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Ufam e UEA se filiam à rede SDSN-Amazônia

Pensando em visibilizar as pesquisas desenvolvidas em termos de geração de conhecimento e inovações as duas universidades se filiaram à Rede de Soluções para o Desenvolvimento Sustentável da Amazônia

A Ciência no Brasil e no mundo é imprescindível para a transformação de uma sociedade sustentável e é responsável por propor e implementar soluções aos desafios como conter as mudanças climáticas, erradicar a pobreza e tornar a sociedade menos desigual. Pensando em visibilizar as pesquisas que estão sendo desenvolvidas para isso e em termos de geração de conhecimento e inovações na Pan Amazônia que a Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e a Universidade do Estado do Amazonas (UEA) se filiaram à Rede de Soluções para o Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (SDSN-Amazônia).

Ambas universidades, que atuam no Estado do Amazonas e juntas somam cerca 40 mil estudantes na capital e nos municípios do interior, onde integram cursos de graduação e pós-graduação, agora passam a integrar as suas produções científicas à Rede SDSN-Amazônia.

Para o professor doutor Henrique Pereira, da Faculdade de Ciências Agrárias (FCA) da Ufam, um dos objetivos da filiação é visibilizar no cenário internacional os projetos desenvolvidos pela comunidade acadêmica da Ufam e desenvolver novos projetos pautados pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que apresentem caminhos para solucionar os desafios encontrados na região amazônica.

“Projetos relevantes têm sido desenvolvidos por diversos pesquisadores da universidade que muitas vezes não tem tido visibilidade e reconhecimento. É preciso que a sociedade saiba o que temos feito e que nosso trabalho transpasse o campus universitário. Dar visibilidade aos projetos que estão sendo desenvolvidos pela comunidade acadêmica por meio da Plataforma de Soluções da SDSN-Amazônia e poder desenvolver projetos com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), são alguns dos objetivos dessa filiação. É uma excelente oportunidade para nós”, disse o Henrique Pereira.

Para a pró-reitora de Planejamento da UEA, professora doutora Maria Olívia Simão, a filiação da Universidade do Estado do Amazonas junto à rede SDSN-Amazônia busca conectar a universidade com outras instituições que atuam para promoção da sustentabilidade na Amazônia e no planeta e dos ODS.

“As metas dos ODS permearão o planejamento e a efetivação das ações da UEA nos diversos setores da sociedade que ela, como instituição estratégica de Estado, atua. Neste contexto, a parceria estabelecida com a rede SDSN-Amazônia nos conecta de forma mais efetiva e sinérgica com outras instituições que também atuam para promover a sustentabilidade na Amazônia e no planeta. Disponibiliza para a comunidade UEA um conjunto de técnicas, ferramentas e plataformas que nos auxiliarão a alcançar de forma mais célere e efetiva nossos objetivos e ainda dá visibilidade para o que estamos fazendo, desenvolvendo em termos de geração de conhecimento e inovações que podem retroalimentar as instituições que formam o ecossistema da Rede”, afirmou Maria Olívia.

Segundo a gestora da Plataforma de Soluções da SDSN-Amazônia, Carolina Ramírez, ter a filiação da Ufam e UEA irá possibilitar o mapeamento e a divulgação de soluções sustentáveis para a Amazônia realizada por cientistas e pesquisadores amazônidas.

“Ter a Universidade Estadual do Amazonas (UEA) e a Universidade Federal do Amazonas (Ufam) como membros da SDSN-Amazônia é um privilégio por serem universidades referência do Estado do Amazonas e da Amazônia. Vamos conseguir mapear as soluções sustentáveis e inovadoras desenvolvidas por estes centros de ensino amazônidas e disponibilizadas para o mundo via nossa Plataforma de Soluções“, disse Carolina.

Sobre a Ufam

Com a maioria de suas unidades administrativas e de ensino instaladas no campus universitário, a Ufam oferece, atualmente, 96 cursos de graduação e 39 de pós-graduação stricto sensu credenciados pela Capes. São ao todo 31 cursos de mestrado e 8 de doutorado. Em nível de pós-graduação lato sensu são mais de 30 cursos oferecidos anualmente. No que se refere à extensão, são mais de 600 projetos que beneficiam diretamente a população e 17 grandes programas extensionistas.

Entre os alunos dos cursos regulares de graduação ministrados em Manaus e no interior do Estado e dos cursos de graduação conveniados, a Universidade reúne mais de 20 mil estudantes. Nos cursos de pós-graduação stricto sensu e lato sensu são mais de dois mil estudantes. A instituição oferece inúmeros laboratórios e bibliotecas para a prática acadêmica e a pesquisa.

Sobre a UEA

A Universidade do Estado do Amazonas (UEA) é uma universidade pública, autônoma em sua política educacional, que tem como missão promover a educação, desenvolver o conhecimento científico, particularmente sobre a Amazônia e possui mais de 20 mil estudantes regularmente matriculados na graduação e, também, na pós-graduação. É a maior universidade multicampi do País, ou seja, é a instituição de ensino superior brasileira com o maior número de unidades que integram a sua composição.

Além dos cursos de graduação, sendo esses bacharelados, licenciaturas e tecnológicos, a Universidade também concentra esforços para ampliar a oferta de pós-graduação nas mais diversas áreas de pesquisa. Estão em funcionamento oito cursos de mestrado e cinco de doutorado, sendo três deles oferecidos em rede. Em nível de pós-graduação lato sensu, a UEA oferta, também, aproximadamente 100 cursos.

SDSN-Amazônia

A Rede de Soluções de Desenvolvimento Sustentável para a Amazônia (SDSN-Amazônia) foi lançada em 18 de março de 2014 na Fundação Amazonas Sustentável (FAS). A SDSN-Amazônia é uma rede que visa articular uma rede regional da bacia hidrográfica amazônica focada em centros de conhecimento, academia, organizações da sociedade civil, instituições do setor público e privado e aspira acelerar o desenho e implementação de caminhos e soluções sustentáveis para a Amazônia.

Plataforma de Soluções

A Plataforma de Soluções para o Desenvolvimento Sustentável da Amazônia, tem como foco a promoção dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) na região amazônica. A plataforma é uma ferramenta inovadora e um canal difusão de novas tecnologias, modelos de negócios e políticas que tenham potencial impacto transformador no desenvolvimento sustentável da Amazônia. Cada solução disponível na plataforma está associada a algum dos 17 ODS. A entrada de casos de solução passará por um conjunto de critérios, em linha com as diretrizes SDSN Global.

