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Amazônia-Edu abre inscrições para curso de imersão na floresta

Iniciativa permite que estudantes e profissionais de diversas áreas tenham uma experiência profunda de aprendizado na floresta

Uma experiência de imersão na floresta amazônica, às margens do Rio Negro, com pessoas interessadas em construir um futuro mais sustentável. Essa é a proposta do curso Jornada Amazônia 2020, que acontecerá entre 1 e 10 de dezembro, na comunidade do Tumbira, situada dentro da Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Rio Negro. As inscrições para participar iniciam nesta segunda-feira, dia 3 de agosto, através do abre.ai/jornada-amazonia

A iniciativa é desenvolvida pela Amazônia-Edu, plataforma de educação da Fundação Amazonas Sustentável (FAS). No curso, os participantes têm a oportunidade de aprender sobre natureza e sustentabilidade em contato direto com a floresta, com a comunidade local, com especialistas na área de desenvolvimento sustentável e através da troca entre os membros do grupo.

Prevista inicialmente para março, a edição deste ano foi adiada devido à pandemia da Covid-19. Segundo a gerente do Programa de Soluções Inovadoras (PSI) da FAS, Gabriela Sampaio, a nova data foi definida com base em uma análise cuidadosa do cenário para garantir a realização segura do curso.

“A Jornada Amazônia ocorrerá dentro de um contexto de muita responsabilidade, seguindo todas as medidas de biossegurança necessárias para preservar tanto a saúde dos visitantes como das populações tradicionais residentes na comunidade”, disse.

Para a realização das atividades, será levado em consideração o protocolo de biossegurança desenvolvido pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema) para o funcionamento das Unidades de Conservação (UCs). Pelo decreto de reabertura gradual de atividades não essenciais do Governo do Amazonas, as UCs estaduais voltam a funcionar a partir do dia 17 de agosto.

O curso

A jornada começa com a turma se deslocando de barco para comunidade do Tumbira, onde ficarão hospedados em alojamentos coletivos. Localizada no município de Iranduba, a 80 quilômetros de Manaus, a comunidade é habitada por aproximadamente 40 famílias que mantêm conhecimentos e práticas tradicionais. No local, a FAS promove diversas ações voltadas para conservação ambiental, desenvolvimento sustentável e melhoria da qualidade de vida das populações ribeirinhas e indígenas.

A programação da Jornada Amazônia abrange nove dias, totalizando 68 horas de atividades teóricas e práticas. O curso promove a conexão com a floresta, seus elementos e sua complexidade, além da construção de relações com as famílias que moram na região, ao vivenciar atividades do dia a dia local. Os participantes são convidados a se engajar em desafios reais, desenvolvidos e apresentados pelas comunidades.

Para cada tema, facilitadores e especialistas conduzem diferentes atividades e dinâmicas, construindo o caminho para o desenvolvimento de capacidades de liderança, atuação coletiva e compartilhamento de saberes.

Professores da floresta

A equipe de professores da Jornada Amazônia é formada por profissionais de sustentabilidade e da academia, professores ribeirinhos sobre conhecimentos locais e facilitadores de aprendizagem. 

Entre eles, estão a líder comunitária e artesã Izolena Garrido, moradora do Tumbira; o empresário de turismo e líder comunitário Roberto Brito, também do Tumbira; a jovem liderança ribeirinha Odenilze Ramos, da comunidade do Carão; a conhecedora da sabedoria ribeirinha Terezinha Macedo, do Tumbira; o superintendente-geral da FAS e especialista em Amazônia, mudanças climáticas e manejo florestal, Virgílio Viana; e o professor e especialista em meio ambiente e contabilidade de São Paulo, José Roberto Kassai.

Amazônia-Edu

A Jornada Amazônia é um curso de imersão que faz parte da plataforma de educação da FAS, o Amazônia-Edu, focada em educação experiencial para desenvolver sustentavelmente a região, oferecendo treinamentos e capacitações para pessoas e organizações através de trabalhos de campo, estudos de caso e troca de conhecimento entre comunidades tradicionais e especialistas.

O curso tem apoio da Secretaria de Estado do Meio Ambiente do Amazonas (Sema), Universidade de São Paulo (USP) e Rede de Soluções para o Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (SDSN Amazônia).

Todo o processo de aprendizagem é desenhado por uma equipe de facilitadores que também atua durante o curso. Ao final, os interessados em criar e implantar projetos com soluções e estratégias para desenvolver sustentavelmente a região amazônica poderão  ter o apoio da FAS.

As inscrições para participar ficarão abertas até o dia 2 de outubro. A partir de setembro, os organizadores iniciarão o contato com os candidatos. 

FAS debate com parlamentares do Amazonas Reforma Tributária, ZFM e sustentabilidade

Um amplo debate sobre Reforma Tributária, Zona Franca de Manaus (ZFM) e sustentabilidade está sendo promovido pela Fundação Amazonas Sustentável (FAS), com vários setores e a sociedade através de eventos online, como o que foi realizado nesta quarta-feira, dia 29, no Youtube, com a participação de parlamentares. Esse foi o segundo de cinco webinars sobre o tema.

A base teórica dos debates é um documento de mais de 25 páginas, elaborado desde abril por 13 especialistas de diversas áreas, sob coordenação da FAS. Inclusive, o estudo foi apresentado, nesta semana, em Brasília, ao vice-presidente da República, Hamilton Mourão, que demonstrou entusiasmo com o assunto.

O superintende geral da FAS, Virgilio Viana, que iniciou o webinar intitulado “Reforma Tributária, ZFM e Sustentabilidade: é hora de evoluir!”, informou que o documento também será apresentado ao Conselho da Amazônia, com a presença de várias lideranças da área econômica do Governo Federal, ao Governo do Estado do Amazonas e a Prefeitura de Manaus.

Além disso, também terá um novo evento online para discutir o assunto, no dia 5 de agosto, com a participação do setor empresarial. A transmissão será feita pelo canal Tv FAS Amazonas, no Youtube.

