo o que foi produzido será comunicado.

“Esse projeto permite a alavancagem de outros projetos para o estado do Amazonas. Temáticas como gênero, salvaguardas, sistema jurisdicional e a regulamentação da lei de serviços ambientais foram desenvolvidas e os resultados e recomendações foram apresentadas durante o seminário.  Os próximos passos do projeto que finda neste ano será encaminhar essas recomendações para a internalização por parte do Estado”, explicou Gabriela.

O seminário compartilhou as lições aprendidas do projeto iniciado no final de 2018 e conduzido pela Sema e FAS, com apoio do Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (Idesam), a Fundação Vitória Amazônica (FVA) e Conservação Internacional (CI-Brasil). O projeto foi financiado pelo edital da “Janela A” do Fundo criado pela Força Tarefa dos Governadores para o Clima e as Florestas (GCF-Task Force) e gerido pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

Para o secretário-executivo da Sema, Luis Henrique Piva, o Amazonas está cumprindo mais uma etapa do planejamento estratégico da implementação da Política Estadual de Serviços Ambientais do Estado do Amazonas, voltada ao bem-estar dos povos tradicionais e originários e vinculada à conservação da floresta amazônica.

“Este momento é muito importante para nós porque estamos apresentando para a sociedade o conjunto de produtos e serviços contratados com recursos de cooperação internacional, desenvolvidos por profissionais com expertise em suas áreas e com participação da sociedade civil na condução de quais resultados se esperava desse produtos. É fundamental essa transparência na comunicação para o alcance do que foi planejado ”, explicou Luis Henrique Piva.

A coordenadora executiva adjunta da Fundação Vitória Amazônica (FVA), Ana Cristina Ramos, explicou que o projeto promoveu avanços da regulamentação da lei, dentre eles, a inclusão da temática de gênero. “A temática de gênero inicialmente não estava proposta na regulamentação da lei, isso foi um grande avanço incluir gênero na discussão e na estratégia. Entretanto, precisamos avançar na discussão da temática de salvaguardas, devido a sua complexidade por envolver diversos grupos”, afirmou Ana Cristina.

Foto: Macarena Mairata

Populações apoiadas pela FAS têm renda média familiar mensal maior em comparação a não-beneficiários

Resultados preliminares de pesquisa demonstram melhoria na qualidade de vida de quem vive em Unidades de Conservação e que recebe ações de educação e geração de renda promovidas pela Fundação Amazonas Sustentável

A vida de populações ribeirinhas e indígenas que vivem em Unidades de Conservação (UC) do Amazonas geridas pelo Governo do Estado, e que são apoiadas com ações de educação e geração de renda desenvolvidas pela Fundação Amazonas Sustentável (FAS), vem melhorando consideravelmente nos últimos anos. Levantamento feito pela Action Pesquisas de Mercado demonstrou uma diferença de 23,5% na renda média familiar mensal das pessoas que são beneficiárias de ações da FAS em comparação a quem não é atendido por tais projetos e programas nas mesmas áreas geográficas.

Os resultados, preliminares e captados com populações da Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Rio Negro, da RDS Puranga Conquista e da Área de Proteção Ambiental (APA) do Rio Negro, territórios que abrangem uma área de 790.923 hectares de terra, apontam para a percepção de que a vida das pessoas beneficiadas pelas ações da FAS nessas localidades melhorou bastante após a implementação de programas e projetos de educação e de geração de renda, por exemplo. Ao todo, são 1.154 famílias em 42 comunidades nessas regiões atendidas pelo Programa Floresta em Pé, o antigo Bolsa Floresta.

A pesquisa foi dividida em duas etapas. A primeira foi a fase de entrevistas qualitativas com 31 lideranças e 16 gestores de Unidades de Conservação que participavam do XXIII Encontro de Lideranças, um evento realizado em Manaus com presidentes de associações e lideranças diversas regiões do Estado, e a segunda etapa foi a fase de pesquisas quantitativas realizadas em sete UCs, abrangendo 151 comunidades, com amostragem de 1.060 questionários aplicados com beneficiários e não beneficiários.