Muitas soluções de desenvolvimento sustentável estão sendo projetadas e implementadas na Amazônia. No entanto, atualmente, não há uma plataforma para mostrar essas soluções. A Plataforma de Soluções para o Desenvolvimento Sustentável da Amazônia possui conteúdo trilingüe (inglês, português e espanhol) e foi adaptada para celulares e computadores. As soluções são aceitas em qualquer escala, desde que estejam na fase de implementação ou já tenham sido implementadas. Tudo isso para que a disseminação de soluções para o desenvolvimento sustentável na região, com significativo e aumento de potencial esteja ao alcance de todos.

Integração entre FAS e Sistema Sepror busca fortalecer produção sustentável no Amazonas

A ideia foi realizar um planejamento tático entre as instituições visando a integração das ações, que vão desde a captação de recursos de crédito rural, assistência técnica e práticas de produção sustentável

Com objetivo de debater ações sustentáveis para o desenvolvimento econômico, social e ambiental das atividades produtivas do setor rural no Amazonas, foi realizado nessa quarta-feira (14), o 1º Seminário de Integração entre o Sistema Sepror (Idam, Adaf, ADS) e a Fundação Amazonas Sustentável (FAS). O evento aconteceu na sede da FAS, no bairro Parque Dez, Zona Centro Sul de Manaus.

A ideia foi realizar um planejamento tático entre as instituições visando a integração das ações, que vão desde a captação de recursos de crédito rural, assistência técnica especializada e práticas de produção sustentável que deverão ser desenvolvidas em 16 Unidades de Conservação (UCs) atendidas pela FAS. Atualmente, mais de 9,5 mil famílias vivem nas UCs que estão distribuídas em 581 comunidades.

De acordo com o secretário de Estado da Produção Rural (Sepror), Petrucio Magalhães Junior, o Sistema Sepror visa potencializar as cadeias produtivas já existentes nas Unidades de Conservação e aproveitar o potencial econômico da região. “Precisamos trazer para a sustentabilidade o viés econômico com objetivo de garantir a quem mora nessas unidades de conservação uma atividade econômica sustentável, desenvolvendo mais as cadeias produtivas das comunidades e melhorando a qualidade de vida dos produtores rurais”, afirmou o secretário.

A diretora-presidente do Idam, a engenheira agrônoma Eda Oliva, destacou a importância das ações da FAS no contexto nacional que se refere à conservação das Unidades, apoio aos indígenas, ribeirinhos e povos da floresta. “A Fundação provocou esse seminário como forma de compartilhar com as instituições do setor primário as ações de interesse comum. No caso do Idam foram apresentados os projetos prioritários que contemplam 21 cadeias produtivas, e a interlocução da FAS com técnicos do instituto vai contribuir com o desenvolvimento dessas Unidades de Conservação, além de beneficiar diretamente o agricultor familiar e produtor rural”, destacou Eda Oliva.

Para o superintendente-geral da FAS, Virgílio Viana, a integração entre as instituições é uma forma de otimizar recursos. “Nosso propósito é fazer com que as ações sejam feitas de maneira conjunta visando otimizar os custos de logística e assistência técnica. Vamos fazer um planejamento operacional para colocar essas ações no campo”, disse Viana.

Segundo o diretor-presidente da Adaf, Alexandre Araújo, esse seminário tem importância, pois vai facilitar de que forma cada órgão vai contribuir para o desenvolvimento sustentável através das ações que já são executadas. “Vamos identificar as interfaces dos órgãos e das ações a nível de campo, para que as políticas públicas possam efetivamente chegar ao nosso público alvo. Tanto é que uma das diretrizes da Adaf é de ampliar e firmar parcerias”, comentou o diretor-presidente da Adaf, Alexandre Araújo.

O diretor técnico da ADS, Heitor Liberato, apresentou os programas executados pela agência para a comercialização de produtos regionais no Amazonas. Segundo ele, a produção das 16 Unidades de Conservação em pauta durante o simpósio pode ser absorvida pelos programas, pelas feiras ou pelo mercado privado, por intermédio da ADS. “Será feito um trabalho de base com essas UCs através da FAS, do Sistema Sepror com assistência e vigilância, e também nas questões de crédito. A ADS vem justamente para fechar essas ações apresentando caminhos para a comercialização desses produtos”, explicou.

Sustentabilidade

Entre as ações já desenvolvidas pelo Sistema Sepror foram apresentados, durante o seminário, os projetos de Pró-Mecanização e Pró-Calcário, que até o momento já contabilizam 203 projetos com recursos de mais 5,4 milhões. Estas políticas públicas visam contribuir para o melhor aproveitamento dos solos pelo agricultor, possibilitando maior produtividade e produção sem que seja necessária a atividade de desmatamento.

Os projetos prioritários eleitos pelo Idam para o período de 2019/2022 incluem atividades nas áreas de fruticultura, lavouras industriais, produção de grãos, agroecologia e produtos orgânicos, além de produção animal, recursos florestais madeireiros e não madeireiros. O objetivo principal é elevar a produção e produtividade das principais atividades agrícolas do Amazonas.

Comunidade ribeirinha na RDS do Uatumã ganha novo empreendimento turístico

Pousada entregue por meio do Edital Floresta em Pé, com recursos do Fundação Amazonas Sustentável (FAS) e Fundo Amazônia, promete ser alternativa de geração de renda para população local

Moradores da Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Uatumã agora tem uma nova alternativa para impulsionar o turismo local e o crescimento econômico sustentável. Sonho antigo dos ribeirinhos da região, a Pousada Paraíso do Uatumã foi entregue neste sábado (10) pela Fundação Amazonas Sustentável (FAS) e Governo do Amazonas, com apoio financeiro do Fundo Amazônia/BNDES. A cerimônia contou com a presença do governador Wilson Lima.

Localizada na comunidade de São Francisco do Caribi, dentro da Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Uatumã, em Itapiranga (a 331 quilômetros da capital), a pousada é um empreendimento turístico sustentável e está inserida no projeto de incentivo a alternativas de geração de renda para populações que vivem dentro de Unidades de Conservação (UC) do estado, em parceria com a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema).

“Esse é um empreendimento feito pela própria comunidade, em uma Reserva de Desenvolvimento Sustentável localizada ao longo do rio Uatumã. Já é a décima pousada feita dentro desse modelo em que os administradores são os moradores e tudo isso é revertido em forma de benefício para esses cidadãos. É um modelo que nós queremos levar para outras regiões do estado, levando em conta o potencial de cada uma delas. Aqui, o potencial é a atividade turística, principal atividade econômica desses moradores”, destacou o governador Wilson Lima.