“Após ouvirmos a todos, faremos uma publicação 2.0 desse estudo com um aprofundamento da proposta, dados quantitativos, mais detalhes do que estimamos e com uma visão de que a Reforma Tributária pode alavancar um futuro de prosperidade econômica, sustentabilidade ambiental e redução das desigualdades sociais. Tudo isso valorizando o que temos de riqueza natural, uma economia livre de desmatamento e permitir ao Amazonas abrir novos mercados”, declarou Viana.

O documento sugere, entre outros assuntos, a criação do Fundo de Desenvolvimento Sustentável do Amazonas, voltado a fomentar novos eixos produtivos, com um modelo de administração moderno e eficaz para investimentos em pesquisa,  desenvolvimento  e  inovação, além de suporte para formação profissional voltada para  o  empreendedorismo e inovação.

Parlamentares

Um dos participantes do webinar, o senador Omar Aziz afirmou que é a favor do Fundo sugerido pelo documento da FAS e que já pensou nessa possibilidade dentro do Congresso Nacional. “Sou a favor de destinar, da política de P&D (Pesquisa e Desenvolvimento), 3%  para pesquisa e 2% para política sustentável, reflorestamento e preservação. Também indico que a FAS (Fundação Amazonas Sustentável) marque uma reunião com o Governo do Amazonas para sugerir a inserção de uma taxa na nova Lei Estadual do Gás. O Governo tem condição de exigir isso das empresas que vão explorar o gás. Acredito que sejam soluções. Pois, eu não creio que a Reforma Tributária tenha avanço e discuta da forma correta a nossa Zona Franca de Manaus, principalmente diante da instabilidade jurídica e política que o Brasil está vivendo, e sem perspectiva após a pandemia (do coronavírus)”, disse Aziz.

Quem também sugeriu cautela nas discursões sobre Reforma Tributária e ZFM foi o senador Eduardo Braga. Para ele, o Brasil não tem condições de debater o assunto, pois a dívida pública vive um momento de crise e não tem perspectivas econômicas com a pandemia.  “Precisamos ser muito prudentes, porque qualquer passo errado pode gerar grandes prejuízos para nosso Estado. Acho que  nenhuma Reforma Tributária proporcionará o ‘balão de oxigênio’ que a economia precisa e que diminua a dívida pública. Também defendo que parte dos recursos financeiros sejam utilizados para criação de um programa de renda básica, com o objetivo de diminuir os índices de pobreza. Esses recursos podem surgir de concessões e privatizações. Também defendo que é fundamental valorizar e conservar a floresta em pé, porque sem valorização econômica a floresta não fica em pé. Além disso, o Brasil precisa desse rótulo de sustentabilidade”, afirmou o senador.

O deputado federal Sidney Leite defendeu que o Amazonas possa ter uma política agropecuária e que precisa avançar na política de zoneamento ecológico. Em relação à pesquisa e desenvolvimento, o parlamentar sugeriu uma melhor destinação para o Centro de Biotecnologia da Amazônia (CBA) e que a Suframa se torne uma agência de desenvolvimento da bioeconomia.

Já o deputado federal Marcelo Ramos declarou ser um entusiasta do estudo elaborado pela FAS e defende que o PIM precisa ser mais competitivo, aumentar o seu mix de produtos, investir em infraestrutura logística para diminuir o sobrecusto e ampliar a indústria de software. “Também consigo pensar no futuro com a biotecnologia, agregando valor e estabelecendo uma cadeia produtiva nas riquezas do Amazonas. Tenham certeza do meu compromisso absoluto para ser interlocutor desse documento elaborado por vocês, da FAS”, comentou.

Mais de 25 mil pessoas serão beneficiadas com projeto que inicia esta semana de enfrentamento ao coronavírus

Parceria entre Fundação Amazonas Sustentável (FAS) e Embaixada da França apoiará populações vulneráveis na capital e Região Metropolitana

O Amazonas acaba de ganhar um importante reforço no enfrentamento ao novo coronavírus. Mais de 25 mil pessoas serão beneficiadas com distribuição de alimentos e kits de higiene, acesso a serviços básicos de saúde, apoio ao empreendedorismo e ações estruturantes para o período pós-pandemia, viabilizadas através de uma parceria entre a Embaixada da França e a Aliança dos Povos Indígenas e Populações Tradicionais e Organizações Parceiras do Amazonas para o Enfrentamento à COVID-19, coordenada pela Fundação Amazonas Sustentável (FAS) com apoio de 88 parceiros, incluindo as Secretarias de Estado do Meio Ambiente e da Saúde do Amazonas.

O projeto é voltado para populações em situação de vulnerabilidade na capital e Região Metropolitana. A primeira frente de atuação consiste em ações de apoio emergencial, com a distribuição de 9.906 cestas básicas e 21.480 kits de higiene. Segundo a coordenadora do programa de Cidades Sustentáveis da FAS, Paula Gabriel, a previsão para o início das entregas é a partir dessa segunda-feira, dia 27. “Já estamos trabalhando no mapeamento das famílias que serão beneficiadas, realizando a aquisição dos itens e o planejamento para a execução do projeto”, afirma.

Na zona urbana, as doações serão destinadas para famílias de 13 bairros: Coroado, Comunidade Sharp (Armando Mendes), Jorge Teixeira, Monte das Oliveiras, Monte Ararate (Nova Cidade), Mutirão, Novo Aleixo, São Jorge, Parque das Garças, Parque das Tribos (Tarumã), Redenção, São Geraldo e São José – além das iniciativas sociais Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), Banho do Bem, Hermanitos e Vidas Indígenas Importam.

Para combater os impactos socioeconômicos da pandemia e gerar renda nas periferias da capital, também serão apoiados oito grupos de costureiras, composto por mulheres periféricas, indígenas, imigrantes e refugiadas. As empreendedoras produzirão 8,5 mil máscaras artesanais, que serão doadas para instituições e projetos sociais.

