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Concurso de soluções inovadoras para Amazônia encerra sexta-feira (31); prêmio é apresentação em Nova York

 Rede convoca organizações, sociedade civil, universidades e institutos de pesquisa a inscreverem, até 31 de maio, ideias transformadoras para o desenvolvimento sustentável da região. A melhor solução participará de conferência em Nova York

A SDSN-Amazônia (Rede de Soluções para o Desenvolvimento Sustentável da Amazônia) está convocando soluções inovadoras ao desenvolvimento sustentável da região para o prazo final de inscrições no concurso da rede. Organizações, sociedade civil, universidades e institutos de pesquisa que já são membros da SDSN, têm até 31 de maio para inscrever ideias transformadoras ao desenvolvimento sustentável da região. A melhor solução será premiada e participará de conferência em Nova York.

O objetivo é divulgar, valorizar e incentivar projetos, pesquisas e tecnologias inovadoras, modelos de educação e de negócios, mecanismos institucionais, instrumentos políticos ou uma combinação dos mesmos que promovam soluções para desafios do desenvolvimento sustentável da região amazônica e que gerem impactos socioambientais significativos ao ecossistema. Todas as soluções serão divulgadas no site da SDSN-Amazônia e as cinco ideias mais inovadoras vão participar de uma webconferência no dia 28 de junho. A melhor solução será escolhida no dia 15 de julho por um comitê técnico-científico durante uma premiação.

Todo o concurso é organizado pela Plataforma de Soluções da SDSN-Amazônia, uma ferramenta online, georreferenciada e trilíngue (português, espanhol e inglês). Para concorrer, os membros da SDSN devem inscrever trabalhos até s 23h59 do dia 31 de maio preenchendo um formulário no site da rede e utilizando o idioma nativo. As soluções precisam abordar um problema específico e devem ser práticas, demonstráveis e impactantes. Quem não for membro da SDSN-Amazônia também tem a chance de participar enviando pedido de adesão à rede.

“O objetivo é divulgar ações e soluções que estão sendo feitas para o desenvolvimento sustentável da Amazônia, mas que muitas vezes ficam restritas às vitrines das organizações. Queremos mapear a maior quantidade de soluções para a bacia amazônica e que isso possa servir como ferramenta para investidores e pesquisadores que queiram saber mais sobre o assunto, e que isso também sirva como oportunidade de intercâmbio entre as soluções que estão sendo feitas nos países da Amazônia”, explicou Carolina Ramirez, gestora da Plataforma de Soluções da SDSN-Amazônia.

A melhor solução para desenvolver sustentavelmente a Amazônia será premiada e os autores serão levados para participar do Global Solutions Forum, na Conferência Internacional para o Desenvolvimento Sustentável (ICSD) de Nova York, prevista para acontecer em setembro de 2019 na cidade de Nova York (EUA). A conferência será uma oportunidade para apresentar o trabalho aos principais stakeholders e líderes de desenvolvimento sustentável do mundo. Além disso, a melhor solução inovadora receberá suporte de comunicação e divulgação profissional com produtos como brochura, vídeos, estratégia de mídia e suporte geral de comunicação.

SDSN e SDSN-Amazônia

A SDSN-Rede de Soluções para o Desenvolvimento Sustentável (Sustainable Development Solutions Network) existe desde 2012 com o objetivo de engajar a academia, sociedade civil e o setor privado a promoverem a resolução prática aos desafios do desenvolvimento sustentável do planeta, implementando uma agenda relacionada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e ao Acordo de Paris, em escala local, nacional e global.

Já a SDSN-Amazônia é a rede regional da SDNS na região amazônica, criada em 2014 e que visa mobilizar o conhecimento local na busca de soluções e boas práticas aos desafios para o desenvolvimento sustentável dos países da bacia amazônica (Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela). A SDSN-Amazônia tem papel único de promover diálogo entre universidades, centros de pesquisa, instituições e organizações sobre o objetivo final da SDSN.

FAS, UEA e centros de pesquisa do Brasil e da Alemanha discutem bioeconomia na Amazônia

Seminário voltado para debater pesquisas e estudos de bioeconomia também serviu como aquecimento para o Green Rio 2019. A Aliança para a Bioeconomia na Amazônia (Abio) também foi uma das participantes.

A Fundação Amazonas Sustentável (FAS), a Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e um conjunto de centros de pesquisa do Brasil e da Alemanha discutiram, em Manaus, durante dois dias, o desenvolvimento da bioeconomia na Amazônia e na Alemanha. O debate aconteceu durante o Seminário Brasil-Alemanha de Bioeconomia, ocorrido segunda (20) e terça-feira (21) no Auditório UNA-SUS Amazônia, na Escola Superior de Ciências da Saúde da UEA (ESA/UEA).

O evento debateu as pesquisas científicas em bioeconomia desenvolvidas nos dois países a partir dos estudos em biodiversidade e também serviu de aquecimento para o Green Rio 2019, uma das maiores feiras sobre economia verde e soluções inovadoras do Brasil que acontece os dias 23 a 25 de maio na cidade do Rio de Janeiro.

“Este fórum aproxima pesquisadores, centros de pesquisa alemães e nós, amazonenses, em um diálogo que chamamos de Amazônia 4.0. É estratégico para perspectiva de tornar a bioeconomia uma importante matriz econômica para o nosso Amazonas”, afirmou o reitor da UEA, Cleinaldo Costa, durante a abertura do seminário.