Financiamento

A pousada foi financiada com recursos do Fundo Amazônia/BNDES. A entrega contou com a presença da primeira-dama do Estado, Taiana Lima; do secretário da Sema, Eduardo Taveira; do superintendente-geral da FAS, Virgílio Viana, além dos deputados estaduais Joana Darc, Terezinha Ruiz e Saullo Viana.

“Aliar conservação ambiental com desenvolvimento econômico e também com a valorização das pessoas é o critério para o desenvolvimento sustentável. Isso envolve um ecossistema importante para a melhoria da qualidade de vida das pessoas com conservação ambiental. A estratégia é manter a pessoa aqui, na unidade de conservação, fazendo com que ela seja bem sucedida. Trazer políticas públicas para que elas possam ficar aqui é um compromisso que o governo tem de ter e proporcionar esse impacto positivo na vida das pessoas”, destacou o secretário da Sema, Eduardo Taveira.

Para a líder do Governo na Assembleia Legislativa do Estado e presidente da Comissão de Meio Ambiente da ALE-AM, deputada Joana Darc, empreendimentos como esse são importantes para a conservação do ecossistema. “Em 2018, visitaram as comunidades que estão no entorno do Uatumã mais de 1.400 pessoas, que gastaram aqui R$ 5 milhões, dinheiro investido para a melhoria das famílias, para o desenvolvimento econômico, mas, acima de tudo, para o desenvolvimento sustentável. Quando a gente consegue trazer renda para as comunidades, a gente consegue manter a floresta em pé e os nossos rios preservados na prática”, afirmou Joana Darc.

Conquista histórica

A presidente da Associação Agroextrativista das Comunidades da RDS Uatumã, Cleide Oliveira Ferreira, disse que este momento se trata de uma conquista histórica. “Não imaginam como isso é importante para todos nós, principalmente para os moradores da própria comunidade. É um sonho deles, e como a associação é parceira, queríamos ver esse sonho realizado. Para a gente, é muito gratificante e nós só temos a agradecer às pessoas que nos apoiaram e nos ajudaram”, disse Cleide.

“O turismo de base comunitária tem um potencial enorme no Amazonas, pois além de beneficiar as famílias que participam, ajuda a valorizar a floresta em pé, e esse é um dos objetivos do Edital Floresta em Pé. São 17 projetos apoiados em todo o Amazonas, com apoio do Fundo Amazônia/BNDES e Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema)”, destacou o superintendente-geral da FAS, Virgílio Viana.

O programa se chama Edital Floresta em Pé, primeira chamada pública que a FAS pode incentivar empreendimentos locais. Nós estamos contemplando 17 projetos em 11 municípios do estado do Amazonas, que abarcam 11 cadeias produtivas diferentes. Esse aqui, em especial, trata-se de turismo de base comunitária que vem para reforçar o turismo de pesca esportiva na área”, explicou a coordenadora de editais da FAS, Mickela Souza.

Iniciado em 2017 pela FAS com apoio da Fundo Amazônia/BNDES e Governo do Amazonas, o edital recebeu 181 inscrições, avaliadas por um comitê independente que selecionou os projetos 17 aptos para receberem os aportes em torno de R$ 150 mil. Desde então, além do investimento em ações estruturantes, a FAS fornece monitoramento e assessoria em gestão de projetos junto às organizações.

Sobre a Fundação Amazonas Sustentável (FAS) – A Fundação Amazonas Sustentável (FAS) é uma organização brasileira sem fins lucrativos, sem vínculos político-partidários, que tem por missão contribuir para a conservação ambiental da Amazônia por meio da erradicação da pobreza e redução do desmatamento. Seus programas beneficiam cerca de 40 mil pessoas em 16 Unidades de Conservação (UC) do estado, com iniciativas de geração de renda, empoderamento comunitário, melhoria social, bem como conhecimento sobre o a importância do desenvolvimento sustentável. Mais informações em www.oldsite.fas-amazonas.org

Mulheres indígenas debatem sobre desafios de empreender na floresta

Alinhar sustentabilidade e benefícios para o coletivo é desafio para indígenas empreendedoras. Para fomentar ainda mais essas potencialidades, FAS promove o 1º Encontro de Empreendedoras Indígenas do Amazonas, com a Rede de Mulheres Indígenas do Amazonas (MAKIRA-ËTA)

*Por Luiz G. Melo, do Jornal A Crítica

Culinária, produção de artesanato e utensílios, grafismos, agricultura e plantas medicinais são alguns dos saberes e fazeres das populações indígenas que podem gerar empreendimentos com forte potencial lucrativo no mercado nacional e, até mesmo, internacional. Para fomentar ainda mais essas potencialidades, a Fundação Amazonas Sustentável (FAS) promoveu na sua sede em Manaus, no Parque Dez, Zona Centro-Sul, o 1º Encontro de Empreendedoras Indígenas do Amazonas, evento organizado com a Rede de Mulheres Indígenas do Amazonas (MAKIRA-ËTA).

Cerca de 40 empreendedoras indígenas participaram do encontro. Elas são de diversas etnias e de comunidades das regiões do Alto Rio Negro, Alto e Médio Solimões, Baixo Amazonas, Purus, Juruá, Médio Madeira, Manaus e entorno. Algumas enfrentaram até seis dias e seis noites de barco para participar desse encontro na capital amazonense. Como é o caso de Sandra Gomes Castro, da etnia baré, líder comunitária em Santa Isabel do Rio Negro, distante 846 quilômetros de Manaus.

“Nossa comunidade pretende expandir mais o alcance dos produtos frutos do Sistema Agrícola Tradicional do Rio Negro. Principalmente o cultivo da mandioca brava e seus derivados (goma, farinha, farinha de tapioca). A ideia é que, daqui a alguns anos, tenhamos um ‘minipolo industrial’ com os nossos saberes. Contudo, atualmente, já há uma pequena exportação de nossos produtos aos municípios vizinhos, como São Gabriel da Cachoeira, Barcelos e Santa Isabel do Rio Negro”, disse a indígena.