Na Região Metropolitana, as ações alcançarão mais de 1,5 mil famílias ribeirinhas e indígenas residentes em comunidades localizadas na Área de Proteção Ambiental (APA) do Rio Negro, Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Rio Negro, RDS Puranga Conquista,  RDS Uatumã e RDS do Piranha.

Além de cestas básicas e produtos de higiene, o projeto oferecerá auxílio para o diagnóstico e atenção básica de saúde nessas localidades, com formação de agentes comunitários de saúde, instalação de polos de telessaúde com internet via satélite e energia solar, apoio para o transporte de pacientes graves, aquisição de ambulanchas, doação de Equipamento de Proteção Individual (EPI), produção de materiais de comunicação, teleatendimento psicológico, entre outras iniciativas. Também será oferecido apoio para produção de farinha, como fonte de geração de renda.

Ações estruturantes

A parceria entre a FAS e a Embaixada da França ainda viabilizará a instalação de infraestrutura comunitária em três localidades da capital. Uma delas é o Parque das Tribos, no Tarumã, onde está prevista a estruturação de espaços coletivos para educação, cultura e saúde, que serão definidos em parceria com as lideranças locais. O projeto também tem apoio da Secretaria de Estado do Meio Ambiente do Amazonas (Sema).

O segundo bairro é o Monte das Oliveiras, que será beneficiado com a construção do “Galpão do Bem”, um espaço multiuso para educação e geração de renda. O último é a Redenção, onde está localizada a sede do Programa de Restauração Ecológica e Urbanização Sustentável na Amazônia (Reusa) da FAS, que receberá melhorias em sua estrutura.

“Esses espaços serão pensados e executados de forma colaborativa com os moradores, para atender as demandas de cada localidade. São bairros onde a FAS já vem atuando há alguns anos, através de projetos de mobilização social e sustentabilidade urbana, buscando a melhoria da qualidade de vida da população”, explica Paula Gabriel.

Sobre a Aliança

A “Aliança dos Povos Indígenas e Populações Tradicionais e Organizações Parceiras do Amazonas para o Enfrentamento do Coronavírus”, coordenada pela FAS, tem o apoio de 88 parceiros, entre instituições públicas e privadas, empresas e prefeituras. Os recursos arrecadados pela articulação são utilizados para atender as particularidades de cada região do Amazonas no combate à Covid-19. As doações para a Aliança podem ser feitas através do site oldsite.fas-amazonas.org ou do e-mail contato@fas-amazonas.org.

Debate online apresenta orientações para inserir ZFM e sustentabilidade na Reforma Tributária

Novas orientações para Reforma Tributária, evolvendo a Zona Franca de Manaus (ZFM) e sustentabilidade, foram apresentadas, nesta quarta-feira, dia 22, através de um webinar coordenado pela Fundação Amazonas Sustentável (FAS) e transmitido pelo Youtube, com a participação de especialistas no assunto.

A Reforma Tributária está no foco da agenda nacional, pois o Governo Federal apresentou, nesta semana, no Congresso Nacional a primeira parte da sua proposta sobre o tema.

O debate online começou com o ex-superintendente da Suframa e ex-secretário de Planejamento do Estado do Amazonas, Thomaz Vasconcelos, explicando que a FAS lançou um documento especial sobre a Reforma Tributária elaborado por um grupo técnico com 13 especialistas.

“É um documento importante que indica uma nova e dinâmica visão sobre o assunto. A tese básica desse documento é que o Polo Industrial de Manaus (PIM) é um vetor de confirmação em relação à conservação da natureza dentro do Amazonas. Esse documento mostra a defesa desse modelo e explica porque faz sentido para o Brasil manter o PIM. Indica ainda que é importante ter um diálogo entre a política econômica e a política ambiental”, informou Thomaz.

Outro palestrante do webinar, o engenheiro florestal, ex-secretário executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e  Comércio Exterior e atualmente presidente do Conselho de Administração da FAS, Benjamin Sicsu, declarou que o documento defende a diversificação dos setores produtivos do Amazonas, incluindo novos eixos com ênfase na bioeconomia amazônica (fármacos, fitocosméticos, fruticultura, alimentos nutracêuticos, etc) e, especialmente, a psicultura, turismo, produção agroflorestal, mineração responsável e indústria naval.

“A nossa proposta orienta também a criação do Fundo de Desenvolvimento Sustentável do Amazonas, voltado a fomentar novos eixos produtivos, com um modelo de administração moderno e eficaz. E que também tenha representantes do governo, indústria e sociedade civil para que faça a boa aplicação dos recursos desse fundo. São recursos que também podem ser aplicados em conservação e para que as pessoas que vivem na floresta tenham condições de continuar o papel de defender a floresta em pé, além de investimentos em pesquisa e inovação, comentou Sicsu.

O engenheiro agrônomo e ex-diretor do Centro de Ciências  do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia, Neliton Marques, declarou que o documento elaborado pela FAS traz a importância sobre a dimensão socioambiental na discursão da Reforma Tributária. “A Zona Franca (de Manaus) tem grande valor para a conservação ambiental, não só para Amazônia mas para outras regiões do Brasil. E isso precisa estar claro na Reforma Tributária. Organizamos esse documento para que seja debatido, para que some e qualifique o debate da Reforma Tributária no país”, afirmou.

Já o doutor em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade da Amazônia, e conselheiro fiscal da FAS, Manoel Carlos de Oliveira Junior, ressaltou o fortalecimento do turismo como um dos novos vetores de desenvolvimento do modelo ZFM e que seja inserido na Reforma Tributária com base na sustentabilidade.