A partir da temática “Plantas Medicinais: Conectando Florestas, Ciências e Negócios”, os convidados discorreram sobre a realidade dos estudos na região amazônica. “A bioeconomia é um cenário potente no Amazonas. O desenvolvimento de pesquisas em parceria com instituições de ensino, empresas, indústrias e com as populações tradicionais e indígenas, detentoras de rico conhecimento etnobiológico, é importantíssimo. É um setor rico e que pode gerar renda, empregos e impulsionar a economia”, disse o superintentende-getral da FAS, Virgílio Viana.

Para o empreendedor de Parintins, José Garrido, o seminário foi uma oportunidade de levar o conhecimento desenvolvido nas pesquisas científicas para pessoas da comunidade dele. “Eu trabalho com diversos tipos de plantas medicinais que o mercado não oferece já faz 35 anos. Há indústrias que trituram as plantas para mim, onde no meu pequeno laboratório (eu) as embalo adequadamente”, afirmou.

Apoio a bioeconomia

A visão de movimentar os setores primários, a partir da geração de renda foi um tópico pontuado pelo secretário do Ministério da Agricultura, Fernando Schwanke, presente no evento. “A ideia de estarmos aqui participando desse momento é justamente essa: mandar um recado claro para o governo federal, para que ele tenha o interesse de apoiar as iniciativas da bioeconomia no Brasil, porque isso é importante para o País todo. Queremos, sim, usar a bioeconomia de forma sustentável, mas que beneficiem os agricultores, os ribeirinhos e os extrativistas, e que gere renda a eles”, enfatizou.

Sobre o processo de industrialização dos recursos produzidos a partir dos bens naturais encontrados na floresta, o coordenador da Aliança para a Bioeconomia na Amazônia (Abio), João Matos, destacou a importância das pesquisas para o desenvolvimento da área. “Há 20 anos quem imaginaria que poderíamos comprar farinha do Uarini no supermercado com regras de produção e segurança alimentar? Isso também pode entrar na Zona Franca, dentro das empresas do Polo Industrial de Manaus, porque as fibras das nossas espécies vegetais podem formar painéis de automóveis ou aparelhos celulares, e as nossas universidades já têm essas informações”, complementou.

Participantes

Além da FAS, da UEA e da Abio, o evento também contou com a participação do Ministério de Agricultura da Alemanha, do Tribunal de Contas do Estado do Amazonas (TCE-AM), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (UNIFESSPA), entre outros.

“Fico feliz em verificar que a UEA, em sintonia com o raciocínio do nosso governador Wilson Lima, tem buscado mecanismos para diversificação de nossa economia. A universidade, junto com os meios de produção, acaba gerando os mecanismos necessários para que possamos alavancar o resultado social esperado de geração de emprego e renda para o interior”, declarou o vice-governador do Amazonas, Carlos Almeida Filho, presente na abertura do seminário.

Estão abertas as inscrições para expositores da próxima edição da Feira da FAS

O evento chega agora à 13ª edição com o objetivo proporcionar a experiência de consumir produtos diretamente de quem faz, fomentando um ciclo de sustentabilidade e estimulando a economia criativa.

A Fundação Amazonas Sustentável (FAS) abriu inscrições para empreendedores de gastronomia, variedades e jardinagem que estejam interessados em participar como expositores da próxima edição da Feira da FAS, marcada para acontecer no dia 16 de junho. As inscrições devem ser realizadas até 28 de maio aqui mesmo no site da FAS, clicando neste link.

O evento, que comemorou um ano no último domingo (19), chega agora à 13ª edição e tem o objetivo de construir uma “ponte” entre o pequeno empreendedor e o público, proporcionando a experiência de consumir produtos diretamente de quem faz, fomentando um ciclo de sustentabilidade e estimulando a economia criativa.

Cerca de duas mil pessoas participaram da última edição da Feira da FAS, que acontece mensalmente na sede da Fundação Amazonas Sustentável (FAS), na rua Álvaro Braga, 351, no bairro Parque Dez, Zona Centro-Sul de Manaus. “A ideia é fomentar esse ciclo de sustentabilidade e estimular a economia criativa, com venda direta do produtor para o consumidor, valorização da identidade local, produção sob demanda e consumo de bens sustentáveis”, explicou o coordenador da feira, Cleber Santos.

Podem participar expositores de artesanato, moda, design, decoração, jardinagem, artigos naturais, livros, colecionáveis, roupas, acessórios, gastronomia, produtos orgânicos e veganos, entre outros. A seleção dos participantes é feita com base em quesitos como sustentabilidade, economia verde, criativa e solidária, além de contribuição para melhorar a qualidade de vida na cidade.

A lista com o resultado dos expositores selecionados será anunciada no próximo dia 31 de maio, através dos canais de comunicação da FAS e no Instagram da feira (@feiradafas). Os selecionados serão convocados via e-mail para uma reunião obrigatória com a organização, prevista para 8 de junho, na sede da FAS. Mais informações podem ser obtidas no e-mail: feiradafas@gmail.com.

Comitiva de alemães visita modelo sustentável de geração de renda em comunidade no Rio Negro

UEA, Abio e FAS receberam cientistas, empresários e representantes do governo alemão como parte da programação de Seminário Brasil-Alemanha de Bioeconomia.

Com o objetivo de compartilhar o modelo sustentável de geração de renda na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Rio Negro, a Universidade do Estado do Amazonas (UEA), a Aliança para a Bioeconomia da Amazônia (ABio) e a Fundação Amazonas Sustentável (FAS) levaram uma comitiva de cientistas, empresários e representantes do governo alemão à comunidade do Tumbira, beneficiada por estratégias de conservação na região amazônica. A visita faz parte da programação de Seminário Brasil-Alemanha de Bioeconomia.