Considerado Patrimônio Cultural Brasileiro pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) desde 2010, o Sistema Agrícola do Rio Negro envolve saberes ancestrais que planta, colhe e produz de uma forma que assegura a conservação da floresta. “Usamos uma área para roça por três anos, aproximadamente. Após oito anos aquele pedaço de terra usado para cultivo já está reflorestado. Não usamos nenhum tipo de agrotóxico em nossa colheita. Por isso, queremos, em um futuro próximo, uma espécie de selo de qualidade em nossos produtos até mesmo para expandir o alcance deles – para mostrar ao consumidor que é um produto 100% natural”, projetou Sandra Castro, que também é presidente da Associação das Comunidades Indígenas do Médio Rio Negro.

Da etnia tikuna, Luciana Marques compartilha do mesmo desejo de expandir as produções de seu povo para além dos limites territoriais de onde mora, na comunidade Campo Alegre, localizado no município de São Paulo de Olivença, distante 985 quilômetros de Manaus.

“Há um ano as mulheres da comunidade resolveram unir forças para potencializar a produção de artesanato, cocares, brincos, colares e utensílios feito de sementes nativas da floresta, como as de tento preto, de seringa e de olho-de-periquito. Antes era cada uma na sua. Agora, não, juntamos força e trocamos ideias entre nós. A produção aumentou e já estamos pensando em exportar os nossos produtos”, disse.

Sem agredir o meio ambiente

Para a coordenadora da Agenda Indígena da Fundação Amazonas Sustentável (FAS), Maria Cordeiro Baré, em relação aos indígenas, não tem como dissociar empreendedorismo de expressão cultural. “O empreendimento tem muito da visão de mundo de cada povo. Tudo o que eles produzem tem uma forte ligação com o território onde eles vivem e tiram a sua matéria prima sem agredir o meio ambiente. Por trás de cada produto feito por um indígena há uma história, uma identidade”, disse.

“Eles também têm uma visão muito mais coletiva da inovação tecnológica. Ou seja, todos são beneficiados e alcançados caso uma nova forma de produção seja incorporado pela comunidade. Ninguém fica de fora da produção”, explicou.

Longa programação

A programação do encontro inclui mesas-redondas, rodas de conversa e grupos de trabalho. A ideia é que as mulheres indígenas de todo o Estado tenham acesso a informações e treinamentos sobre empreendedorismo, gestão, produção e comercialização sustentável, estratégias de mercado, inovação e tecnologia, direitos indígenas, entre outras pautas.

Neste domingo, encerrando o 1º Encontro de Empreendedoras Indígenas do Amazonas, as mulheres indígenas empreendedoras terão a oportunidade de colocar em prática tudo o que aprenderam com a exposição e venda de seus produtos dentro da Feira da FAS, uma feira de economia criativa realizada das 8h às 19h na sede da fundação, na rua Álvaro Braga, 351, Parque Dez, Zona Centro-Sul de Manaus. A entrada é gratuita.

Estarão disponíveis ao público artesanato, culinária indígena, grafismos, alimentos agrícolas e plantas medicinais, além de atrações musicais, esportes, jogos e brincadeiras, teatro e dança, educação ambiental, entre outros.

Conteúdo original: https://bit.ly/2OQBSm7

FAS e instituições fazem carta aberta em defesa do Fundo Amazônia

Instituições reforçam importância do fundo para programas, projetos e atividades de conservação da floresta e interiorização do desenvolvimento sustentável em localidades remotas e com populações vulneráveis

As instituições que subscrevem este documento reforçam a importância do Fundo Amazônia para programas, projetos e atividades de conservação da floresta e interiorização do desenvolvimento sustentável em localidades remotas e com populações vulneráveis na Amazônia e com benefícios para todo o Brasil. Portanto, o Fundo Amazônia deve ser defendido por todos nós.

A Amazônia ocupa a maior parte do território nacional e é lar de 30 milhões de pessoas. Porém todos nós brasileiros dependemos deste que é o maior bioma do mundo. O território é bem diverso e complexo: há produtores de grande e médio portes, agricultores familiares, ribeirinhos, extrativistas e povos indígenas. Em comum entre eles, existe o desafio de manejar os recursos naturais para geração de renda e negócios, tanto para fins privados quanto comunitários e coletivos.

O que os diferencia, porém, é a forma de lidar com esse ambiente. Porque a Amazônia se impõe às decisões que cada um toma em seu dia a dia: se, para alguns, a floresta é um obstáculo para o desenvolvimento, para muitos ela é a base de sua vida e, como tal, deve ser conservada e manejada de maneira sustentável.

Nesse sentido, os recentes debates sobre o Fundo Amazônia, ainda que equivocados, geram ocasião para analisar os seus impactos sobre a conservação da floresta e o desenvolvimento de cadeias produtivas, assim como são uma oportunidade para a sociedade brasileira ter contato com temas relacionados ao desenvolvimento sustentável da Amazônia.

Ações de comando e controle são o primeiro passo nesse sentido e foram implementadas pelo Governo Brasileiro anos atrás — que resultou na queda significativa do desmatamento entre 2004 e 2015. Entretanto essas ações têm limitação de eficácia; portanto é preciso programas e projetos estruturantes para a promoção de uma nova agenda de desenvolvimento para a região, com inclusão social e produtiva.

Hoje o Fundo Amazônia financia 103 projetos implementados por órgãos governamentais (38), instituições de pesquisa (6), organizações da sociedade civil (58) e organismo internacional (1). Dos R$ 1,8 bilhões comprometidos pelo Fundo Amazônia, órgãos públicos (federal, estadual e municipal) representam 60% e organizações da sociedade civil pouco menos de 37%. Tais projetos são analisados tecnicamente por uma equipe de profissionais do BNDES. A aprovação desses projetos se dá por meio de um processo técnico, objetivo e transparente. Todos os projetos tiveram que desenvolver argumentos e lógicas de intervenção baseadas nas estratégias e eixos temáticos definidos pelo Governo Brasileiro (por meio do Fundo Amazônia e o Ministério do Meio Ambiente) e integradas às políticas públicas municipais, estaduais e federais.