O webinar foi o primeiro de cinco que a FAS fará para debater o assunto de forma aberta e participativa. Mais de 60 pessoas assistiram ao vivo o evento online. A próxima edição será realizada no dia 29 de julho, das 15h às 17h, horário de Manaus, com transmissão no canal do Youtube,  TV FAS Amazonas, e, dessa vez, com a participação de parlamentares. O documento elaborado pela FAS pode ser acessado através do link. 

 

Webinar discute os direitos de crianças e adolescentes ribeirinhas

O evento virtual reuniu especialistas da área de educação e primeira infância para debater os avanços do estatuto na região

Em comemoração aos 30 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), foi realizado nesta segunda-feira, 20, o webinar “Diálogos sobre a proteção e defesa dos direitos de crianças e adolescentes no Amazonas”, promovido pelo Programa de Desenvolvimento Integral de Crianças e Adolescentes Ribeirinha da Amazônia (Dicara) da Fundação Amazonas Sustentável (FAS).

Cerca 40 pessoas participaram do evento virtual, entre graduandos de serviços social, assistentes sociais e psicólogos. O evento reuniu  especialistas das áreas da educação como a coordenadora do Projeto Dicara, Fabiana Cunha;  a educadora social da (FAS), Fernanda Cidade;  a analista técnica da primeira infância da  (FAS), Francinete Lima;  a representante Instituto de Assistência à Criança e Adolescente Santo Antônio (Iacas), Amanda Ferreira e a representante do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda), Dra. Iolete Ribeiro. Todo o webinar foi mediado pelo Gerente Programa de Educação, Saúde e Cidadania da  FAS, Anderson Mattos. 

O mês de julho foi marcado pelos 30 anos do ECA, que tem como missão regulamentar os direitos fundamentais previstos na constituição e, assim, garantir os direitos e a proteção integral de todas as crianças e adolescentes. Mesmo tendo passado por grandes avanços no combate ao trabalho infantil  e avançado no campo da  assistência às famílias pobres – promovendo assim uma equiparação social e na escolarização, ainda  existem vários desafios pela frente considerando os desafios existentes na região amazônica.Segundo a doutora em Psicologia pela Universidade de Brasília (UnB), Iolete Ribeiro, é preciso que a sociedade entenda a importância do ECA para que todos possam usufruir das garantias que ele proporciona. 

“Avançamos em alguns aspectos, mas precisamos de muitos diálogos para que a sociedade enxergue o ECA como instrumento de direito e cidadania que é importante para todos”, explicou Iolete. Para a coordenadora do projeto DICARA, Fabiana Cunha, é importante abrir espaços como o webinar para diálogos sobre os direitos da criança e do adolescente, principalmente neste ano, quando o ECA completou 30 anos de atuação e considerando que há muito que se avançar com os temas na região. 

“É preciso celebrar os avanços ao longo da trajetória do ECA, mas também é preciso refletir sobre como o ECA tem garantido a efetivação dos direitos e quais os desafios para sua integral implementação, em especial nas comunidades ribeirinhas. Pensando nisso, dividimos a programação do evento a parte histórica do ECA – cenário das crianças e adolescentes amazonenses – , e apresentação do programa DICARA e o Projeto Primeira Infância Ribeirinha (PIR)”, apontou Cunha. 

 

Sobre o DICARA

O Amazonas enfrenta algumas dificuldades a mais do que outros estados do Brasil, principalmente na questão quando se fala em acesso territorial, às comunidades ribeirinhas e  indígenas e  onde a informação é limitada.  O acesso é demorado, dificultando a garantia dos direitos das crianças e adolescentes dessas localidades.

Pensando nisso, a FAS criou em 2014, o programa DICARA que tem como público crianças e adolescentes de  a 17 anos em comunidades ribeirinhas e bairros periféricos de municípios do interior do Amazonas.  As ações do DICARA estão estruturando nos eixos de Educação, Saúde e Cidadania  que visam a proteção e garantia dos direitos de crianças e adolescentes, o empoderamento e o desenvolvimento de habilidades e potencialidades já existentes. Como alvo está a melhoria da qualidade de vida de todos os envolvidos.

FAS promove webinar sobre Reforma Tributária e Zona Franca de Manaus nesta quarta

CRÉDITO DA IMAGEM: Márcio Melo

Esse será o primeiro dos cinco eventos virtuais promovidos pela FAS ligados ao tema

Com objetivo de debater propostas de novos investimentos visando a continuidade e aperfeiçoamento do modelo Zona Franca de Manaus (ZFM), a Fundação Amazonas Sustentável (FAS) promove nesta quarta-feira (22), das 15h às 17h, o webinar “Reforma Tributária, Zona Franca de Manaus e Sustentabilidade: É Hora de Evolução”, com transmissão pelo canal no Youtube, TV FAS Amazonas.

O webinar faz parte da programação de lançamento de um estudo elaborado por um grupo de autores de relevante atuação nas temáticas amazônicas, que apresenta um panorama histórico com as contribuições da Zona Franca, seus desafios e atuais demandas diante do momento de recuperação econômica pós-Covid-19.

Esse será o primeiro dos cinco eventos virtuais ligados ao tema que serão promovidos pela FAS entre julho e agosto. Durante a programação, expoentes de diversos segmentos ligados ao tema debaterão caminhos para que o processo de mudança no regime de tributação, atualmente em discussão, traga oportunidades e impactos positivos ao desenvolvimento regional.

O estudo

Com o intuito de subsidiar o diálogo em torno da Reforma Tributária, atual ponto de destaque na agenda do Congresso Nacional, o documento “Reforma Tributária, Zona Franca de Manaus e Sustentabilidade: É Hora de Evolução”, traz propostas objetivas para viabilizar investimentos em novos eixos econômicos, com recursos de contrapartida pelos incentivos fiscais: além da bioeconomia amazônica, a piscicultura, turismo, produção agroflorestal, mineração responsável e indústria naval.