O vice-reitor da UEA, Cleto Leal, ressaltou o quão importante é proporcionar aos convidados uma apresentação a uma comunidade do Amazonas que apesar da simplicidade pode ser transformada através de um modelo sustentável. “Com certeza demos um novo olhar aos convidados alemães em relação ao Amazonas. Conhecendo nossa realidade conseguimos fazer várias coisas, mantendo a floresta, a comunidade e o desenvolvimento sustentável. O mais importante é o conhecimento tradicional que a comunidade tem”, salientou.

O coordenador internacional de bioeconomia do Ministério da Agricultura da Alemanha, Tilman Schachtsiek, declarou estar impressionado com os avanços da comunidade desde a última visita, feita há dois anos. “Tivemos essa mesma impressão quando estivemos aqui anteriormente. Por isso, pedimos o apoio do governo alemão. Desde então vi um desenvolvimento bastante grande e estamos felizes que esses recursos estejam sendo usados de forma sustentável. O motivo de estarmos aqui é para enxergar o potencial de outros tipos de projeto”, explicou.

Pela primeira vez no Brasil, Frank Ordon, presidente do Instituto de Pesquisa de Criação de Plantas Hortícolas da Alemanha, Julius Kühn-Institut (JKI), disse ser uma grande honra estar num lugar com muita informação sobre sustentabilidade, produtividade florestal e bioeconomia. “Nós somos colegas em campos medicinais e estamos felizes em observar uma colaboração com cientistas brasileiros. Temos um projeto em comum com a JKI, trabalhamos com genéticas de plantas medicinais, produção de plantas agrícolas e proteção de plantas para melhora de produtos ecológicos. Acabo de perceber hoje que temos algumas plantas em comum como a sálvia, mas também há outras totalmente diferentes”, ponderou.

Para o geneticista Severin Polreich, existe um potencial de biodiversidade na região e é preciso trabalhar para aprofundar esse conhecimento. “Não adianta apenas falar da biodiversidade que se mostra em exemplos práticos e não colocar isso na prática, colocar a mão na massa, mostrar o que tem de diversidade e o que dá para fazer com aquilo”, ressaltou Severin.

Seminário de Bioeconomia

Nesta terça (21), a comitiva de alemães participa do Seminário Brasil-Alemanha de Bioeconomia, com o tema “Plantas Medicinais: Conectando Florestas, Ciências e Negócios”, realizado no Auditório da Universidade Aberta do SUS (UNA-SUS), na Escola Superior de Ciências da Saúde (ESA/UEA), na avenida Carvalho Leal, nº. 1777, Cachoeirinha.

Na quarta (22), a comitiva viaja para a cidade do Rio de Janeiro, juntamente com pesquisadores da UEA, onde acontece a 7ª edição da conferência internacional Green Rio, para discutir temas acordados entre os governos de Brasil e da Alemanha no cenário da Bioeconomia.

Comunidade do Tumbira

Com 180 pessoas e 35 famílias, a comunidade do Tumbira é um modelo de bioeconomia e um modelo sustentável de geração de renda, com empreendimentos de turismo de base comunitária, que fica situada dentro da RDS Rio Negro, uma Unidade de Conservação (UC) onde a FAS atua, em cooperação técnica com a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema).

FAS apoia Fundação Estadual do Índio a elaborar plano estratégico de ações 2019

 Com apoio da FAS, técnicos indígenas e membros da Fundação Estadual do Índio (FEI) elencaram prioridades que deverão ser levadas até secretarias estaduais. Orçamento também foi dividido

Promover a valorização dos povos indígenas do Amazonas, criar políticas públicas em defesa dessas populações e elaborar um planejamento estratégico de ações a nível de Estado em benefício dessas comunidades foram os objetivos de uma oficina promovida, em Manaus, com o apoio e parceria da Fundação Amazonas Sustentável (FAS) em conjunto com a Fundação Estadual do Índio (FEI).

A oficina aconteceu tanto na capital, na sede da FAS, quanto na comunidade indígena Três Unidos, na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Rio Negro, em Iranduba. “O objetivo foi elaborar um planejamento estratégico e também o orçamento 2019 da FEI, que é o órgão do Executivo estadual responsável por promover e coordenar a execução da política indigenista no Estado. São demandas antigas e reprimidas, resultados de conferências estaduais e demandas atuais nas áreas de saúde, educação, geração de renda, territórios, políticas públicas, que ainda não chegaram às comunidades”, explicou Mariazinha Baré, coordenadora da Agenda Indígena do Programa de Soluções Inovadoras (PSI), da FAS.

As demandas dos indígenas serão posteriormente encaminhadas e executadas pelas secretarias estaduais no Amazonas de acordo com a área de atuação, bem como o orçamento dividido entre as pastas, como educação tecnológica (Cetam), produção rural (Sepror), assistência social (Seas), cultura (SEC), saúde (Susam/FES), infraestrutura (Seinfra) e esporte (Sejel). A FEI tem um importante papel de coordenar a execução dessas políticas juntos a essas secretarias.

“Planejamos aqui tudo o que os povos indígenas almejam e é isso o que queremos colocar na execução. Eles já pediram tanto ao governo e o que estamos colocando é a demanda deles, o que o governo vai estar implementando na prática”, afirmou Alva Rosa Tukano, do povo Tukano e membro da Secretaria de Estado de Educação (Seduc). AS demandas da Educação para as populações indígenas têm recurso específico repassado pelo governo federal.