Nos últimos dez anos, as instituições signatárias desta carta trabalham e promovem:

– O apoio de mais de 3 mil projetos e empreendimentos de geração de renda sustentável tomaram corpo e entregaram resultados;

– Retorno de R$ 26 milhões foram obtidos pela comercialização de produtos sustentáveis de base florestal;

– A valorização da agricultura familiar, com mais de 15 mil famílias, fomentando o uso do solo sustentável;

– A realização de quinze feiras de produtos sustentáveis, que aproximaram quem produz de quem consome, aumentando a segurança alimentar, a diversificação de cardápio dinamizando a economia da Amazônia;

– A estruturação e fortalecimento de Rede de Sementes nativas envolvendo 700 coletores, gerando R$ 2 milhões em renda e contribuindo com a restauração de 6 mil hectares;

– Apoio à conservação de 100 milhões de hectares com ações de empoderamento e capacitação para geração de renda com as populações que ali vivem;

– Redução de desmatamento em 67% nas taxas de desmatamento (2000-2017) em unidades de conservação estaduais no Amazonas atendidas.

Os efeitos positivos dos projetos executados têm impactos além das datas de suas respectivas conclusões: tal qual uma pedra jogada num lago, elas inspiram outros públicos a seguir o mesmo caminho sustentável, além de promoverem a economia local em médio e longo prazos. O desafio está longe do fim e é preciso integrar programas, projetos e ações de todos os setores para que o objetivo final do Governo Brasileiro, e de todos os cidadãos do planeta, seja alcançado: conservação plena da Amazônia para continuidade do fornecimento de serviços ambientais (água, regulação climática), produtos da floresta (açaí, copaíba, farinha de mandioca, Pirarucu etc.) e a valorização dos povos da floresta e seus conhecimentos.

Subscrevem à esta carta as seguintes organizações não-governamentais (em ordem alfabética):

Fundação Amazonas Sustentável (FAS)

Instituto Centro de Vida (ICV)

Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Conservação da Amazônia (Idesam)

Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora)

Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam)

Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPE)

Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon)

Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB)

Instituto Ouro Verde (IOV)

Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN)

Instituto Socioambiental (ISA)

Operação Amazônia Nativa (OPAN)

Arqueira indígena Graziela Santos disputa o bronze nos Jogos Pan-Americanos de Lima 2019

A amazonense de 23 anos, “Yaci” na etnia Karapãna, agora compete na categoria Equipe Feminina no Tiro com Arco. Ela recebe apoio da FAS pelo Projeto Arquearia Indígena

A arqueira indígena e atleta amazonense Graziela Santos, 23, a “Yaci” na etnia Karapãna, disputará o bronze no Tiro com Arco nos Jogos Pan-Americanos de Lima 2019, no próximo domingo (11), último dia de competições. A jovem, que recebe apoio do Projeto Arquearia Indígena, desenvolvido pela Fundação Amazonas Sustentável (FAS) junto com Federação Amazonense de Tiro com Arco (Fatarco) e a Secretaria de Estado de Juventude, Esporte e Lazer (Sejel), competirá na categoria Equipe Feminina.

Ela, que é a primeira indígena da história do País a competir na categoria do Tiro com Arco, iniciou a participação no Pan-Americano na quarta (7). Os arqueiros competiram entre si no intuito de obter o índice para a escolha dos atletas que representariam o Brasil na categoria Dupla Mista, oportunidade na qual foram selecionados o homem e a mulher com a melhor pontuação para formar a dupla. Como a Graziela não obteve o melhor resultado, acabou ficando fora da disputa por duplas.

Na semifinal por equipe, em que participou com as arqueiras Ane dos Santos e Ana Caetano, as atletas perderam o duelo para a delegação do México e, agora, disputam a medalha de bronze, contra a Colômbia. “Não atirei como eu esperava, mas seguimos adiante”, comentou a atleta, por meio de sua conta nas redes sociais. Nesta sexta-feira (9) começam as disputas individuais, sendo mais uma possibilidade de medalha para o Brasil.

Os jogos do Pan vêm sendo realizados desde 26 de julho, em Lima, no Peru. “Parabéns aos atletas e às equipes técnicas por estarem participando e fazendo história em um evento tão grandioso como este. Queremos que mais representantes do Amazonas tenham essa oportunidade”, ressaltou o secretário de Estado de Juventude, Esportes e Lazer (Sejel), Caio André de Oliveira.

Equipe Feminina do Tiro com Arco | Foto: Arquivo pessoal

Arquearia Indígena

A valorização da cultura e da identidade dos povos indígenas do Amazonas é a maior meta do Projeto Arquearia Indígena. Desenvolvido desde 2013, o projeto tem parceria com o Banco Bradesco e apoio da Confederação das Organizações e Povos Indígenas do Amazonas (Coipam), da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), e patrocínio das Lojas Bemol, Fogás, Val Group, além de apoio da Latam, Bradesco, Accor Hotéis Centro Educacional La Salle e Faculdade La Salle, por Meio da Lei de Incentivo ao Esporte.

*Com informações da assessoria de imprensa da Sejel

FAS abre vagas de educação, liderança, artes cênicas, artesanato, música e desenvolvedor de sistemas

Os profissionais atuarão nos municípios de Uarini e Eirunepé, dentro do Programa de Desenvolvimento Integral da Criança e do Adolescente Ribeirinho da Amazônia (Dicara)

A Fundação Amazonas Sustentável (FAS) está selecionando profissionais para vagas de emprego nos municípios de Uarini, distante a 565 quilômetros de Manaus, e Eirunepé, a 1.160 quilômetros de Manaus, dentro do Programa de Desenvolvimento Integral da Criança e do Adolescente Ribeirinho da Amazônia (Dicara). As vagas são para educação ambiental, liderança jovem, artes cênicas, artesanato, música e desenvolvedor de sistemas. As inscrições encerram no domingo (11).

Educação ambiental

As vagas para prestador de serviço de educação ambiental são para Uarini e Eirunepé e têm como função ministrar oficinas de educação ambiental para crianças e adolescentes ribeirinhos, elaborando plano de aula, material e ferramentas pedagógicas para aulas teóricas e práticas. O instrutor deverá ministrar aulas no período matutino e vespertino, distribuído de acordo com a carga-horária disposta no edital.

São requisitos mínimos morar no município escolhido ou ter disponibilidade, ter formação superior em pedagogia, ciências biológicas e/ou afins, com experiência como instrutor de educação ambiental e em atividades com comunidades ribeirinhas.

Os materiais serão fornecidos pela FAS. As propostas devem ser encaminhadas para o e-mail rh@fas-amazonas.org até domingo (11) com o título da mensagem “Educador Ambiental – Eirunepé”. Apenas os candidatos com os currículos selecionados serão contatados. Confira aqui o edital de Uarini e aqui o edital de Eirunepé.