Uma das propostas é estender a todas as empresas do Polo Industrial de Manaus a obrigação legal de repassar 5% do faturamento para pesquisa tecnológica – obrigatoriedade hoje restrita ao setor de informática. Além de sugerir mudanças também nos incentivos fiscais estaduais e ressaltar a importância estratégica de mais investimentos em ciência e tecnologia, os autores mencionam estudos que associam a ZFM ao menor índice de desmatamento verificado no Amazonas, em comparação com outros estados da Região Norte.

A diversificação de atividades produtivas e interiorização do desenvolvimento econômico, aproveitando de forma sustentável a floresta que o Polo Industrial indiretamente ajudou a conservar, é apresentado como promissor caminho a ser alcançado por meio da Reforma Tributária.

Prêmio para ativista Greta Thunberg beneficia Campanha SOS Amazônia

Greta Thunberg recebe hoje, dia 20 de julho, o Prêmio Gulbenkian para a Humanidade –Alterações Climáticas. A ativista sueca vai doar 100 mil euros, em torno de 500 mil reais, para ações da campanha SOS Amazônia.

A ativista sueca Greta Thunberg doou mais de 500 mil reais para ações de enfrentamento ao coronavírus no Amazonas e, assim, contribuir fortemente para o combate da pandemia na região amazônica. O recurso é parte da premiação de 1 milhão de euros que ela recebeu, nesta segunda-feira, pelo Prêmio Gulbenkian para a Humanidade, concedido pela Fundação Calouste Gulbenkian, com sede em Portugal. Com o recurso, o movimento Fridays for Future Brasil, por meio da Fundação Amazonas Sustentável (FAS), fortalecerá ações da campanha SOS Amazônia nas regiões do Alto Rio Negro, Lábrea e Purus, e comunidades de Manaus e entorno.

Atribuído anualmente, a honraria distingue pessoas, grupos de pessoas e/ou organizações de todo mundo cujas contribuições para a mitigação e adaptação às alterações climáticas se destacam pela originalidade, inovação e impacto. A FAS já recebeu este mesmo prêmio em 2016 em reconhecimento por suas ações de conservação da floresta, por meio dos programas Bolsa Floresta, Educação e Soluções Inovadoras.

Os recursos doados por Greta vão se somar à campanha SOS Amazônia, do Fridays For Future Brazil, formado por jovens ativistas brasileiros, criada com o intuito de ajudar comunidades indígenas e ribeirinhas do território amazônico no combate à Covid-19. As ações são desenvolvidas no âmbito da Aliança Covid-Amazonas, coordenada pela FAS e seus 87 parceiros. Por meio de um financiamento coletivo internacional, o objetivo da campanha é arrecadar R$ 1 milhão para a compra de itens básicos de higiene, alimentação e investimentos em equipamentos de saúde. A ação pretende beneficiar a cidade de Manaus e seu entorno, além do interior do estado do Amazonas.

Contribuições podem ser feitas pelo site sosamazonia.fund, que já recebeu quase 250 mil reais de 1.329 doadores. Segundo os organizadores da mobilização, “as autoridades públicas da região emitiram um pedido de socorro ao mundo. Como ativistas da causa socioambiental, não poderíamos ignorar esse pedido. Sabemos que não podemos enfrentar a crise climática sem antes enfrentar a crise do coronavírus. Logo, se não ajudarmos as populações da Floresta Amazônica, estaremos permitindo que ambas as crises se desenvolvam. Nós precisamos escutar os cientistas, os médicos e as pessoas que estão sofrendo”.

Primeiras doações

As primeiras doações da campanha SOS Amazônia chegaram em comunidades indígenas do Amazonas, no início de julho. Cestas básicas, máscaras de proteção facial e kits de higiene foram entregues, através da FAS, para aproximadamente 150 famílias das aldeias indígenas Gavião, Inhambé, Sahu-Apé e Tururukari, localizadas próximas de Manaus, além do Centro de Medicina Indígena Bahserikowi, localizado no Centro da capital do Amazonas.

Até o final deste mês, as doações serão encaminhadas para mais 620 famílias de 11 comunidades em Manaus e 400 famílias dos municípios de Santa Isabel do Rio Negro, Lábrea e Tapauá. O objetivo é chegar nas etnias Yanomami, Paumari, Apurinã, Deni, Jamamadi e Jarawara.

Seminários virtuais debatem Reforma Tributária e futuro da Zona Franca de Manaus

CRÉDITO DA IMAGEM: Márcio Melo

Documento coordenado pela FAS apresenta propostas para investimentos na bioeconomia

O diálogo em torno da Reforma Tributária, atual ponto de destaque na agenda do Congresso Nacional, chega nesta semana à Amazônia por meio de uma série de seminários virtuais realizados pela Fundação Amazonas Sustentável (FAS) e parceiros na perspectiva de contribuir com propostas de novos investimentos visando a continuidade e aperfeiçoamento do modelo Zona Franca de Manaus (ZFM), como indutor do desenvolvimento econômico baseado na floresta em pé.

O desafio inspirou o documento “Reforma Tributária, Zona Franca de Manaus e Sustentabilidade: É Hora de Evolução”, que será lançado nesta quarta-feira, dia 22, das 15h às 17h, com um webinar transmitido pelo canal no Youtube, TV FAS Amazonas. Esse será o primeiro dos cinco eventos virtuais que reunirão em julho e agosto expoentes dos diversos segmentos ligados ao tema. O objetivo é debater caminhos para que o processo de mudança no regime de tributação, atualmente em debate, traga oportunidades e impactos positivos ao desenvolvimento regional.

Elaborado por um grupo de autores de relevante atuação nas temáticas amazônicas, tanto na academia como organizações da sociedade civil e setores público, e empresarial, o documento apresenta um panorama histórico com as contribuições da Zona Franca, seus desafios e atuais demandas diante do momento de recuperação econômica pós-Covid-19, e da exposição da Amazônia pela importância à mitigação da mudança climática global.