Educação e escolas

Segundo Mariazinha Baré, da FAS, entre as demandas para Educação está a construção de escolas, a formação de professores indígenas e a elaboração de projetos político-pedagógicos. “Tem um problema muito sério na questão da construção das escolas. Existe um padrão de infraestrutura de escola indígena que foge do convencional, mas a maioria das empresas que vão construir acabam abandonando a obra, ficam pedindo aditivo ou usam de má-fé, colocam um preço abaixo do mercado e, quando ganham (a licitação), vê que a realidade é diferente. O governo contrata, mas acaba também abandonando”.

Outro problema na Educação indígena, segundo Mariazinha Baré, é a origem dos professores, que segundo ela deveriam ser também indígenas e moradores das próprias comunidades. “Existe uma educação escolar indígena diferenciada, mas o próprio Estado não consegue aplicar essa política. Muitos professores são profissionais que não condizem com a realidade indígena, eles vêm de fora e não ficam nas comunidades. Além disso, a própria formação de professores indígenas precisa ser repensada”, completou a coordenadora da Agenda Indígena.

A elaboração de projetos político-pedagógicos é outro entrave na educação indígena. “Existe uma legislação que fala que cada escola deve ter seu projeto político pedagógico, mas isso não acontece na prática, ou seja, não existe”, alertou Mariazinha. “A educação escolar indígena, por exemplo, é diferenciada até no calendário escolar. No período de caça e pesca, a comunidade toda participa e as crianças também, e isso afeta o calendário escolar convencional e acaba causando uma evasão”.

Saúde

As ações voltadas para a Saúde dos povos indígenas seguem uma política pública específica através da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), responsável por coordenar e executar a Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas e todo o processo de gestão do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena (SasiSUS) no Sistema Único de Saúde (SUS), e é executada pelos Distritos Sanitários Especiais Indígenas (Dseis), que são uma rede de serviços implantada nas terras indígenas para atender esses povos a partir de critérios geográficos, demográficos e culturais. O objetivo é garantir aos povos indígenas o acesso à atenção integral à saúde, conforme princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS), mas contemplando a diversidade social, cultural, geográfica, histórica e política dos indígenas.

Entretanto, segundo Mariazinha, é preciso rever e executar a contento as ações voltadas para a Saúde indígena. “Um dos problemas é que os profissionais de saúde geralmente só têm formação para trabalhar em área urbana, nas faculdades não há disciplinas sobre medicina indígena e tradicional. Então é levado para dentro das comunidades um conhecimento totalmente diferente da realidade dessas populações. Você vai tratar um indígena com tuberculose, por exemplo, se você não explicar para ele que tem que tomar o remédio durante seis meses e o porquê, ele vai deixar de tomar porque foge ao conhecimento medicinal deles. O entendimento de saúde, doença e cura é diferente”, alertou a coordenadora do PSI, Mariazinha Cordeiro.

Próximos passos

O planejamento estratégico e orçamentário de 2019 da Fundação Estadual do Índio (FEI) deverá ser encaminhado ao Ministério Público Federal (MPF-AM), ao Governo do Amazonas e às secretarias estaduais. “A parte fundamental dessa parceria é criar um planejamento estratégico que possa atender as demandas indígenas e que possamos criar uma política indigenista no Estado voltada à realidade das comunidades indígenas do Amazonas”, ponderou Camico Baniwa, diretor técnico da FEI.

O superintendente-geral da FAS, Virgílio Viana, reafirmou a importância da parceria entre as duas instituições para pensar em políticas e ações em favor das comunidades indígenas no Amazonas. “O mais importante é que essa parceria entre a FEI e a FAS possa contribuir para a elaboração do planejamento estratégico do órgão deste ano e fundamentar o plano dos próximos quatro anos, desenvolvendo ações voltadas para saúde e educação dos povos indígenas que vivem nas comunidades e terras indígenas do Amazonas”, disse.

Jovens ribeirinhos do Amazonas debatem juventude e futuro da região em encontro em Manaus

Direitos e proteção da criança e do adolescente, conservação ambiental e empoderamento jovem foram temas durante semana de atividades do 2º do Encontro de Jovens Líderes, promovido pela FAS.

Jovens ribeirinhos do Amazonas com idades de 13 a 17 anos, oriundos de diversos municípios e que são lideranças jovens em suas regiões, estiveram em Manaus na última semana durante o 2º Encontro de Jovens Líderes, um evento promovido pela Fundação Amazonas Sustentável (FAS) com objetivo de reunir a juventude amazônica para debater o futuro e as problemáticas da região. Direitos e proteção da criança e do adolescente, conservação ambiental, afetividade e sexualidade, autoestima e vocação jovem foram temas debatidos.

Com longa programação de oficinas a rodas de conversa, debates, filmes e passeios culturais, o 2º Encontro de Jovens Líderes reuniu 39 adolescentes, meninos e meninas, de diversos municípios: Manaus, Iranduba, Itapiranga, Novo Aripuanã, Tefé, Maraã, Uarini, Eirunepé e Carauari, oriundos das Unidades de Conservação RDS Rio Negro, RDS Puranga Conquista, RDS Uatumã, RDS Juma, RDS do Rio Madeira, RDS Anamã, RDS Mamirauá, RDS do Uacari, Resex Rio Gregório e Resex Catuá-Ipixuna.