Liderança Jovem

As vagas para ministrar curso de Liderança Jovem são também para Uarini e Eirunepé e têm como função realizar oficinas para adolescentes do Programa Dicara, elaborando plano de aula, material e ferramentas pedagógicas para aulas teóricas e práticas. O prestador deverá ministrar as aulas baseadas na ementa e carga-horaria presente no edital.

São requisitos mínimos morar nos municípios ou ter disponibilidade. Ter formação superior, experiência com adolescentes na área administrativa como elaboração de textos, atas de reuniões e demais conteúdos definidos pela coordenação do programa e em atividades com comunidades ribeirinhas. Os materiais serão fornecidos pela FAS.

As propostas devem ser encaminhadas para o e-mail rh@fas-amazonas.org até o próximo domingo (11) com o título da mensagem “Liderança Jovem- Eirunepé” ou “Liderança Jovem – Uarini”. Apenas os candidatos com os currículos selecionados serão contatados. Confira aqui o edital da vaga em Uarini e aqui o edital da vaga em Eirunepé.

Artes cênicas

A vaga para prestador de serviços em artes cênicas é somente para Eirunepé e tem como função ministrar curso de teatro para crianças e adolescentes ribeirinhos da área urbana, elaborando plano de aula, material e ferramentas pedagógicas para aulas teóricas e práticas. O prestador deverá ministrar as aulas baseadas na ementa e carga-horaria presente no edital.

São requisitos mínimos morar em Eirunepé ou ter disponibilidade, ter formação superior em artes cênicas ou áreas afins, experiência com a formação de alunos e em atividades com comunidades ribeirinhas. Os materiais serão fornecidos pela FAS.

As propostas devem ser encaminhadas para o e-mail rh@fas-amazonas.org até o próximo domingo (11) com o título da mensagem “Instrutor curso de teatro – Eirunepé”. Apenas os candidatos com os currículos selecionados serão contatados. Confira o edital aqui.

Instrutor de artesanato

A vaga para instrutor de artesanato é para o município de Eirunepé e tem como função ministrar cursos/oficinas de artesanato para crianças e adolescentes ribeirinhos visando formação de possíveis empreendedores, elaborando plano de aula, material e ferramentas pedagógicas para aulas teóricas e práticas. O prestador deverá ministrar um curso de artesanato, elaborar relatório de frequência e desempenho dos alunos e assessorar os participantes.

São requisitos mínimos morar em Eirunepé ou ter disponibilidade, comprovar grau de escolaridade de no mínimo de ensino médio, experiência como instrutor de artesanato e em atividades com comunidades ribeirinhas. Os materiais serão fornecidos pela FAS.

As propostas devem ser encaminhadas para o e-mail rh@fas-amazonas.org até o próximo domingo (11) com o título da mensagem “Instrutor de artesanato – Eirunepé”. Apenas os candidatos com os currículos selecionados serão contatados. Confira o edital aqui.

Instrutor de música

A vaga para instrutor de música é para o município de Uarini e tem como função ministrar curso/oficina de teclado para crianças e adolescentes ribeirinhos, elaborando plano de aula, material e ferramentas pedagógicas para aulas teóricas e práticas. O prestador deverá elaborar relatório de frequência e desempenho dos alunos e assessorar os participantes.

São requisitos mínimos morar em Uarini ou ter disponibilidade, comprovar grau de escolaridade de no mínimo de ensino médio, experiência como instrutor de música e em atividades com comunidades ribeirinhas. Os materiais serão fornecidos pela FAS.

As propostas devem ser encaminhadas para o e-mail rh@fas-amazonas.org até o próximo domingo (11) com o título da mensagem “Instrutor de música – Uarini”. Apenas os candidatos com os currículos selecionados serão contatados. Confira o edital aqui.

Desenvolvedor de sistemas

A vaga de desenvolvedor de sistemas é para o município de Uarini e tem como função apoiar o desenvolvimento de software, contribuindo para a melhoria do sistema de Gestão Integrada da FAS no município de Uarini. Dentre as atribuições estão o suporte e o desenvolvimento de sistemas, a geração de relatórios, identificação dos erros e aplicação de soluções e testes de software.

São requisitos mínimos morar em Uarini ou ter disponibilidade. Ter conhecimentos nas linguagens de programação Java EE, JSF, JPA e Banco relacional PostgreSQL e experiências com padrões de projetos MVC.

As propostas devem ser encaminhadas para o e-mail rh@fas-amazonas.org até o próximo domingo (11) com o título da mensagem “Desenvolvimento de sistemas – PF”. Apenas os candidatos com os currículos selecionados serão contatados. Confira o edital aqui.

Mulheres indígenas de todo o Amazonas vêm a Manaus debater estratégias de negócio e empreendedorismo

Oriundas de diversas regiões e de diferentes etnias, elas participam do I Encontro de Empreendedoras Indígenas, de 8 a 11 de agosto; e ainda expõem produtos na Feira da FAS

A cultura, os costumes e as tradições dos povos indígenas da Amazônia resistiram ao tempo e fortaleceram identidades por todo o território brasileiro. Saberes e fazeres como danças, grafismos, culinária, produção de artesanato e utensílios, agricultura e plantas medicinais fizeram dessas populações detentoras de conhecimentos únicos, com valor imensurável. Conhecimentos esses que se transformaram também em empreendimentos lucrativos dentro do mercado nacional e internacional.

Entretanto, como fazer com que a comercialização desses produtos, que utilizam o saber indígena, beneficie os próprios povos indígenas? Como tornar tais produtos cases de sucesso no mundo dos negócios, preservando identidades e dando protagonismo a essas populações? Desvendar tudo isso é o objetivo do I Encontro de Empreendedoras Indígenas do Amazonas, evento organizado pela Fundação Amazonas Sustentável (FAS) em conjunto com a Rede de Mulheres Indígenas do Amazonas – MAKIRA-ËTA, e que acontece a partir desta quinta (8) até domingo (11), na sede da FAS, em Manaus.

Com uma programação que inclui desde mesas-redondas, rodas de conversa, grupos de trabalho e até exposição e venda de produtos indígenas na próxima edição da Feira da FAS, no domingo (11), o encontro busca levar para mulheres indígenas de todo o Estado informações, conhecimentos e treinamentos sobre empreendedorismo, gestão, produção e comercialização sustentável, estratégias de mercado, inovação e tecnologia, fortalecimento institucional, identidade cultural, mobilização política, direitos indígenas, entre outros.