“A Zona Franca de Manaus proporcionou o desenvolvimento industrial incentivado em uma região estratégica para o planeta enfrentar os desafios das mudanças do clima. Esse e outros fatores precisam ser levados em conta pela Reforma Tributária”, de acordo com informações do documento.

No propósito de subsidiar o amplo debate no Congresso Nacional e demais setores envolvidos, o documento traz propostas objetivas para viabilizar investimentos em novos eixos econômicos, com recursos de contrapartida pelos incentivos fiscais: além da bioeconomia amazônica, a piscicultura, turismo, produção agroflorestal, mineração responsável e indústria naval.

Uma das propostas é estender a todas as empresas do Polo Industrial de Manaus a obrigação legal de repassar 5% do faturamento para pesquisa tecnológica – obrigatoriedade hoje restrita ao setor de informática. Além de sugerir mudanças também nos incentivos fiscais estaduais e ressaltar a importância estratégica de mais investimentos em ciência e tecnologia, os autores mencionam estudos que associam a ZFM ao menor índice de desmatamento verificado no Amazonas, em comparação com outros estados da Região Norte.

“Esse fundo deve ter uma grande gestão e uma excelente governança. O recurso vem de todas as empresas que estão instaladas na Zona Franca. Elas contribuem com pequenas parcelas para conservação da floresta, desenvolver a bioeconomia e o desenvolvimento científico e tecnológico”, afirma o presidente do Conselho de Administração da FAZ, Benjamin Benzaquen Sicsú.

Devido a estes atributos, juntamente aos econômicos e sociais, “as especificidades da Zona Franca devem ser consideradas no texto-base da Reforma Tributária”, indica o documento. A diversificação de atividades produtivas e interiorização do desenvolvimento econômico, aproveitando de forma sustentável a floresta que o Polo Industrial indiretamente ajudou a conservar, é apresentado como promissor caminho a ser alcançado por meio da Reforma Tributária.

Segundo o superintendente geral da FAS, Virgilio Viana, “a iniciativa representa uma contribuição da FAS e vários especialistas para defender uma nova estrutura tributária para as empresas da ZFM, que seja capaz de não apenas fortalecer as indústrias já existentes, mas também fomentar a expansão de novos eixos da economia, em especial ao que chamamos de bioeconomia amazônica”.

Especialistas que assinam o documento

Benjamin Sicsu – Presidente do Conselho de Administração da Fundação Amazonas Sustentável

Carlos Eduardo Young – Economista, Professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro

Carlos Bueno – Engenheiro Agrônomo, Coordenador de Relações Institucionais da Fundação Amazonas Sustentável

Jório Veiga – Engenheiro civil, Secretário de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação do Amazonas

Manoel Carlos de Oliveira Junior – Contador, Conselheiro do Conselho Federal de Contabilidade

Marcelo Pereira – Economista, doutor em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia

Neliton Marques – Engenheiro Agrônomo, Professor da Universidade Federal do Amazonas

Robson Matheus – Contador, Conselho Regional de Contabilidade

Sérgio Adeodato – Jornalista, consultor em temas de sustentabilidade

Thomaz Nogueira –  Bacharel em Direito e Tributarista, ex-Superintendente da Suframa

Valcléia Solidade – Gestora Pública, Superintendente de Desenvolvimento Sustentável da Fundação Amazonas Sustentável

Victor Salviati – Biólogo, Superintendente de Inovação e Desenvolvimento Institucional da Fundação Amazonas Sustentável

Virgilio Viana – Engenheiro florestal, Superintendente Geral da Fundação Amazonas Sustentável.

 

Coleção de bancos de madeira inspirada nas histórias da floresta gera renda para comunidade do Amazonas

A coleção “Esse dito bicho” é uma iniciativa do Instituto A Gente Transforma, Fundação Amazonas Sustentável, Petrobras e comunidade Terra Preta.

Bancos de madeira inspirados nas histórias e lendas da Amazônia, mas que também geram renda para comunidade. É o objetivo da coleção “Esse dito Bicho” lançada, nesta semana, resultado de uma parceria idealizada pelo Projeto Amazonas Sustentável, desenvolvido pela Fundação Amazonas Sustentável (FAS), Petrobras, Instituto A Gente Transforma, o arquiteto Marcelo Rosenbaum e a comunidade de Terra Preta, localizada na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Rio Negro, a 80 km de Manaus. Os produtos são comercializados pela empresa Dpot Objeto por meio do Whatsapp (11) 99907-3189.

O trabalho foi conduzido através da tecnologia social chamada Design Essencial, que consiste numa imersão do Instituto A Gente Transforma com a comunidade para identificar seu potencial e possibilitar o resgate de seus saberes ancestrais, e a criação coletiva, inspirada em seu imaginário cultural.

Durante 10 dias foi proposto para 17 homens da região, sem qualquer experiência em esculpir, o desenvolvimento de produtos em madeiras, resíduos do manejo da Floresta Amazônica, e que carregassem em si um pouco da história e cultura da região. Também teve o objetivo de movimentar a economia local e possibilitar a permanência dessas pessoas em sua terra natal, em harmonia com a floresta.

Segundo o coordenador do projeto na FAS, Gil Lima, a proposta foi baseada na essência da economia circular com o foco especial num conjunto de soluções que contribuam positivamente para uma nova geração de renda aos moradores da comunidade de Terra Preta, de baixo impacto ambiental, incentivando o uso sustentável da biodiversidade, promovendo conservação do meio ambiente e desenvolvimento social local, além de cuidar das pessoas que cuidam da floresta.

A proposta foi inspirar a criação das peças em madeira nas incríveis histórias da floresta repassadas por gerações. “Numa grande roda de contação de histórias, com a colaboração de todos, os desenhos dos objetos de madeira foram surgindo a partir do lápis de um artesão. Os bancos juntam fragmentos de imagens desse universo compartilhado”, comentou Gil.