Além disso, as pesquisas qualitativas não se limitaram às lideranças ribeirinhas e indígenas, contemplaram também os gestores das Unidades de Conservação, ou seja, servidores do Estado residentes nessas áreas e ligados Departamento de Mudanças Climáticas e Gestão de Unidades de Conservação (DEMUC), da Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema), que é a secretaria responsável pela gestão dessas áreas protegidas.

“As lideranças das associações são representantes legítimos dos moradores das Unidades de Conservação e o ponto focal da FAS para a articulação dessas iniciativas, acompanhamento de programas e de projetos. Conhecer a opinião desses líderes é importante para avaliar a efetividade das ações de estímulo ao empoderamento social e também para direcionar novas abordagens”, explicou a gerente do Programa de Gestão e Transparência da FAS, Michelle Costa.

Desde 2011 são feitas pesquisas independentes para mensurar a opinião e a satisfação dos beneficiários dos programas e projetos da FAS nos territórios do Estado. Em 2015 também foi feita pesquisa, com o mesmo objetivo de entender o impacto das intervenções das políticas públicas, como o Programa Floresta em Pé, na vida das pessoas. Tais pesquisas seguem abrangência geográfica, abordagem metodológica e parâmetros estatísticos que asseguram comparabilidade entre si, aspecto fundamental para compreender a evolução da satisfação dos beneficiários quanto à implementação dos programas, da imagem institucional da FAS e dos efeitos das intervenções sobre a conservação ambiental, melhoria da qualidade de vida e desenvolvimento sustentável.

Novas pesquisas devem ser desenvolvidas no intervalo de cada quatro anos, com a perspectiva de ampliação para outras Unidades de Conservação, incluindo áreas contrafactuais, ou seja, aquelas onde não há atuação da FAS. “É fundamental fazer esse levantamento, conhecer a opinião das pessoas atendidas pelos programas da FAS nas comunidades e também aquelas não atendidas. Entender a satisfação delas, as expectativas e as necessidades e, dessa maneira, traçar metas de melhorias e reforçar aquilo que está dando certo”, explica Flávia Sausmikat Soares, diretora de Operações da Action Pesquisas de Mercado.

Floresta em Pé

O Programa Floresta em Pé é uma política pública de pagamento por serviços ambientais pertencente ao Estado do Amazonas, é aplicada pela FAS há mais de 11 anos em 16 Unidades de Conservação, beneficiando 581 comunidades ribeirinhas e indígenas. Por meio do programa as populações recebem ações de incentivo à gestão sustentável de recursos naturais, de geração de renda e empoderamento comunitário. Pela FAS, o Floresta em Pé é implementado com recursos do Fundo Amazônia/BNDES, Bradesco e Coca-Cola Brasil, além da cooperação estratégica com o Governo do Estado, via Sema.

Sobre a FAS

A Fundação Amazonas Sustentável (FAS) é uma organização brasileira sem fins lucrativos e sem vínculos político-partidários que tem por missão fazer a floresta valer mais em pé do que derrubada, promovendo ações de desenvolvimento sustentável e de melhoria de qualidade de vida dos povos que vivem na floresta. Por meio de programas e projetos, a FAS impacta a vida de cerca de 40 mil pessoas em 16 Unidades de Conservação do Estado, em cooperação com a Sema e apoio do Fundo Amazônia/BNDES, Samsung, Bradesco e Coca-Cola.

Ribeirinhos recebem treinamento para manusear combustível com segurança no Rio Negro

Capacitação em parceria com a Fundação Amazonas Sustentável (FAS) e a Petrobras levou noções de segurança para prevenir acidentes durante a venda e transporte de combustíveis e inflamáveis

Navegar pelos rios da Amazônia é parte da rotina diária de cerca de 1.135 moradores de comunidades ribeirinhas que vivem dentro Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Rio Negro, no Amazonas. Pequenos barcos movidos à gasolina e a diesel são o principal meio de locomoção dessas populações, que, por vezes, correm riscos devido à falta de segurança nesse transporte.

Prevenir acidentes e garantir que o manuseio, armazenamento e transporte dos combustíveis seja feito com segurança foi o principal objetivo do curso “Norma Regulamentadora 20 (NR 20) – Segurança e Saúde no Trabalho com Inflamáveis e Combustíveis”, promovido pela Fundação Amazonas Sustentável (FAS) em conjunto com a Petrobras.