Ao menos 40 mulheres empreendedoras indígenas, oriundas de diversas etnias e comunidades das regiões do Alto Rio Negro, Alto e Médio Solimões, Baixo Amazonas, Purus, Juruá, Médio Madeira, Manaus e entorno, participam do encontro. “Esse é o primeiro evento que vai reunir mulheres empreendedoras indígenas de todo o Amazonas. É um evento estratégico. Além delas, as redes e as empresas de empreendedorismo que já atuam em Manaus também estarão presentes. Empreendedorismo indígena não se faz sozinho, há todo um processo que se faz necessário”, explicou Maria Cordeiro Baré, coordenadora do evento e da Agenda Indígena da FAS.

Encontrar soluções para gerar renda a indígenas empreendedoras é, segundo Rosimere Teles Arapaço, coordenadora da MAKIRA-ËTA, uma das principais exigências da rede de mulheres. “Nós como indígenas temos um potencial muito grande, mas como fazer? Por onde escoar nossos produtos, para onde vamos fornecer? Não temos referência”, disse. “Muitas pessoas vão lá na nossa terra, trazem nossos produtos para a cidade e revendem. Quem ganha são esses atravessadores e revendedores na área urbana. Queremos discutir nossos empreendimentos indígenas, fortalecer nossa cultura, nossa identidade, e lucrar com isso”.

Papo Sustentável

Dentro do encontro serão expostos casos de empreendimentos liderados por mulheres indígenas que aliam tradição, inovação e desenvolvimento local, também haverá uma palestra sobre o case de sucesso da pimenta Baniwa do Alto Rio Negro, além de oficinas e conteúdos sobre empreendedorismo, economia criativa, modelagem de negócios, e-commerce, comercialização sustentável, finanças pessoais, gestão, fortalecimento institucional, empoderamento, mobilização política e direitos indígenas.

Também estão na programação um “Papo Sustentável”, aberto ao público geral, com o tema “A contribuição dos povos indígenas na implementação dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS)”, além do lançamento de duas publicações, o livro “25 anos de gestão de associativismo para o Bem Viver Baniwa e Koripaco/OIBI”, por André Baniwa, e a coleção “Reflexões Indígenas/ NEAI/EDUA”, por João Paulo Tukano.

Feira da FAS

No domingo (11), após quatro dias de programação, as mulheres indígenas empreendedoras poderão colocar em prática tudo o que aprenderam no encontro. Elas vão expor e vender seus produtos dentro da Feira da FAS, uma feira de economia criativa.

Artesanato, culinária indígena, grafismos, alimentos agrícolas e plantas medicinais estarão disponíveis ao público das 8h às 19h, na sede da FAS – rua Álvaro Braga, 351, Parque Dez, além dos tradicionais espaços Gastronomia, Variedades e Jardinagem e de atrações musicais, práticas de saúde e bem-estar, esportes, jogos e brincadeiras, teatro e dança, educação ambiental, entre outros. A entrada é gratuita.

Parceiros

O I Encontro de Empreendedoras Indígenas é realizado pela FAS e pela Rede de Mulheres Indígenas do Amazonas – MAKIRA-ËTA, com parceria do Bradesco e apoio do Fundo Amazônia/BNDES, Coca-Cola, Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Fundação Estadual do Índio (FEI) e CESE.

Os órgãos participantes são ONU Mulheres, Consulado da Mulher, SDSN Jovem, Sebrae, Sejusc, Idesam, Núcleo de Estudos da Amazônia Indígena (Neai), Impact Hub, Organização Indígena da Bacia do Içana (Oibi), Associação dos Artesãos Indígenas de São Gabriel (Assai), Associação das Comunidades Indígenas do Médio Rio Negro (ACIMRN) e Associação das Mulheres Indígenas do Alto Rio Negro Residentes em Manaus (Amarn).

Atleta indígena apoiada pela FAS é a primeira da história a disputar um Pan-Americano

Graziela Santos, a Yaci da etnia Karapãna, inicia nesta quarta (7) as competições do Tiro com Arco, representando o Brasil e os povos indígenas num dos maiores eventos esportivos do mundo

A força, a pontaria e a garra da mulher indígena da Amazônia estarão em destaque nos Jogos Pan-Americanos de Lima 2019 partir desta quarta-feira (7), quando a atleta do Tiro com Arco Graziela Santos, a “Yaci” na etnia Karapãna, entra em campo e disputa o lugar mais alto do pódio num dos maiores eventos esportivos do mundo. A jovem indígena amazonense de apenas 23 anos desponta como um dos principais nomes do Tiro com Arco do País e é a primeira indígena da história a defender a bandeira verde e amarelo pela modalidade dentro de um Pan.

“É a primeira vez que eu estou participando de um Pan e é a primeira vez que uma atleta indígena do Brasil participa também. Estou me sentindo extremamente feliz como mulher indígena, como nortista. A gente não tem muito atleta de Tiro com Arco no Amazonas e mesmo sendo tão pouco nós estamos entre os melhores do Brasil. É um destaque muito grande para o Amazonas”, comemorou Yaci.

E tanto talento e dedicação fez dela uma potência no esporte: ela se classificou em primeiro lugar entre os atletas da seleção brasileira de Tiro com Arco para disputar o Pan-Americano 2019, além de ter no currículo uma trajetória quase invejável pelo tempo de atuação.

Talento indígena

Oriunda de uma família de indígenas da etnia Karapãna, em uma comunidade situada dentro de uma Unidade de Conservação nos arredores de Manaus, ela e os irmãos, desde pequenos, dominavam o tradicional arco e flecha usado pelos antepassados como instrumento de caça.

Da habilidade adquirida entre gerações, a arqueira e os irmãos receberam apoio e incentivo para se tornarem atletas de ponta do Tiro com Arco – nome oficial da modalidade olímpica – por meio do Projeto Arquearia Indígena, desenvolvido pela Fundação Amazonas Sustentável (FAS), em parceria com a Federação Amazonense de Tiro com Arco (Fatarco) e a Secretaria de Estado de Juventude, Esporte e Lazer (Sejel), e que tem objetivo de valorizar não só o esporte, mas também a cultura e a identidade dos povos indígenas do Estado.

Desde que passou a integrar o projeto, “Grazi” já conquistou diversas medalhas em campeonatos nacionais e internacionais, incluindo dois ouros nos Jogos Sul-Americanos 2018, na Bolívia, e uma prata no Grand Prix do México desse ano, para citar os mais recentes. Ela também participou do mundial de Tiro com Arco, que ocorreu em junho na Holanda.