O evento é promovido pelo Programa de Desenvolvimento Integral de Crianças e Adolescentes Ribeirinhas na Amazônia (Dicara), que já atua nas UCs do Estado com cooperação estratégica da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema). “O encontro de jovens está baseado no trabalho que a gente vem fazendo nas comunidades, em três vertentes: educação, saúde e assistência social. É o nosso principal eixo, apresentar para os meninos e meninas caminhos que possam enxergar na vida que não seja o das drogas, do alcoolismo e do abuso sexual”, explicou Ademar Cruz, coordenador do Dicara.

Segundo Ademar, os jovens ribeirinhos já participam das atividades do Dicara nos municípios, mas em Manaus puderam adquirir novos conhecimentos e aprendizados e passaram a entender o mundo da cidade levando em conta a realidade de suas comunidades. “Eles fizeram visitas e puderam enxergar a vida urbana na grande cidade, comparando com a vida que têm nas comunidades”, ressaltou. “O mais legal é que mais da metade deles nunca tinha vindo a Manaus. Então o encontro por si só trouxe essa oportunidade, eles puderam se conhecer e aumentar suas regiões de contato”.

Debora Pinheiro Nunes, de 16 anos, da comunidade Lago Grande, na Reserva Extrativista (Resex) Rio Gregório, em Eirunepé, foi uma das participantes do Encontro de Jovens Líderes. “Eu cheguei bem tímida, mas aí comecei a fazer amizades, conversar, e perdi a timidez. Fiz amizade com todo mundo e foi bem legal porque trocamos experiências. Deu para ver que apesar de vivermos outras realidades, o que gente quer é a mesma coisa, o mesmo objetivo, um futuro melhor para todos da região amazônica e para a natureza”, disse.

Enfrentamento à Violência Sexual

Um dos momentos mais importantes do encontro foi a participação dos jovens no Seminário de Enfrentamento à Violência Sexual contra a Criança e o Adolescente, promovido pelo Governo do Amazonas através da Secretaria de Estado de Assistência Social (Seas). “Nós conseguimos encaixar a participação deles nesse seminário e eles puderam ter acesso a dados como, por exemplo, o registro de 4 mil denúncias de abusos sexuais contra crianças no Amazonas só em 2018. Esperamos que eles levam para os municípios deles, para os jovens que ficaram nas comunidades, o conhecimento adquirido aqui”, lembrou Ademar Cruz.

Ruanderson Martins Cabral, de 17 anos, da comunidade Santa Maria do Uruá, na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Rio Madeira, em Novo Aripuanã, participou do seminário e disse que pretende fazer palestras para pais e outros jovens sobre o conteúdo de violência sexual. “Cerca de 70% dos casos de violência sexual infantil acontecem dentro das próprias famílias das vítimas. São avós, tios, pais. Então eu e outros colegas estamos organizando palestras para levar esse conhecimento e alertar os pais e outras crianças”, disse.

Segundo Ademar Cruz, a participação dos jovens no encontro demonstra o resultado positivo das ações promovidas pelo Dicara nos municípios. “A gente olha para o final do encontro e enxerga que o que a gente tem feito tem surtido efeito. As crianças falaram em projetos, falaram que querem voltar para suas comunidades e aplicar as ideias desenvolvidas aqui, transformar em projetos como melhoria do aterro sanitário da comunidade, formas de enfrentamento a violência sexual infantil, recuperação de áreas degradadas. Dá para perceber que tem uma sementinha plantada”.

Empoderamento

Também no encontro os jovens ribeirinhos puderam aprender fundamentos de liderança e gestão e como elaborar e construir projetos. “Estamos preparando esses jovens para assumir, futuramente, as associações de moradores de suas comunidades, para ter mais qualidade na gestão dessas associações. Eles estão começando cedo a entender o que é uma organização, o papel de uma liderança e o papel deles enquanto jovens. Inclusive muitos já demonstraram que na próxima eleição já vão se candidatar às associações”, ressaltou Ademar Cruz.

Ao final, os jovens produziram uma carta com demandas de prioridades e desejos para a juventude e a região amazônica. Tal documento deverá ser entregue aos líderes adultos das comunidades e diretores de associações. “Eles colocaram os sonhos deles num papel, deixaram uma carta para ser discutida no encontro de lideranças, dos adultos, que vão ter a tarefa de pegar os desejos deles e apresentarem numa pauta de ações”, finalizou Ademar Cruz.

Programa Dicara

O segundo Encontro de Jovens Líderes foi promovido por meio do Programa de Desenvolvimento Integral de Crianças e Adolescentes Ribeirinhas na Amazônia (Dicara), que tem por objetivo desenvolver ações voltadas à garantia dos direitos de crianças e adolescentes de Unidades de Conservação (UC) no Amazonas, com foco no enfrentamento à vulnerabilidade social, evasão escolar, menor acesso à educação de qualidade, exclusão digital e cultural, violência doméstica, exploração sexual e do trabalho infantil.

O Dicara recebe apoio do Banco Bradesco, Unilever, EMS, Lojas Americanas, Ball, Ticket Log, BIC e Repom, que investem parte do Imposto de Renda devido nos Fundos Municipais da Criança e do Adolescente (FUMCAD) de cada município. A ação conta também com apoio da Samsung.

Parceria da FAS com Fundo Amazônia tem eficácia reconhecida pelo Governo da Alemanha e TCU

Avaliações de agência internacional e do Tribunal de Contas da União fazem menções elogiosas ao trabalho desenvolvido pela Fundação.