O Banco “Lili-Pé Melado” traz as representações da Lili, uma cobra gigante que surgiu no Rio Negro após um terremoto e o “Pé-melado” conta a história de um par de pés que caminha a noite pela lama da comunidade e já foi ouvido por vários artesãos. O “Banco de Duas Cabeças” traz em si a história do avô de Sérgio, um dos artesãos, que se transformava em porco; o “Banco do Matin” é um pássaro encantado sem penas e feito só de ossos, que possui um assovio arrepiante e já perseguiu alguns dos homens.

ALGUMAS DAS ESTÓRIAS DE TERRA PRETA

A COBRA LILI

Uma cobra preta que sempre aparece, deixando imensas marcas perto do rio. Estimam que tenha entre 7 e 8 metros de comprimento e muitos já a viram boiando no rio. Para alguns, a cobra surgiu há 30 anos saindo de uma fenda após um terremoto na região.

CAÇADOR PERVERSO

Um caçador perverso atirou em uma Guariba que carregava um filhote, ignorando o gesto que o animal fazia com a mão para se proteger. Após o tiro, todos os demais macacos do bando desceram da árvore e o atacaram. O homem ficou transtornado e morreu em 3 dias.

PADRE SEM CABEÇA

A entidade é vista sempre na mata convidando as pessoas que passam para fumar.

SOBRE TERRA PRETA

A comunidade de Terra Preta está localizada na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Rio Negro, na margem norte do rio a 80 km de Manaus, aproximadamente 5 horas de barco. Seu nome vem do solo escuro e fértil que permeia a Bacia Amazônica. O local não faz parte do roteiro turístico do Rio Negro e possui como principal atividade econômica a extração da madeira e o monitoramento da floresta. A pequena comunidade de aproximadamente 230 pessoas possui quatro igrejas e apenas uma escola que atende aos alunos do ensino fundamental ao médio.

SOBRE O INSTITUTO A GENTE TRANSFORMA

O Instituto A Gente Transforma coopera para a reconquista da autoestima de comunidades que permanecem à margem da sociedade, por meio de ações que retomam saberes ancestrais e trazem benefícios concretos para o indivíduo e suas comunidades: liberdade, autonomia e prosperidade.

SOBRE MARCELO ROSENBAUM

Marcelo Rosenbaum é brasileiro, Professor Honoris Causa de arquitetura e está à frente da Rosenbaum Arquitetura e Design há mais de 20 anos. Fundador do Instituto A Gente Transforma, que desenvolveu a tecnologia social, intitulada Design Essencial.

SOBRE A FUNDAÇÃO AMAZONAS SUSTENTÁVEL (FAS)

A Fundação Amazonas Sustentável (FAS) é uma organização brasileira não governamental, sem fins lucrativos, criada em 8 de fevereiro de 2008. A instituição adota como estratégias a atuação nas escalas global, amazônica e local, implementando agendas relacionadas aos eixos temáticos estratégicos: saúde, educação e cidadania, empoderamento, geração de renda, infraestrutura comunitária, conservação ambiental, gestão e transparência, pesquisa, desenvolvimento e inovação. Todos relacionados aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS). Saiba mais no site: oldsite.fas-amazonas.org.

Jovens ribeirinhos da Amazônia realizam o sonho da graduação sem sair da floresta

Primeira turma do Curso de Pedagogia do Campo é composta por 50 alunos de comunidades do Médio Rio Juruá, no Amazonas

No coração da floresta amazônica, 50 ribeirinhos de diversas comunidades da região do Médio Rio Juruá são os primeiros alunos do curso de Licenciatura em Pedagogia do Campo, um projeto pioneiro que leva conhecimento e educação de qualidade para que eles não precisem ir para a capital, Manaus (AM), em busca do tão sonhado ensino superior.

Para muitos estudantes, um sonho agora inimaginável virando realidade: “Nós, como alunos, demoramos a nos encontrar dentro do universo acadêmico, acredito que por ser algo tão diferente. A gente nunca sonhou em fazer uma faculdade dentro da comunidade. Claro que, ficamos um pouco longe de casa, mas não é a mesma coisa que precisar ir para a cidade, ter residência fixa por conta própria. Então, com certeza, foi uma oportunidade única na nossa vida”, comenta a estudante Érica de Oliveira.

O Pedagogia do Campo é um desejo antigo do caboclo para que o ensino superior chegue até eles. Uma reivindicação que surgiu em 2010, concretizada a partir de um movimento de articulação entre universidade e organizações da sociedade civil. A Fundação Amazonas Sustentável (FAS) e  a Universidade do Estado do Amazonas (UEA) coordenam o processo de criação e execução do curso, que é realizado na comunidade do Bauana, distante três horas de barco do município de Carauari (a 788 quilômetros de Manaus), e onde há duas unidades de conservação.

A FAS tem uma base no Bauana, um Núcleo de Conservação e Sustentabilidade (NCS) que possui infraestrutura com salas de aula, auditório, laboratório de informática conectados à internet, cozinha, refeitório, alojamentos feminino e masculino, posto de saúde, entre outras estruturas que são utilizadas para as aulas. O vestibular foi realizado em maio do ano passado e aproximadamente 200 pessoas se inscreveram para as 50 vagas. O curso possui estrutura modular, em que os alunos ficam morando no NCS durante o período de duração do módulo (em média 3 meses), que acontecem duas vezes ao ano. Ao todo, serão quatro anos de estudos.

“São pessoas que têm uma história naquela região e que são felizes em poder trabalhar a realidade das suas comunidades nas aulas, produzindo conhecimento, numa troca com seus professores. A FAS tem o compromisso de levar uma educação relevante, contextualizada com a realidade do interior do estado, que faça sentido e que possa inspirar políticas públicas”, afirma Anderson Mattos, gerente do Programa de Educação, Saúde e Cidadania da FAS, um dos responsáveis pelo projeto.