“Estou ansiosa para competir e com expectativa de conseguir atirar bem. O resultado vai ser consequência da minha atuação e do desempenho depois de tantos treinos. Tem a mudança de clima, a mudança de campo e vai ser diferente de atirar no calor, mas a meta é fazer o meu melhor, me divertir e ter bom desempenho”, disse. Atualmente, ela reside na cidade de Maricá, no Rio de Janeiro, onde treina com todo aparato de primeira linha na sede da seleção brasileira de Tiro com Arco.

Equipe e treinos

As competições de Tiro com Arco começam nesta quarta (7) e terminam domingo (11), último dia do Pan-Americano 2019, que começou oficialmente no dia 26 de julho. Desde a última quinta (1) “Grazi” e a equipe brasileira estão em solo peruano. A seleção é formada por um total de 11 pessoas, sendo seis atletas de Tiro com Arco recurvo – três homens e três mulheres –, dois atletas de Arco composto, dois técnicos e um chefe de equipe.

“Já passei mais tempo fora de casa do que com a minha família. São três meses treinando direto no Rio, depois duas semanas em casa e depois mais três meses treinando de novo. Apesar da distância e da saudade, é bom para a minha carreira, tenho tempo certo para treinar, me dedico todos os dias da semana, me preparando. Porém, agora perto do Pan a gente diminui o ritmo para não se desgastar muito”, explicou a arqueira.

Tóquio 2020

Mesmo sem antes pisar em campo e disputar o Pan a partir da próxima quarta (7), a jovem atleta indígena do Amazonas já tem outros alvos em mira: os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020.

“Independente dos resultados do Pan eu vou continuar treinando. A gente não pode parar por causa de um resultado ruim que vier no caminho, sempre temos que seguir em frente, analisar a situação e tirar o melhor disso e, principalmente, corrigir nossos erros para melhorar. Os meus próximos passos são a seletiva para a etapa mundial do Tiro com Arco de onde vão ser escolhidos os atletas do Brasil para a Tóquio 2020. Vão ser sete homens e sete mulheres e eu espero estar bem colocada para entrar”.

Representante

Sendo uma das poucas mulheres indígenas do Brasil a alcançar um patamar tão alto de desenvoltura em um esporte, Graziela Santos não esconde a própria origem. Ela não esquece dos povos tradicionais que representa. “É uma honra competir em nome do Amazonas, em nome do Norte do Brasil e em nome dos povos indígenas. Eu como uma mulher indígena”, relembra.

A valorização da cultura e da identidade dos povos indígenas do Amazonas é a maior meta do Projeto Arquearia Indígena. Desenvolvido desde 2013, o projeto tem parceria com o Banco Bradesco e apoio da Confederação das Organizações e Povos Indígenas do Amazonas (Coipam), da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), e patrocínio das Lojas Bemol, Fogás, Val Group, além de apoio da Latam, Bradesco, Accor Hotéis Centro Educacional La Salle e Faculdade La Salle, por Meio da Lei de Incentivo ao Esporte.

14ª Feira da FAS acontece domingo (11) com participação de empreendedoras indígenas

Mulheres indígenas de todo o Estado vêm a Manaus expor produtos como artesanato, culinária, alimentos agrícolas e plantas medicinais. Tradicionais espaços Gastronomia, Variedades e Jardinagem continuam

O trabalho de mulheres indígenas de todo o Amazonas ganhará visibilidade na 14ª edição da Feira da Fundação Amazonas Sustentável (FAS), a Feira da FAS, que acontece domingo (11), de 8h às 19h, na sede da ONG, em Manaus. Ao menos 30 mulheres empreendedoras indígenas das regiões do Alto Rio Negro, Alto e Médio Solimões, Baixo Amazonas, Purus, Juruá, Médio Madeira, Manaus e entorno expõem produtos como artesanato, culinária, alimentos agrícolas e plantas medicinais. A entrada é gratuita.

Buscando construir uma “ponte” entre o pequeno empreendedor e o público, bem como estimular o consumo consciente, esta edição da Feira da FAS, em especial, pretende mostrar para visitantes o potencial artístico dos povos indígenas, além de fortalecer a identidade cultural deles e promover cidadania através do empreendedorismo. “Iniciativas como essa incentivam a geração de renda entre os povos indígenas. É um espaço de valorização conquistado por eles para apresentar sua cultura”, destaca o coordenador da feira, Cleber Santos.

Ao circular pelo evento, os participantes encontrarão desde produtos do cotidiano indígena até aqueles usados como forma de decoração. As opções incluem utensílios de cerâmica e madeira, colares, brincos, pulseiras, quadros, bolsas, cestos, entre outros, e também peças que retratam costumes, tradições e demais referências culturais do Estado, produzidas com matérias-primas locais, manifestando a criatividade e a identidade cultural de cada etnia.

A culinária indígena, alimentos agrícolas produzidos por indígenas e plantas medicinais também estão na programação. “Diversas etnias, lado a lado, para mostrar e vender o que produzem em suas aldeias, dando visibilidade à arte e à cultura indígena”, enfatiza Cleber Santos.

A participação de mulheres indígenas na Feira da FAS é parte da programação do I Encontro de Empreendedoras Indígenas, que será realizado na FAS em parceria com a Rede de Mulheres Indígenas do Amazonas – MAKIRA-ËTA, no período de 7 a 11 de agosto. Nos dias anteriores à feira, as participantes compartilham saberes e fazeres a partir da visão do empreendedorismo, com a discussão de temas como gestão, produção e comercialização sustentável, fortalecimento institucional, mobilização política, direitos indígenas e desafios.

A Feira

Além de empreendedoras indígenas, a Feira da FAS reunirá expositores nos tradicionais espaços Gastronomia, Variedades e Jardinagem. A programação do evento também inclui atrações musicais, aula de yoga, prática de esportes, jogos variados, teatro e dança, brincadeiras e atividades lúdicas de educação ambiental para crianças, entre outras ações culturais. Confira aqui a lista de expositores https://bit.ly/2KjPAbP. A FAS fica situada na rua Álvaro Braga, 351, bairro Parque Dez, Zona Centro-Sul de Manaus. O evento tem entrada gratuita e acontece de 8h às 19h.

Serviço

O quê: 14ª Feira da FAS
Quando: domingo, 11 de agosto, de 8h às 19h
Onde: sede da FAS, na rua Álvaro Braga, 351, bairro Parque Dez, Zona Centro-Sul de Manaus
Quanto: gratuito