A capacitação, que atendeu 30 moradores de 15 comunidades da RDS Rio Negro, ocorreu na comunidade Tumbira, na zona rural do município de Iranduba, a 70 quilômetros de Manaus.

Entre os conceitos abordados no treinamento estavam a gestão da segurança e saúde no trabalho para prevenir acidentes nas atividades de extração, produção, armazenamento, transferência, manuseio e manipulação de inflamáveis e líquidos combustíveis.

“Na primeira etapa do projeto fizemos um diagnóstico nas áreas existentes em que eles fazem a venda do combustível. Nessas áreas fotografamos o local para que eles pudessem identificar o que estava errado e fazer a correção dos problemas existentes”, disse Geane Mendes, instrutora do curso.

Além de ensinar como armazenar, comprar e transportar o combustível de maneira adequada, o cuidado com a saúde também foi pontuado no curso. A maioria dos ribeirinhos tem o costume de usar mangueira para transferir gasolina entre recipientes, sugando diretamente com a boca, uma prática que é extremamente prejudicial à saúde.

Agora, com materiais adequados, eles passaram a utilizar bombas automáticas para a transferência dos líquidos. “Eu decidi participar desse curso para aprender a armazenar gasolina. Mas não imaginava o risco que estava correndo em minha casa. Agora, eu quero compartilhar o que aprendi com outras pessoas” disse Valquizia Dutra, pequena comerciante de gasolina da comunidade N. S. do Perpétuo Socorro.

Empreendedorismo

Como parte da estratégia do projeto, os alunos também aprenderam boas práticas em gestão de negócios. “É uma capacitação educativa em que os alunos aprendem fluxo de caixa, tecnologias associadas ao negócio, como devem gerir e ter um melhor lucro na venda do combustível”, afirma Elizeu Silva, assistente de Empreendedorismo da FAS.

Com investimento de R$ 516 mil, o curso com duração de um ano deve ser finalizado em março de 2020 com a distribuição entre os participantes de kits para abastecimento e sinalização de combustíveis. “Para mim esse curso melhorou bastante porque a gente vai poder ampliar mais, se preparar melhor para vender e com mais segurança”, afirma Sebastião de Freitas, da comunidade XV de Setembro e que vende combustível na região há 15 anos.

Sobre a FAS

A Fundação Amazonas Sustentável (FAS) é uma organização brasileira sem fins lucrativos e sem vínculos político-partidários que tem por missão fazer a floresta valer mais em pé do que derrubada, promovendo ações de desenvolvimento sustentável e de melhoria de qualidade de vida dos povos que vivem na floresta. Ao todo, cerca de 40 mil pessoas são beneficiadas pelas ações da FAS em 581 comunidades e 16 Unidades de Conservação, em cooperação com a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) e apoio do Fundo Amazônia/BNDES, Samsung, Bradesco e Coca-Cola Brasil.

População participa da construção de salvaguardas para o programa de clima e carbono da LSA

Apuí, Novo Aripuanã, Tabatinga, Manaus, Tefé e S. Gabriel Cachoeira participaram das oficinas regionais, organizadas pelo Governo do Amazonas em conjunto com a FAS, a fim de oferecerem diretrizes para a criação do sistema REDD+ no Estado

Nos últimos dois meses as populações de seis municípios do Amazonas contribuíram para a conservação da Amazônia e o futuro do Planeta. De 30 de outubro até 3 de dezembro, representantes da sociedade civil organizada, academia e governos nas cidades de Apuí, Novo Aripuanã, Tabatinga, Manaus, Tefé e São Gabriel Cachoeira participaram das oficinas regionais de salvaguardas socioambientais para subsidiar a construção do Programa de Regulação do Clima e Carbono da Lei 4.266/2015, a Lei de Serviços Ambientais do Amazonas (LSA).