O programa de desenvolvimento sustentável de comunidades ribeirinhas executado pela Fundação Amazonas Sustentável (FAS) e apoiado pelo Fundo Amazônia/BNDES tem eficácia reconhecida nacional e internacionalmente. É o que apontam avaliações independentes feitas pelo Governo da Alemanha e pelo Tribunal de Contas da União (TCU).

Beneficiando cerca de 40 mil pessoas em 16 Unidades de Conservação do Amazonas, o programa teve eficácia de 30% de redução do desmatamento no período de 2008 a 2012, e de 43% no período de 2013 a 2017, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Especiais (INPE) disponíveis no relatório da FAS.

Considerando apenas o período do primeiro apoio do Fundo Amazônia, que já foi concluído e teve sua prestação de contas já aprovada pelo BNDES, a eficácia foi de 55% de redução do desmatamento. A FAS aplica ações de desenvolvimento sustentável em comunidades localizadas dentro de UCs, em cooperação com a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema).

Avaliação internacional independente

O projeto apoiado pelo Fundo Amazônia desenvolvido pela FAS foi objeto de uma avaliação realizada por um organismo internacional independente, a CEPAL, que foi contratada pelo governo alemão. O relatório foi extremamente positivo e os resultados são públicos, disponíveis no site do Fundo. Abaixo, alguns trechos.

“Em todas as cadeias, foram realizados investimentos que melhoraram os modos de produção e aumentaram tanto a receita quanto a renda familiar média mensal.” (p.8)

“O projeto foi executado com alta qualidade gerencial e técnica em todas as suas etapas. Considerando a dificuldade de se conduzir um processo de empoderamento comunitário em 15 unidades de conservação estaduais, sendo 11 reservas de desenvolvimento sustentável, uma floresta estadual e uma área de proteção ambiental e duas reservas extrativistas espalhadas em quatro calhas de rio do Estado do Amazonas, cada uma com suas peculiaridades, o projeto foi realizado da forma mais eficiente possível em termos de aproveitamento dos recursos”. (p.9)

“Com resultados positivos na sua execução, os impactos observados do projeto Bolsa Floresta foram uma melhoria na qualidade de vida devido ao aumento da renda e a organização social fortalecida. Os beneficiários desenvolveram capacidade de ação e decisão sobre seu território, se tornando protagonistas para a conservação das florestas e da biodiversidade. Percebeu-se um impacto positivo no desmatamento evitado e na redução da quantidade dos focos de calor nas UC atendidas pelo projeto, ambos menores em comparação com unidades de conservação estaduais não-apoiadas” (p.9)

“Em todas as cadeias, foram realizados investimentos que melhoraram os modos de produção e aumentaram tanto a receita quanto a renda familiar média mensal. Todas as cadeias produtivas apoiadas agregaram valor nos produtos, com destaque para o artesanato. (p.8)”

“O Efeito Direto IV teve foco no objetivo geral do Fundo Amazônia, destinado ao controle das práticas de desmatamento e da degradação florestal, foi alcançado realizando capacitações e sensibilizações em prol da conservação ambiental e envolvendo os moradores em processos de vigilância voluntária. Mesmo com a existência de fatores antrópicos associados ao garimpo e especulação imobiliária, entre outros, a localização distante do eixo do desmatamento de boa parte das UC apoiadas foi um fator externo que influenciou positivamente no alcance deste efeito.” (p.9)

Avaliação do TCU

O projeto desenvolvido pela FAS também foi objeto de uma avaliação de rotina do Tribunal de Contas da União (TCU), uma vez que os recursos são oriundos do BNDES, uma instituição federal. A avaliação foi extremamente positiva e o relatório é público, disponível no site do tribunal. Confira abaixo alguns trechos.

A equipe registrou que o projeto é “de extrema importância para as comunidades atendidas, que o tem como uma alternativa para aumento de renda familiar, seja pela venda dos artesanatos, das hortaliças, do turismo ou outra atividade apoiada” e, ainda, “que as pessoas se sentem valorizadas pelo exercício dessas atividades, considerando as limitações impostas pelas distâncias das comunidades entre si e destas com a Capital”.

Nesse contexto, ressalto depoimento dado à equipe de auditoria na Comunidade de Marajá/RDS Rio Negro, reportada da seguinte forma:

Em conversa com membro da equipe de auditoria, um senhor pertencente à comunidade informou que os recursos do Fundo Amazônia os têm auxiliado muito. Anteriormente, por escassez de recursos financeiros, só conseguiam cultivar no período da chuva e que atualmente conseguem produzir o ano todo, contando com os recursos e insumos disponibilizados pelo Projeto, tendo mencionado os relativos à irrigação e adubação como os mais importantes.

Delegação do banco alemão KfW visita ações sustentáveis em comunidades ribeirinhas no Amazonas

Iniciativas como o Programa Bolsa Floresta e empreendimentos de turismo de base comunitária, beneficiados com recursos do Fundo Amazônia, puderam ser conhecidas de perto pelo banco investidor

Ações sustentáveis desenvolvidas em comunidades ribeirinhas no Amazonas, dentro de Unidades de Conservação (UC) do Estado, puderam ser conhecidas nesta quarta (15) e quinta-feira (16) pela delegação do banco alemão KfW, instituição bancária estatal da Alemanha e uma das maiores apoiadoras do Fundo Amazônia, fundo que capta doações para iniciativas de conservação ambiental e uso sustentável na Amazônia. A visita teve o objetivo de averiguar a aplicação de recursos do Fundo Amazônia em ações sustentáveis.