A Universidade do Estado do Amazonas (UEA) coordena toda a parte pedagógica e a Prefeitura Municipal de Carauari realiza o suporte local de transporte e alimentação. Apoiam ainda o primeiro curso de ensino superior na floresta os Movimentos participantes do Fórum do Território como Associação dos Produtores Rurais de Carauari (Asproc); Associação dos Moradores Agroextrativistas da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Uacari (Amaru); Instituto Juruá, Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio); Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), entre outros.

A partir de um convênio com a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) pelo Programa Universidade Aberta do Brasil, o curso tem 20% da carga horária mediado por tecnologia. O acesso à sala de aula virtual é realizado por meio do Laboratório de Informática, sem a necessidade de conexão ininterrupta com a Internet, conforme explica a pró-reitora de Ensino de Graduação da UEA, Kelly Christiane.

“Os alunos, quando estão cursando os módulos, realizam atividades mediadas por tecnologia no contraturno. A Capes traz toda sua experiência de Educação à Distância a partir da Universidade Aberta do Brasil, realizando o monitoramento de como nós podemos trabalhar essa modalidade em uma comunidade onde o acesso à Internet é precário. Nosso laboratório de Informática funciona totalmente off-line”, disse Kelly. Em conjunto com a UEA e a FAS, a Capes é responsável por financiar a realização do curso.

Desafios e soluções

Além do acesso à Internet, a implantação do primeiro curso de ensino superior na floresta foi cercada de desafios logísticos e pedagógicos. “O maior deles foi construir um currículo que de fato “conversasse” com as ansiedades e os desejos daquela comunidade. Seguido a isso, fazer com que as aulas acontecessem dentro da reserva sustentável, no espaço onde os estudantes vivem, para que o currículo pudesse fazer sentido”, pontua a pró-reitora.

A necessidade de dialogar com as comunidades ribeirinhas resultou em um programa que tem a identidade dos alunos, pautado a partir de suas especificidades, localidade e raiz amazônica. “Os professores estão indo para a reserva trabalhar uma educação que vai de encontro à realidade daquelas pessoas e não dentro de uma cultura de colonizador, em que se tenta levar um modelo de educação da cidade para o campo. É um curso totalmente diferente dos outros, porque foi desenhado a partir das especificidades das comunidades ribeirinhas. Considera a visão de mundo, de homem e de realidade dessas comunidades”, destaca.

Estudantes

A maioria dos alunos tem em média 18 a 32 anos. Eles trabalham com extrativismo, agricultura, pesca e outras atividades locais. São oriundos de diversas comunidades, algumas a mais de cinco horas de distância, via fluvial, do Bauana, e ficam alojados aproximadamente três meses estudando na base.

O supervisor de projetos da FAS, Enoque Ventura, que mora próximo à comunidade, disse que o curso está transformando muitas vidas na região. É ele quem atua in loco executando o apoio técnico e operacional para que a iniciativa aconteça. Segundo Ventura, os alunos ficam alojados no local durante as aulas, que foram paralisadas em março com o anúncio da pandemia do novo coronavírus. “Os alunos estão ansiosos para retornar às aulas, porque sabem da importância do curso em suas vidas”, informa.

Antônia Esla Rodrigues, 20 anos, é da comunidade Bom Jesus e atualmente mora na área urbana do município com os pais e três irmãos. Concluiu o ensino médio em 2018 e trabalhava como babá antes de iniciar o curso. “Quando surgiu o curso meus pais me incentivaram bastante, porque foi uma oportunidade única que veio pra cá”, conta.

A graduação já fazia parte dos planos de Antônia, mas ainda era uma meta distante de sua realidade. “Quando terminasse o ensino médio eu ia parar um pouco, ver o que queria fazer. Aqui não tem muitas oportunidades, eu teria que ir para Manaus para fazer faculdade e meus pais não deixariam eu ir sozinha”, explica.

Enquanto aguarda as aulas retornarem, a estudante já pensa no futuro. “Após concluir o curso, quero lecionar mesmo. Depois de um tempo, buscarei outras coisas, estudar mais. Fazer uma pós-graduação, um mestrado. A área ainda não sei, vou esperar terminar e até lá acho que já terei encontrado”, afirma.

Antônia é apenas uma na turma de 50 jovens ribeirinhos que viram os horizontes se expandiram com a oportunidade de estudar sem precisar ir para a capital, deixando para trás sua comunidade, costumes e a vida em harmonia com a floresta.

Erica, a sonhadora

Essa situação já foi vivenciada antes pela estudante Erica de Oliveira, 20 anos, que hoje realiza o sonho de cursar o ensino superior. “Eu tive que sair da minha comunidade aos 12 anos de idade para ir morar com minha avó na cidade, porque lá não tinha o ensino médio. Depois, tentei fazer algumas inscrições para a faculdade, mas a demanda é muito grande e pra gente que é da comunidade é muito difícil encontrar uma vaga, o site sobrecarrega, quem tem residência fixa na cidade tem mais chance de se inscrever porque é mais rápido. E, com isso, os planos da graduação foram se adiando”, relata.

Oriunda da comunidade Nova Esperança, a cerca de quatro horas de lancha da base da FAS, Erica divide a casa com sua família de 10 pessoas que sobrevive principalmente da agricultura, além do trabalho de carpintaria realizado pelo pai. Uma realidade tão diferente da maioria dos acadêmicos que ela até precisou de tempo para se acostumar com o termo.

O futuro profissional que antes parecia incerto, agora já pode ser visualizado com bastante clareza. “Terminando o curso, quero me especializar em psicopedagogia, porque psicologia sempre foi uma área que cogitei bastante, além de trabalhar com crianças. Nas conversas com os professores, eles perguntavam o que a gente queria fazer, se depois da pedagogia a gente ia ficar na docência, e eu quero ampliar meus conhecimentos, fazer uma especialização. Há muitas áreas em que um pedagogo é importante. Eu quero trabalhar em projetos sociais, em instituições, pois são coisas que eu acompanho desde sempre como voluntária e que amo fazer”, projeta.