Nivelamentos, capacitações, orientações e consultas ocorreram intensamente nessas cidades com o propósito de ouvi-los sobre o meio ambiente, florestas e comunidades. A intenção foi buscar diretrizes locais para reduzir riscos e impactos negativos e potencializar oportunidades na elaboração do programa de clima e carbono, apoiando assim a criação de um arranjo institucional e de uma governança do Estado e possibilitando o desenvolvimento de um sistema jurisdicional para o REDD+, a política pública de Redução de Emissões de Gases de Efeito Estufa Provenientes do Desmatamento e da Degradação Florestal.

O Governo do Amazonas, via Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), conjuntamente com a Fundação Amazonas Sustentável (FAS) executaram as oficinas regionais, com apoio da Força-Tarefa dos Governadores para o Clima e as Florestas (GCF-Task Force) e do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), além de parceria da Conservação Internacional (CI-Brasil), do Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (Idesam) e Fundação Vitória Amazônica (FVA). Parte das oficinas tiveram também participação de entidades indígenas, instituições de ensino, associações e prefeituras locais.

O indígena Neudo José Tukano, da etnia Tukano, diretor e vice-presidente da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn), participou da oficina regional de salvaguardas em São Gabriel da Cachoeira. Segundo ele, os encontros são oportunidade dos povos tradicionais de debaterem com representantes do poder público sobre temas importantes, como meio ambiente e, claro, as mudanças climáticas. “É importante a participação dos povos tradicionais e organizações indígenas nessas consultas, porque nós somos detentores desses territórios e zelamos pelo meio ambiente na região”, disse.

De acordo com Gabriela Sampaio, coordenadora de Políticas Públicas & Cooperação Internacional da FAS, a participação popular é uma etapa fundamental na construção de políticas públicas. “Para que você consiga regulamentar um decreto, uma lei ou uma política pública é importante garantir que não haja riscos às populações locais. Essas garantias se dão a partir de salvaguardas, isto é, estratégias para mitigar riscos negativos e otimizar oportunidades. As oficinas regionais de salvaguardas são justamente para isso. Elas tiveram papel superimportante de garantir a participação da população na construção de orientações para a política pública de clima e carbono, é o olhar local, ao invés de ser de cima para baixo”, disse.

Salvaguardas

Ao todo, 267 pessoas com idades de 11 a 68 anos participaram das oficinas regionais. Em Apuí em 30 de outubro, em Novo Aripuanã em 4 de novembro, Tabatinga 19 de novembro, Manaus 22 de novembro, Tefé 28 de novembro e S. Gabriel da Cachoeira na última terça (3). Durante os encontros também foram debatidos incentivos de alternativa econômica sustentável a essas populações tradicionais, sejam ribeirinhos ou indígenas, e a manutenção e o aumento da biodiversidade com base num sistema de governança robusto e transparente.

Para a secretária executiva adjunta da Sema, Christina Fischer, as oficinas também têm o papel de averiguar possíveis projetos ambientais nas regiões por onde passam. “Os projetos de conservação são extremamente estratégicos. Em Apuí, por exemplo, temos a situação da grilagem de terra, e na medida que a gente proporciona atividades que podem regularizar ocupações irregulares estimulamos a economia local”, reforçou.

Após as oficinas, a intenção é produzir um documento orientador de salvaguardas socioambientais para o Amazonas, a fim de regulamentar o programa de clima e carbono. “A partir de todas as oficinas regionais o objetivo para o próximo ano é ter esse documento orientador. Esse documento tem como diferencial a construção a muitas mãos, o que o deixa mais plural para o Governo do Estado. As salvaguardas têm esse papel de não deixar ninguém para trás e potencializar benefícios de uma política pública para as populações locais”, completou Gabriela Sampaio, da FAS.

REDD+

A política pública de REDD+ é um incentivo desenvolvido no âmbito da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) para recompensar financeiramente países em desenvolvimento por resultados positivos na redução de emissão de gases de efeito estufa (GEE) provenientes do desmatamento e da degradação florestal. Os países com programas de REDD+ que conseguirem diminuir GEE ficam aptos a receberem recursos financeiros para ações de conservação ambiental.