Uma dessas iniciativas é o Programa Bolsa Floresta (PBF), uma política pública criada e implementada pela Fundação Amazonas Sustentável (FAS) que recompensa populações ribeirinhas e indígenas moradoras de UCs por assumirem o compromisso contra o desmatamento da floresta. O programa, que também ajuda a melhorar a qualidade de vida das populações, é desenvolvido atualmente em 16 Unidades de Conservação do Estado, com cooperação estratégica da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema).

Durante dois dias a comitiva de técnicos do banco KfW, formada por alemães e brasileiros, visitou duas comunidades ribeirinhas, a do Tumbira e a do Santa Helena do Inglês, situadas dentro da Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Rio Negro, no município de Iranduba, e onde funcionam empreendimentos turísticos gerenciados pelos próprios ribeirinhos e desenvolvidos com recursos do Bolsa Floresta (PBF), com apoio técnico da FAS.

Os empreendimentos turísticos são uma oportunidade de geração de renda alternativa à exploração não-sustentável dos recursos da floresta, como a Pousada Garrido, na comunidade Tumbira. “É extraordinário o que eles fazem aqui. Vamos voltar semana que vem para a Alemanha e ninguém vai acreditar no que vimos. Por isso gravamos tudo. Tudo o que fazem aqui é muito importante”, ponderou Joachim Nagel, um dos diretores do KfW presente na visita.

O superintendente-geral da FAS, Virgílio Viana, ressaltou a importância do apoio do banco alemão KfW a ações sustentáveis na Amazônia. “A FAS apoia a atividade de turismo desde o início. Quando a gente começou no turismo de base comunitária aqui só tinha a casa (pousada) do Garrido. Hoje cresceu e são três famílias, com três pousadas. Queremos fazer o turismo uma atividade importante para o futuro da região e espero que nossos visitantes, os alemães, possam levar para casa a mensagem de que aqui é um lugar especial”.

A representante do Fundo Amazônia, Angela Albernaz Skaf, também acompanhou a visita da comitiva do KfW.

Orquestra de violões

Ao final da visita da delegação do banco KfW, os turistas alemães e os próprios moradores da comunidade ribeirinha do Tumbira puderam assistir, juntos, a apresentação de um espetáculo da Orquestra de Violões do Amazonas (Ovam), como parte da programação do 22º Festival Amazonas de Ópera (FAO), promovido pelo Governo do Amazonas, através da Secretaria de Estado de Cultura (SEC).

O aposentado Raimundo Antério Alves, de 72 anos, morador do Tumbira, assistiu pela primeira vez na vida a apresentação de uma orquestra. “Eu achei maravilhoso. Nasci e cresci no Tumbira e nunca tinha visto assim de perto alguém tocando esses instrumentos, foi a coisa mais linda”, disse Antério, beneficiado pelo Programa Bolsa Floresta (PBF).

Diálogo entre ribeirinhos e poder público é principal resultado do XXII Encontro de Lideranças

Evento que reuniu líderes de comunidades das UCs do Amazonas proporcionou debates, palestras e capacitações com objetivo de aprimorar o Programa Bolsa Floresta, melhorar a qualidade de vida das populações e diminuir o desmatamento nessas regiões

XXII Encontro de Lideranças do PPrograma Bolsa Floresta encerrou na noite desta sexta-feira (31), em Manaus, após uma semana de debates, palestras e capacitações, reunindo num só lugar, nd sede da Fundação Amazonas Sustentável (FAS), 47 líderes ribeirinhos de Unidades de Conservação (UC) com objetivo de discutir desafios e soluções para aprimorar a política pública do Bolsa Floresta, melhorar a qualidade de vida das comunidades e diminuir o desmatamento nessas regiões. O evento contou com apoio do Fundo Amazônia/BNDES, Bradesco e Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema).

O contato direto entre comunitários e o poder público foi um dos diferenciais dessa edição. É o que conta a líder comunitária Brenda Monique Valentim, da comunidade São Francisco do Igarapé do Chita, na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Faz arquivo Conquista, na zona rural de Manaus. “Foi ótimo porque houve a participação de vários órgãos que vieram nos ouvir e ver como é a realidade nas comunidades. Foi um evento mais voltado à nossa realidade. Os secretários estaduais nos ouviram bastante, tiveram intervalos de perguntas e nós pudemos expressar o que a gente quer para as nossas comunidades”, disse.

A superintendente de Desenvolvimento Sustentável da FAS, Valcléia Solidade, que já coordenou o Programa Bolsa Floresta, também citou a forte presença do poder público. “O Estado esteve muito presente, o que tem sido inédito nesta edição. E um dos nossos objetivos é fazer com que tanto o Estado como a sociedade saibam o que está acontecendo dentro das Unidades de Conservação, que eles entendam o processo, os avanços que esses ambientes proporcionam às famílias e comunidades, à conservação ambiental e também os desafios que temos pela frente”, completou.

O XXII Encontro de Lideranças foi realizado pela FAS em parceria com a Secretaria de Meio Ambiente (Sema) e o titular da pasta, Eduardo Taveira, participou de diversos momentos do evento, como o diálogo sobre os avanços e os desafios das políticas públicas de meio ambiente no Amazonas. “Não podemos definir políticas públicas sem ouvir quem é diretamente impactado por elas. Durante o encontro a nossa equipe pôde escutar cada representante que está presente, saber cada desafio enfrentado por eles e, assim, pensar nas melhores estratégias para oferecer um serviço público mais eficiente”, disse.