Jovem ribeirinha apoiada pela FAS terá documentário exibido em evento da ONU em NY

 Nascida na RDS Rio Negro e beneficiada com diversas ações promovidas pela FAS, Odenilze Ramos, de apenas 22 anos, assina o filme “Cipó de Jabuti”, com histórias de comunidades da Amazônia

Nascida na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Rio Negro, em Iranduba, no Amazonas, a jovem liderança ribeirinha Odenilze Ramos, de apenas 22 anos, terá um documentário produzido por ela sendo exibido para chefes de Estado na Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), em Nova York. O filme, chamado “Cipó de Jabuti”, narra histórias das comunidades da Amazônia e é fruto do trabalho da jovem em parceria com mais dois coautores. Ela recebe apoio da Fundação Amazonas Sustentável (FAS).

Estudante de Gestão Pública, ativista socioambiental e integrante do Projeto Jovens Protagonistas, implementado pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema) na RDS do Rio Negro, Odenilze esteve envolvida no processo de apoio à elaboração do roteiro do curta-metragem. Por ela ser amazônida, usou a própria história de criação em sua comunidade para apresentar a Amazônia por meio do olhar da sua gente, trazendo as pessoas e histórias de ribeirinhos como parte fundamental da floresta.

O documentário assinado por ela é um dos nove projetos selecionados para serem exibidos na ONU. “Eu falo da Amazônia como não sendo somente uma causa, e sim como minha casa. O documentário surgiu a partir de um incômodo da minha parte de ver que existe muita gente falando de uma Amazônia que nem sempre é real, e da visão restrita da floresta como sendo só a maior floresta tropical do mundo e esquecendo a principal parte: as pessoas. Queremos contar a história da gente daqui, pessoas da Amazônia falando sobre a Amazônia”, contou a ativista ambiental.

Documentário

Lançado no dia 12 de agosto, o minidocumentário em realidade virtual “Cipó de Jabuti” foi gravado no coração da Floresta Amazônica, dentro da RDS do Rio Negro, uma das 42 Unidades de Conservação (UC) gerenciadas pela Sema e uma das 16 UCs onde a FAS promove ações de conservação ambiental, desenvolvimento sustentável e melhoria de qualidade de vida de populações. A história do curta-metragem narra o cotidiano das comunidades ribeirinhas do Rio Negro, enfatizando como a população local garante um bem-viver entre as pessoas e o ecossistema ao redor delas.

O minidocumentário aborda os temas de sustentabilidade, redução de desigualdades e conservação de tradições regionais. É um trabalho cuja coautoria é compartilhada entre Odenilze Ramos, Rafael Bittencourt e Guilherme Novak, em parceria com membros da Comunidade Global Shapers de todo o Brasil.

Liderança jovem ribeirinha

Com apenas 22 anos, a jovem Odenilze Ramos nasceu e cresceu na comunidade Carão, na RDS do Rio Negro, e, desde a adolescência, participa de projetos de empoderamento comunitário e formação de lideranças jovens na floresta, como os desenvolvidos pela FAS, entre eles Repórteres da Floresta, Intercâmbio de Saberes, Incenturita, Escolas D’Água, Jornada Amazônia, Jovens Indígenas, Agroflorestal, Encontro de Empreendedoras Indígenas, Encontro do Instituto Liberta, Amazon Summer School, Workcamp e Pagamento por Serviços Ambientais (PSA).

Atualmente, Odenilze é uma das mobilizadoras do Projeto Jovens Protagonistas, implementado na RDS do Rio Negro pela Sema, com recursos do Programa Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa).

Em um dos seus mais recentes projetos, ela e outros jovens moradores da Unidade de Conservação criaram um manifesto que deu origem ao movimento “Somos Filhos da Floresta”, com objetivo de falar da relação entre a exploração e a desigualdade social na Amazônia a partir da ótica de quem mora e conhece a realidade local. O movimento “Somos Filhos da Floresta” se originou durante a participação de Odenilze e de outros jovens ribeirinhos no evento Intercâmbio de Saberes.

Vaquinha online

Para representar a Amazônia pessoalmente na Assembleia Geral da ONU, em Nova York, uma vaquinha online foi criada para arrecadar fundos para custear a viagem internacional. A meta é angariar R$ 7 mil. O link para doação é https://www.vakinha.com.br/vaquinha/odenaonu.

*Com informações da assessoria de imprensa da Sema