Debates e diálogos

Diversas temáticas foram debatidas durante o XXII Encontro de Lideranças do Bolsa Floresta, como acesso a água potável, monitoramento ambiental, resíduos sólidos, manejo florestal, política, Microcredele, bioeconomia, empreendedorismo ribeirinho, a rodovia BR-319, violência sexualsegurança pública, entre outros. “Trouxemos ao encontro temáticas novas como a bioeconomia e a questão da segurança pública dentro das comunidades ribeirinhas e nos rios. Ter alguém da segurança no encontro para ouvir o desabafo dos comunitários e entender o que se passa nesses lugares tão distantes foi essencial”, reforçou a superintendente Valcléia Sólidoade.

líder comunitário Jerôncio Catulinus de Sousa, da comunidade S. João do Piagaçu, O sal de anamem Maraã, a perto de 600 quilômetros de Manaus, enfatizou a importância de debater segurança nas Unidades de Conservação. “Foi muito bom esse espaço para falar de segurança. Pudemos mostrar a nossa realidade e pedir mais fiscalização nos nossos rios. Pela primeira vez as secretarias de Estado estavam quase todas e isso para nós é uma grande alegria. Poder ser ouvido, ouvir o que eles têm a dizer e levar tudo para a minha comunidade. Espero os próximos encontros continuem assim, os secretários apoiando as Unidades de Conservação”, disse.

Capacitações

Capacitações e formações também fizeram parte da programação do XXII Encontro de Lideranças. Os líderes comunitários receberam diversos treinamentos e puderam aprender desde sobre informática básica, a gestão de resíduos sólidos, como proporcionando contas do dinheiro público, como elaborar e redigir projetos, como montar um modelo de negócios, educação financeira e microcrédito, entre outros.

“O mais importante que vou levar para a minha comunidade são os projetos de turismo, que é o mais próximo da nossa realidade. A gente trabalha com ecoturismo e foi possível receber diversas propostas de projetos para a nossa RDS. Sem falar da bioeconomia, que também faz parte da nossa reserva. Como podemos melhorar a nossa produção voltada à bioeconomia, novos projetos, novos medicamentos naturais”, conta Brenda Monique Valentim, da Reserva de Desenvolvimento Sustentável arquivo Conquista.

Papo Sustentável

Outro momento importante do XXII Encontro de Lideranças foi o Papo Sustentável sobre acesso a água potável nas comunidades. Soluções para levar água a regiões remotas do Amazonas foram compartilhadas durante o debate. “Esse momento foi muito especial. Pudemos sentir e perceber a satisfação dos comunitários com os investimentos feitos para levar água a esses locais. Água é vida e foi maravilhoso ouvir a experiência dessas pessoas e a forma como estão se organizando para gerir sistemas de água. Porque muito mais importante do que ter acesso a água é manter esse acesso por um longo período”, explanou Valcléia Solidade.

Entre as iniciativas apresentadas estavam o projeto Água+Acesso, que implanta nas comunidades estações de captação, tratamento e distribuição de água a partir de energia sustentável, por meio do Instituto Coca-Cola, Fundação Avina e o WTT Mundial transformando Technologies, e também a parceria com a multinacional Procter & Gamble para distribuir sachês com pó que purifica e transforma água poluída em potável para localidades sem acesso ao serviço. “Hoje a gente tem água boa, quase mineral dentro de casa”, comemorou Deuziano Pinheiro, líder comunitário na Reserva Extrativista (Resex) do Rio Gregório, que recebeu 48 mil unidades do sachê da P&G, o suficiente para limpar até 480 mil litros de água.

Metas e desafios

Até o próximo encontro, os líderes ribeirinhos e o poder público têm ações a serem cumpridas. É o que reforça Valcléia Solidade“Os líderes estão aqui representando as comunidades. Eles fazem acertos e ajustam estratégias de ação. Do ponto de vista político se fortalecem como lideranças para cobrarem poder público. E entre os desafios estão continuar os projetos em andamento e continuar mantendo a floresta em pé e o índice de desmatamento lá embaixo. Além de continuar fazendo as associações gerirem os próprios recursos, ter cada vez mais transparência, gerenciar seus produtos e cadeias produtivas. Tem muita coisa a ser feita, não só pou eles, mas pela FAS também”.

Entre os parceiros do XXII Encontro de Lideranças estão Fundo Amazônia, Bradesco, Governo do Amazonas, Sema, Ministério Público Federal (MPF), Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam), Aliança para a Bioeconomia da Amazônia (Abio), Fundo Newton, Coca-Cola Institute, Fundação Avina, WTT, Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Instituto Nacional de Pesquisas na Amazônia (Inpa), as secretarias de Produção Rural (Sepror)Planejamento, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Seplancti), Segurança Pública (SSP), Assistência Social (Seas), Educação (Seduc), cultura (SEC), Ministério Público de Contas (MPC), Procuradoria-Geral do Estado (PGE), Assembleia Legislativa do Amazonas e as dezenas de associações das comunidades.

Bolsa Floresta

O Programa Bolsa Floresta (PBF), foco das ações do XXII Encontro de Lideranças, é uma política pública implementada pela FAS em 16 Unidades de Conservação (UC), em cooperação técnica da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), com objetivo de recompensar populações tradicionais, ribeirinhas e indígenas, que vivem dentro das áreas de floresta pelos serviços prestados em favor da conservação ambiental. O PBF é mantido com recursos do Fundo Amazônia/BNDES, do Bradesco e da Coca-Cola e apoio do Governo do Amazonas, por meio da Sema.